Revoltadas, jogadoras do hóquei sobre grama lançam manifesto
Revoltadas com a exclusão da seleção feminina da Olimpíada de 2016, 46 atletas de vários clubes do País lançaram manifesto contra a Confederação Brasileira de Hóquei Sobre Grama (CBHG) nesta terça, acusando a entidade de tê-las abandonado e de privilegiar a equipe masculina. De todas as modalidades olímpicas, o Brasil só não se fará representado nos Jogos, por enquanto, pelas atletas do hóquei sobre grama. O time dos homens ainda pode ficar fora. Para evitar isso, tem que chegar entre os seis primeiros no Pan-Americano de Toronto, que começa nesta sexta.
"A preferência pela seleção masculina é vista há muito, com seus atletas sendo tratados como uma equipe de verdade. Para o feminino, restou a total falta de planejamento, de comprometimento, de respeito", registra o documento, enviado por e-mail à confederação e a federações de todo o Brasil. Elas contam que o grupo se reuniu pela última vez "ha um ano e meio", quando a seleção ocupava o 41º lugar no ranking mundial. Por não ter disputado as competições seguintes, despencou para o 49º. Leia o manifesto na íntegra aqui.
As atletas também questionam que R$ 4,9 milhões destinados pelo Ministério dos Esportes para o hóquei sobre grama em 2015 só estão sendo utilizados para o masculino. "Tiraram nossa chance de conseguir classificação para a Olimpíada 2016, tiraram nossos recursos e nos calaram por mais de um ano."
Para o diretor de Comunicação da CBHG, Javier Rubin, as críticas não procedem. "A confederação não faz distinção entre as equipes feminina e masculina. O que houve foi um consenso entre CBHG, Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Comitê Olímpico Internacional (COI) e a federação internacional de hóquei. Infelizmente, o desnivelamento é imenso da nossa seleção feminina para as grandes potências do esporte. Temos de ter um projeto de investir na base para mudar esse quadro a médio e longo prazo. Não dá para fazer mágica", disse.
Há vários meses o COB já se manifestava sobre essa definição. No início deste ano, o superintendente executivo de esportes do COB, Marcus Vinicius Freire, declarou que seria mais conveniente não contar com a equipe feminina nos Jogos do que correr o risco de uma humilhação com derrotas por 50 a 0, por exemplo.
Assinam o manifesto, entre outras, quatro vencedoras do Brasil Olímpico, prêmio concedido pelo COB a cada final de ano aos melhores atletas de cada modalidade olímpica: Thalita Cabral, Juliana Gelbcke, Lais Bernardino e Lisandra Souza.