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Brasil não sente falta de Marta, põe Espanha 'na roda' e vai à final no futebol

Seleção brasileira feminina vence por 4 a 2, volta a uma decisão pela medalha de ouro após 16 anos e terá revanche com os Estados Unidos

6 ago 2024 - 18h18
(atualizado às 20h25)
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Gabi Portilho comemora gol do Brasil contra a Espanha na semi dos Jogos de Paris
Gabi Portilho comemora gol do Brasil contra a Espanha na semi dos Jogos de Paris
Foto: Luisa Gonzalez/Reuters

A seleção brasileira feminina de futebol não sentiu a ausência de Marta, colocou a atual campeã do mundo Espanha "na roda" e garantiu a vaga na final da Olimpíada Paris-2024 nesta terça-feira, 6, garantindo mais uma medalha para o País.

O time do técnico Arthur Elias poderia ter feito mais gols, se aproveitando da péssima exibição adversária, mas venceu por 4 a 2 no Stade Vélodrome, em Marselha, e retorna à decisão pelo ouro após 16 anos. Gabi Portilho, Adriana e Kerolin balançaram as redes para o Brasil, que ainda se valeu de um gol contra, enquanto Paralluelo fez os dois das espanholas. O adversário na final será os Estados Unidos, que bateu a Alemanha por 1 a 0. A decisão acontece no sábado, 10, ao meio-dia.

O Brasil chegou no mata-mata como azarão depois de fazer uma fase de grupos ruim, contando com a ajuda justamente dos EUA para se classificar como um dos dois melhores terceiros colocados. Nas quartas de final, surpreendeu ao bater a favorita França, por 1 a 0, em partida marcada por final dramático, com 18 minutos de acréscimo até o apito derradeiro.

Esta é a terceira vez que o Brasil disputa uma final desde que o futebol feminino passou a fazer parte da programação olímpica e a briga pelo ouro terá clima de revanche. Em Atenas-2004, a seleção perdeu a decisão para os EUA, por 2 a 1, sofrendo gol na prorrogação. Quatro anos depois, em Pequim-2008, as brasileiras venceram todos os seus jogos, mas perderam a partida derradeira, por 1 a 0, novamente pelo time americano. Os EUA ainda venceram o Brasil na final da Copa do Mundo de 2007.

Além de Marta, suspensa por cartão vermelho, o Brasil foi para o duelo com a Espanha desfalcada da lateral-direita Antônia, com uma fratura na fíbula, e da lateral-esquerda Tamires, com ruptura ligamentar no tornozelo direito. Favoritas na disputa, as espanholas viram o cenário mudar logo aos seis minutos do primeiro tempo em um lance bizarro. A goleira Cata Coll acabou acertando a na zagueira Irene Paredes ao tentar dar um chutão. A bola foi bateu nas costas da defensora e foi parar no fundo das redes, com o time brasileiro saindo na frente do marcador.

Naturalmente, a Espanha assumiu o papel de protagonismo no jogo e foi para cima do Brasil. A atual campeã do mundo demonstrou bom trabalho na troca de passes para chegar ao ataque, mas deixou espaços atrás, especialmente pelos flancos. O time comandado por Arthur Elias conseguiu roubar bolas na frente e encaixar contra-ataques, mas pecou no último toque e perdeu boas oportunidades de ampliar o placar antes mesmo dos 20 minutos.

A Espanha fez um primeiro tempo muito ruim, com poucas oportunidades de gol. As melhores jogadas passaram pelo pé de Aitana Bonmatí, atual vencedora da Bola de Ouro e do prêmio The Best, responsável por clarear os lances, e com a experiente meia-atacante Jenni Hermoso. A camisa 10 tirou o fôlego da torcida brasileira quando acertou bom chute na entrada da área, obrigando a goleira Lorena a fazer defesa importante.

Diferentemente do rival, o Brasil fez ótima etapa inicial. O time verde-amarelo levou muito perigo nas escapadas em velocidade de Ludmila pela direita, e foi lúcido quando a atacante Gabi Portilho saiu da área para ajudar na criação. Apesar da superioridade, as brasileiras continuaram falhando na hora de fazer o segundo — Jheniffer chegou a perder chance cara a cara com a goleira. Quando a partida ia ganhando contornos de tensão, Gabi Portilho completou de primeira ótimo cruzamento de Yasmin e ampliou o placar, aos 48.

O segundo tempo iniciou com o mesmo panorama do primeiro: o Brasil criando diversas oportunidades, e a Espanha irreconhecível, com uma atuação pavorosa. A seleção brasileira perdeu a chance de fazer o terceiro, o quarto e o quinto antes mesmo dos dez minutos da etapa final. O time de Arthur Elias colocou os adversários na roda e quase ampliou com Ludmilla e Jheniffer, mas voltou a pecar na hora "H".

A Espanha melhorou após as substituições e passou a ocupar mais o campo de ataque. Com o placar a favor, o Brasil passou a ficar na defesa para explorar os contra-ataques. As espanholas levaram perigo em cobranças de escanteio e a goleira Lorena entrou em ação, vencendo disputas importantes pelo alto. O time brasileiro poderia ter ficado mais com a bola para não ser tão pressionado, mas acabou ficando vulnerável às investidas do adversária, apesar da má exibição rival.

Com metade do segundo tempo, o Brasil praticamente já não atacava. Hermoso voltou a assustar com chute de longa distância e o clima de tensão voltou a pairar sobre a seleção. Aos 25 minutos, o contra-ataque se apresentou e o a seleção teve a chance de matar a partida. Adriana recebeu livre na grande área, mas acertou o travessão. Quando todos já lamentavam mais uma chance perdida, Gabi Portilho ajeitou de cabeça para Adriana completar para o gol e "fechar o caixão".

O terceiro gol foi importante para minar a confiança da Espanha, que avançou às semifinais depois de sair perdendo por 2 a 0 com a Colômbia, empatando e buscando a classificação nos pênaltis. Paralluelo diminuiu o placar, aos 39 minutos, e a seleção brasileira passou a ser bastante pressionada. O combinado brasileiro não conseguiu ficar com a bola para arrefecer o ímpeto adversário, e Lorena precisou salvar o segundo com duas grandes defesas.

Quando a arbitragem anunciou incríveis 15 minutos de acréscimo, e a torcida brasileira já se lembrava do drama diante dos franceses, a Espanha voltou a errar de maneira bizarra. A defesa entregou a bola no pé de Kerolin, que avançou e chutou entre as pernas da goleira para aumentar a vantagem. Aos 56, Paralluelo diminuiu o placar, mas não havia mais tempo para reação.

Estadão
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