Como um salto mudou a história do atletismo feminino do País
O ouro não veio fácil para a campeã olímpica de Pequim 2008 Maurren Maggi. Foi preciso muito treino, persistência e superação
Em 2008, aos 32 anos, a brasileira Maurren Maggi foi para as Olimpíadas de Pequim, na China, com o objetivo de cravar seu espaço no esporte. Mas fez muito mais do que isso: tornou-se a primeira mulher brasileira campeã olímpica em uma prova individual, alcançando, assim, o status de ícone do atletismo brasileiro.
Voltou para casa com um ouro no peito depois da prova de salto em distância, em que atingiu 7,04 metros.
Antes disso, no entanto, a carreira de Maurren teve diversos altos e baixos. A saltadora e velocista chegou, inclusive, a ficar dois anos sem treinar antes de conquistar o 1º lugar no pódio e ser aplaudida de pé pelo mundo todo.
A dedicação aos esportes começou aos 7 anos. Ginástica, natação, vôlei, tênis de mesa e até xadrez. Tudo lhe chamava a atenção. Na adolescência, porém, o atletismo falou mais alto. Depois de algumas competições em São Carlos, no interior de São Paulo, Maurren foi convidada a participar de uma iniciativa esportiva do governo.
Desembarcou sozinha na capital paulista e deu início aos treinamentos ao lado de outras 15 garotas.
A carreira de atleta profissional começou em 1996, aos 20 anos. Uma medalha de bronze na Universíade – evento para atletas universitários – em Palma de Mallorca, na Espanha, e a melhor marca no Campeonato Sul-americano de Atletismo em Bogotá, na Colômbia, a projetaram internacionalmente.
O primeiro ouro veio em 1999, na sua primeira participação nos Jogos Pan-americanos, em Winnipeg, no Canadá. História que se repetiu nos Jogos do Rio 2007 e Guadalajara 2011.
No mesmo ano, recebeu o prêmio de Atleta do Ano, entregue pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Foi para os Jogos Olímpicos de Sidney, na Austrália, em 2000, como uma das favoritas, mas acabou sendo obrigada a deixar a competição por conta de uma lesão na coxa.
Em maio de 2001, já recuperada, voltou a quebrar recordes e se manteve em uma trajetória ascendente até 2003, quando uma suspeita de doping a manteve longe das Olimpíadas de Atenas, na Grécia, em 2004, e longe do esporte por dois anos.
A volta por cima
Durante o tempo em que ficou afastada do esporte, Maurren se dedicou à filha, Sophia, nascida em dezembro de 2004, e ao marido, o ex-piloto de Fórmula 1 Antônio Pizzonia.
A volta ao esporte aconteceu com o fim do relacionamento, em 2006, e uma preocupação com o futuro da filha. Voltou a treinar em ritmo intenso visando os Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro, em 2007.
Os bons resultados não demoraram a chegar. A ex-atleta retornou a sua melhor forma conquistando ouro no Rio e prata em Valência, na Espanha, no Campeonato Mundial de Atletismo em Pista Coberta.
A maior prova, no entanto, ainda estava por vir. O retorno aos Jogos Olímpicos.
O ouro em Pequim
Após dois anos afastada, Maurren teve uma excelente reestreia. Chegou na final com a melhor marca. A russa Tatiana Lebedeva, campeã olímpica da prova em Atenas 2004, foi quem saltou por último. O placar eletrônico marcou 1 cm a menos do que Maurren. O ouro estava ganho.
A saltadora se tornava a primeira atleta brasileira a conquistar uma medalha de ouro no atletismo olímpico desde Joaquim Cruz, em Los Angeles 1984.
“É muito gratificante ver a nossa bandeira subir no lugar mais alto do pódio e ouvir nosso hino nacional. O mundo inteiro tá ouvindo. É muito lindo”, disse ela, em entrevista logo após a vitória.
Depois do feito, a Prefeitura de São Paulo fez uma homenagem à saltadora e criou o Troféu Maurren Maggi, que tem o intuito de iniciar crianças e adolescentes no atletismo.
A medalhista anunciou o fim de sua carreira em 2015, tendo fechado seu ciclo no esporte ao carregar a Tocha Olímpica da Rio 2016 em São Carlos, sua cidade natal. Hoje segue como comentarista esportiva em um canal de televisão.