Craque do Amanhã comprova que o esporte transforma
Iniciativa utiliza o futebol como ferramenta de inclusão social e educacional para formar jovens que sejam protagonistas de suas vidas
Em 2012, o bairro do Arsenal, em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, viu seu cotidiano mudar quando o projeto Craque do Amanhã foi inaugurado na região. A iniciativa, cujo propósito é proporcionar atividades educacionais, esportivas e culturais aos jovens em situação de vulnerabilidade social, transformou horários ociosos em oportunidades, agregando valor e promovendo conquistas.
A ideia foi do jogador de futebol Ibson Barreto da Silva, atual meia do Minnesota United na NASL, e de Felipe Soares, hoje gestor do projeto, amigos desde os 9 anos de idade e moradores de São Gonçalo. O craque da bola foi quem chamou os também jogadores Vagner Love e Paulo Henrique Ganso e a atriz Juliana Paes para apadrinhar a iniciativa apoiada pela Lei de Incentivo ao Esporte Federal e com o financiamento de diversas empresas.
A ideia é retribuir à sociedade um pouco daquilo que todos eles conquistaram em suas carreiras ao longo dos anos, focando na formação do jovem como cidadão e protagonista social.
Atualmente, o projeto conta com 200 jovens, entre 9 anos e 17 anos, de ambos os sexos e que, diariamente, recebem acompanhamento de saúde física e mental, por meio de atendimento psicossocial, distribuição de refeição diárias, fornecimento mensal de cestas básicas, monitoramento educacional por meio da frequência e rendimento escolar, acesso a atividades assistencialistas, educacionais e culturais, monitoramento e avaliação do Índice de Massa Corpórea (IMC), participação em cursos de qualificação profissional e oficinas temáticas.
Mas, e o futebol, onde entra?
“O projeto utiliza o futebol como uma ferramenta de inclusão social e educacional, tendo como fio condutor o desenvolvimento de valores e habilidades intrínsecas às atividades esportivas, como desenvolvimento pessoal, socialização, rotina, cumprimento de regras, disciplina, trabalho em equipe, liderança, respeito, persistência, solidariedade e cooperação, além de proporcionar situações que motivam o aprendizado por meio de erros e conquistas”, explica Felipe Soares ao Terra.
Com uma metodologia própria, o projeto atua em três eixos: família, com o envolvimento dos pais nas atividades dos filhos construindo uma relação de proximidade; escola, fomentando a relação dos jovens com suas escolas e zelando para que cada participante tenha um bom desempenho escolar; e esporte, ensinando que os valores dos jogos não devem apenas serem usados para validarem em competições, mas sim para vigorarem na vida, para ajuda-los a traçar rumos, alargar horizontes e acrescentar metas e meios de alcança-los.
Desde 2012, mais de 400 jovens já passaram pelo Craque do Amanhã e os resultados, como explica Soares, nem sempre podem ser medidos quantitativamente. “Há resultados imensuráveis, como a melhoria do desenvolvimento social de alunos que apresentavam dificuldade de interação, como timidez, ou por dificuldade de relacionamento; a melhora na relação entre pais e filhos; a sensibilização dos jovens à permanência na rede formal de ensino; além da melhoria da autoestima e qualidade de vida dos participantes e de suas famílias.”