Jornais estrangeiros elogiam abertura do Rio 2016
Os jornais estrangeiros, em sua maioria, repercutiram favoravelmente em relação à cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, realizada na noite desta sexta-feira, no Maracanã. O evento abordou a formação da cultura brasileira através do acolhimento dos imigrantes vindos das diversas partes do mundo, tocou também no tema dos refugiados e alertou para o aquecimento global.
A cerimônia, que começou exatamente às 20 horas (de Brasília), terminou na meia-noite de sexta para sábado, com o ex-fundista Vanderlei Cordeiro de Lima, medalhista de bronze em Atenas 2004, acendendo a pira olímpica, o gesto mais simbólico da festividade.
O norte-americano The New York Times classificou a abertura dos Jogos como uma "lição da história brasileira, muita música e cultura". Outra jornalista do mesmo jornal se surpreendeu com a até então organização da cidade e do evento. "As notícias provenientes do Rio, antes de chegarmos, fez soar como se, no minuto em que saíssemos do aeroporto, estaríamos cercados por assaltantes, traficantes, sequestradores, mosquitos e esgoto portando doenças. Até agora, nada disso aconteceu", analisou Sarah Lyall.
O El País, da Espanha, exaltou a forma com a qual a cerimônia conseguiu traduzir a cultura brasileira através da música de Gilberto Gil, do espetáculo de cores e da beleza da modelo Gisele Bundchen, que desfilou com um vestido prateado ao som de "Garota de Ipanema", de Tom Jobim. O jornal ainda destacou o atual cenário em que o Brasil vive, com um presidente interino Michel Temer, "sempre em segundo plano, temeroso por vaias do público a espera do impeachment que será julgado em semanas a presidente eleita Dilma Rousseff, ausente do Maracanã".
Com a manchete "Brasil inflama o espírito do samba! Os Jogos Olímpicos do Rio começam com um estrondo, mas só depois de uma cerimônia de abertura com assentos vazios, aulas de aquecimento global e protestos feios do lado de fora", o britânico Daily Mail mostrou-se surpreendido pelo fato de a cerimônia de abertura dos Jogos do Rio ter custado, segundo o periódico, um décimo do valor do evento correspondente de Londres 2012.
No entanto, o jornal destacou os protestos feitos do lado de fora do estádio carioca, classificando os manifestantes como "furiosos" com o dinheiro gasto com o evento durante "a pior recessão do Brasil nos últimos anos". O texto ainda chama atenção para o fato de o Maracanã não ter sido completamente preenchido para assistir à cerimônia.
Já o Clarín, da vizinha Argentina, afirmou que a cerimônia de abertura teve "um caráter inevitável: ao de uma festa. Por suas cores, por seus fogos de artifício, por sua música, por seu povo, pelo Cristo Redentor, ao fundo, ícone universal de uma cidade em que cabem vários mundos".
O veículo argentino ainda destacou alguns dados da festividade, como os 70 mil espectadores no estádio, as 3 bilhões de pessoas que acompanharam o evento através dos diferentes canais de comunicação, os 45 chefes de Estado presentes, os 300 bailarinos, os 5 mil voluntários, os 14 quilômetros de cabo e as três toneladas de materiais de pirotecnia. Por fim, citou os cerca de 3 mil manifestantes que esbravejaram, na praia de Copacabana, contra o presidente interino Michel Temer e as Olimpíadas.