Velódromo do Rio é vítima de erros, desavenças e incêndio
A queda de um balão que provocou um incêndio e destruiu no fim de semana parte da cobertura do Velódromo, no Parque Olímpico, pode ser atribuída a uma fatalidade. Mas deixou ainda mais incerto o destino da moderna pista de ciclismo do Rio. Por uma série de erros, falta de uma política clara de uso e pelo acidente na madrugada de domingo, o Velódromo consolida a imagem de patinho feio dos Jogos de 2016. Não se trata de um rótulo estético, até porque sua concepção arquitetônica é muito bonita. O que está em evidência é o ‘legado’ que investimentos de milhões de reais deixaram para os atletas da modalidade.
A discussão sobre a identidade do Velódromo começou há mais de dez anos, quando uma pista foi construída para a disputa dos Jogos Pan-Americanos no Rio, em 2007. Seu custo, àquela altura, foi de R$ 14 milhões, quantia bancada pela prefeitura carioca e considerada alta por muita gente ligada ao ciclismo. Dois anos mais tarde, quando o Brasil ganhou o direito de sediar uma olimpíada, começaria um novo imbróglio.
O Velódromo do Pan-Americano tinha sido erguido com falhas, apresentava ‘pontos cegos’ que obstruíam a visão da pista por árbitros e público e não servia para a Olimpíada. Nem sequer se fosse reformado. Em 2013, acabou desmontado e doado para um complexo esportivo de Pinhais, no Paraná. Suas estruturas permanecem até hoje ao relento.
Não é preciso muito esforço para saber qual a atitude adotada pelo Comitê Organizador da Olimpíada – defender a construção de um novo Velódromo. Isso foi feito com um orçamento alterado várias vezes. No fim, a instalação acabou custando R$ 143 milhões à União. Inaugurada com seis meses de atraso, foi a única a não receber evento-teste dos Jogos.
Depois de terminada a Olimpíada, o Velódromo ficou fechado por nove meses e acolheu apenas uma competição de relativa importância – o Campeonato Estadual de Ciclismo de Pista, em maio, que durou apenas três dias. Ultimamente, seu piso vinha servindo para treinamentos e eventos menores.
No final de 2016, coube ao Ministério do Esporte assumir o Velódromo, até então sob a tutela do município e cobiçado por empresários de casas de show. A manutenção é cara, cerca de R$ 300 mil por mês só com energia elétrica. Isso se explica por causa da necessidade de se deixar o sistema de ar-condicionado ligado 24 horas por dia – as pistas de madeira pinho-siberiano não sobrevivem à temperatura ambiente do Rio.
Agora, com sua interdição, definida pela Defesa Civil do Rio, os atletas e fãs do esporte vão ter de aguardar sabe-se lá quanto tempo para a retomada. As pistas teriam sofrido danos secundários, mas a extensão desses estragos ainda não é conhecido.
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