Ângelo não assistiu à queda de Nory e lamenta não poder treinar após caso de racismo: 'minha vida parou'
Após sofrer preconceito, ele não teve contrato renovado e está há dois anos sem clube
Enquanto Arthur Nory disputa os Jogos Olímpicos de Tóquio, o ginasta Ângelo Assumpção, que não teve seu contrato renovado pelo Esporte Clube Pinheiros, segue buscando voltar aos treinos após o caso de racismo sofrido por ele. Em entrevista ao site "UOL", ele afirmou que não assistiu à apresentação da equipe brasileira de ginasta, que contou com uma queda e eliminação Nory. Vendo caminhar vida de quem cometeu preconceito contra ele, Ângelo questiona estar sem clube há dois anos.
- Por que a vida de todos os outros atletas segue e a minha não? Estou há muito tempo sem poder trabalhar: isso é ou não é surreal? - disse Ângelo ao "UOL".
- Eu só assisti ao primeiro rodízio da competição. Não cheguei a ver a apresentação da equipe brasileira. Fiquei sabendo dos resultados hoje pela manhã e pelas mensagens que recebi - afirmou.
Enquanto aguarda uma nova oportunidade, Ângelo vem mantendo a forma em uma academia próxima à sua casa.
- Treino aqui na academia para não perder a forma, corro também, mas não tenho espaço para exercitar os movimentos da ginástica. Faço um pouco apenas no quintal da minha casa - contou.
Sem conseguir dar sequência na vida esportiva, ele ainda desabafou destacando sentir na pele como funciona o racismo estrutural no Brasil.
- A prova do racismo estrutural: onde estão os empresários, onde estão os clubes, onde está a Federação? Claro que a pandemia atrapalha tudo. Mas só para mim o mundo da ginástica parou? O mundo da ginástica continua para os outros atletas e até para quem teve as atitudes racistas - questionou.
- É preciso saber o que está acontecendo. Por que só eu não posso treinar? É preciso achar soluções. A solução encontrada pelo sistema foi me deixar de lado. E os meus sonhos? Não posso sonhar por ter uma história de resistência? Meu grande objetivo é claro: eu quero continuar minha história no esporte. Eu preciso de um clube para treinar - destacou.
- Por isso não quero falar do que está acontecendo no Japão. Quero seguir a minha vida, como todos os outros atletas brasileiros estão seguindo. É um direito de todos. E é um direito meu. Somente a minha vida esportiva ficou parada. E esta estrutura precisa mudar: é preciso lutar contra o racismo sim - completou.
Veja abaixo o calendário das Olimpíadas com datas de disputa por medalhas: