Após ser 'dispensada' pela França, ginástica faz história pela Argélia e conquista 1ª medalha da África
Kaylia Nemour levou o ouro na final individual das barras assimétricas; brasileiras não competiram
O que Kaylia Nemour fez na Arena Bercy neste domingo, 4, foi histórico. A franco-argelina de apenas 17 anos foi a responsável pela primeira medalha olímpica da história da África na ginástica artística. A atleta levou o ouro na final das barras assimétricas e representou a Argélia após deixar a seleção francesa por impasses com a Federação do esporte no país. As brasileiras não competiram na prova.
A cobertura dos Jogos de Paris no Terra é um oferecimento de Vale.
Nem Rebeca Andrade e nem Simone Biles disputaram na final protagonizada por Nemour. Sabendo do peso em conseguir uma medalha inédita para o continente e já considerada uma das favoritas ao pódio, a franco-argelina fez sua apresentação e tirou uma nota excelente: 15.700, um pouco maior que os 15.600 feitos por ela nas classificatórias.
Empolgada com a performance, a ginasta chorou de emoção e aguardou a apresentação das outras competidoras. Na decisão, deu ela: Kaylia Nemour conquistou o ouro, a primeira medalha africana do esporte na Olimpíada.
Ao seu lado no pódio, estiveram a chinesa Qiyuan Qiu, que tirou a nota 15.500 e levou a medalha de prata e a norte-americana Sunisa Lee, que cravou um 14.800 e conseguiu o bronze. Lee também ficou em terceiro na prova individual geral, vencida por Biles e com Rebeca em segundo.
Ginasta competia pela França
Apesar de representar a Argélia em Paris-2024, Kaylia Nemour tem dupla nacionalidade. A ginasta nasceu em Sainy-Benoît-la-Forêt, cidade a 280km de Paris, e sempre morou no país-sede da Olimpíada. Ela é filha de uma mãe francesa, Stephanie, com um pai imigrante argelino, Jamel.
No esporte desde muito nova, Nemour treinava pela seleção francesa e planejava defender o país em casa neste ano. Os planos mudaram de rumo quando a jovem precisou fazer uma cirurgia no joelho para tratar uma osteocrondrite severa, em 2021. A condição é uma inflamação que atinge ossos e cartilagens e provoca muita dor.
Foi só em 2022 que a ginasta recebeu autorização para voltar aos treinos. Quando a liberação foi dada, a equipe médica da Federação Francesa de Ginástica exigiu que Nemour fosse à Paris treinar com a equipe nacional. A adolescente preferiu continuar no seu clube, Avoine Beaumont, e rompeu com os dirigentes franceses.
Poucos meses depois, a Federação Internacional de Ginástica (FIG) permitiu que Nemour fizesse a mudança de nacionalidade para competir pela Argélia. Ela estreou pelo país em 2023 já com um resultado expressivo: foi vice-campeã mundial nas barras assimétricas, atrás apenas da chinesa Qiu Qiyuan.