1ª medalha brasileira no tênis é objetivo 'que vivo 24 h por dia nos últimos 4 anos'
Natália Mayara tinha menos de três anos de idade quando foi atropelada por um ônibus que invadiu a calçada em uma rua de Recife. Teve as duas pernas amputadas.
"O motorista perdeu o controle e veio para cima de mim. Ele tentou fugir, então acabou me arrastando por mais uns 200 metros presa na roda do ônibus", conta a pernambucana, de 22 anos.
Embora conte com naturalidade sua história, a tenista em cadeira de rodas espera que a Paralampíada do Rio ajude justamente a desviar a atenção do que chama de narrativa tradicional do "drama e das histórias de superação" e a mudar a percepção sobre os atletas com deficiência.
'24 horas por dia'
"Não somos apenas histórias de superação, de pessoas que ultrapassam deficiências. Somos atletas de alto rendimento, que treinam intensamente. Precisamos mudar a percepção sobre os paratletas", diz Natália, que disputará no Rio a competição de simples e duplas.
Nesse sentido, ela vê como um sinal positivo o recente impulso na venda de ingressos da Paralímpiada, que chegou à marca de 1,7 milhão de entradas na quinta-feira.
Já começa importante ver o mesmo entusiasmo mostrado com a Olimpíada", diz a paratleta.
Natália começou a jogar tênis aos 13 anos e depois de apenas três anos já tinha conquistado os primeiros títulos, entre eles o das Paralimpíadas Escolares, promovidas pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). No ano passado, ela foi campeã de simples e duplas da principal competição preparatória para a Rio 2016 - os Jogos Parapan-Americanos de Toronto.
Em sua segunda Paralimpíada - perdeu na primeira rodada de simples em Londres, há quatro anos - a pernambucana é a atleta brasileira mais bem colocada no ranking da Federação Internacional de Tênis (ITF), ocupando o 24º lugar.
"Vou lutar muito por uma medalha. Vivo isso 24 h por dia nos últimos quatro anos, e é meu grande objetivo", explica.
O Brasil, porém, jamais conquistou uma medalha no tênis paralímpico - nem no tênis olímpico.