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Superação

‘Para se superar, o atleta precisa ter memória curta’

Como lidar com a derrota? Para saber melhor, fomos ouvir Fabiano Fonseca da Silva, Prof. de Psicologia do Esporte da Universidade Mackenzie

13 ago 2016 - 08h00
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A motivação não é um processo natural, no sentido biológico, mas uma construção social. Depende da história de vida da pessoa de fatores internos e externos, explica Fabiano Fonseca da Silva, Prof. de Psicologia do Esporte da Universidade Mackenzie. “O ambiente onde a pessoa está inserida deve propiciar condições mínimas para que a pessoa possa estar motivada para realizar determinada atividade. Porém, há diferenças pessoais”, diz ele. Procuramos ir mais a fundo e entender como vitória e derrota ecoam na cabeça de atletas e não atletas.

"Atleta precisa ter memória curta, avaliar objetivamente a situação pela qual passou, identificar os erros, não responsabilizar terceiros, adaptar-se à situação, mudar o comportamento e seguir para a próxima disputa"
"Atleta precisa ter memória curta, avaliar objetivamente a situação pela qual passou, identificar os erros, não responsabilizar terceiros, adaptar-se à situação, mudar o comportamento e seguir para a próxima disputa"
Foto: iStock / Divulgação

Terra - Se não sou uma dessas pessoas altamente determinadas, como consigo me motivar?

Fabiano Fonseca - Não há pessoas naturalmente motivadas, no sentido biológico. A pessoa deve procurar por situações e condições onde se sinta melhor, e desenvolver resistência para superar as condições desfavoráveis, ter tolerância com as frustrações pela qual passará e superar as adversidades.

Terra - Dizem que ‘a derrota só existe para quem não dá o melhor de si’. O senhor concorda?

FF - Não concordo, a derrota faz parte das condições da vida. O atleta, em especial, deve criar uma condição para que supere rapidamente um resultado adverso para que em poucas horas, dias, consiga superar a adversidade. A própria Olimpíada oferece exemplos disso, quando um atleta do judô, por exemplo, avança e perde uma luta ainda tem condições de brigar pelo bronze. Para isso, precisa avaliar a situação e recuperar-se rapidamente para outra luta, onde poderá sair vitorioso.

Terra - Como é possível se superar logo após uma derrota dolorida?

FF - Atleta precisa ter memória curta, avaliar objetivamente a situação pela qual passou, identificar os erros, não responsabilizar terceiros, adaptar-se à situação, mudar o comportamento e seguir para a próxima disputa. Se ficar remoendo, pensando na derrota, no que aconteceria se tivesse ganho, ou ficar abatido demais, não será bem sucedido na próxima competição.

Terra - E em caso de perdas sistemáticas? Quando elas parecem se multiplicar?

FF - A derrota sempre deve apontar o caminho para superar os erros. Derrotas sucessivas devem ser entendidas no contexto. Todo atleta, ou equipe, deve estabelecer metas de desempenho, e derrotas fazem parte das metas. Há uma preparação psicológica para isso, apoiada pelas pessoas próximas, técnico, comissão colegas de atividade. É necessária uma rede que ofereça amparo. Hoje a diferença de desempenho é definida em detalhes. Muitos atletas têm acesso a técnicas, preparação física e equipes multiprofissionais. O preparo mental acaba sendo um fator diferencial. Os trabalhos em Psicologia do Esporte estão se diversificando e a prática de intervenções pontuais buscando motivação têm perdido espaço para intervenções de longo prazo.

Fonte: Terra
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