Brasil salta por medalhas e marcha contra o preconceito em mais um dia de Jogos de Paris
Com afinidade à Cidade Luz, Rebeca Andrade faz história em mais uma final na ginástica; Caio Bonfim leva a prata na marcha atlética
Mais um dia de glórias para o Time Brasil nos Jogos Olímpicos. A disputa dos atletas brasileiros por medalhas começou logo pela manhã nesta quinta-feira, 1º. Na marcha atlética, Caio Bonfim conquistou a segunda prata do Brasil em Paris. Na ginástica, Rebeca Andrade se faz muito à vontade na Cidade Luz e, na final do individual geral, abocanhou mais um vice-campeonato histórico.
A cobertura dos Jogos de Paris no Terra é um oferecimento de Vale.
A marcha atlética individual foi a primeira a estrear entre as modalidades do atletismo na Olimpíada deste ano. Pelo Brasil, disputaram Caio Bonfim, Matheus Correa e Max Gonçalves, pelos homens, e Gabriela Sousa, Viviane Lyra e Erica Sena entre as mulheres.
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Após bater na trave na Rio-2016, quando ficou em 4º, e com participações em Londres-2012 e Tóquio-2020, Bonfim chegou ao auge do esporte nesta quinta e buscou mais uma medalha inédita para o Brasil. Quinze centésimos atrás do 1º colocado, o brasileiro, que teve de lidar com o preconceito com a prática da modalidade e que foi treinado pela própria mãe, relembrou as dificuldades ao longo da carreira.
"Eu só comecei com 16 anos. Por quê? Porque era muito difícil ser marchador. No dia que eu cheguei em casa e falei: ‘Eu quero ser marchador’. Na verdade, eu tava dizendo pra eles: ‘Hoje eu decidi ser xingado sem ter problema’. Eu venci o preconceito chegando nessas provas da América do Sul”, afirmou Bonfim, que ainda volta a disputar nos Jogos de Paris, pela marcha atlética mista.
Ainda entre os homens, Matheus Correa chegou em 39º, enquanto Max Gonçalves ficou em 28º. Pelas mulheres, Erica Sena acabou em 13ª, Viviane Lyra no 18º lugar e Gabriela Sousa no 26º.
Mais tarde, medalhistas de bronze por equipes, Rebeca Andrade e Flávia Saraiva voltaram à Arena Bercy para a grande final do individual geral feminino da ginástica artística. A disputa também marcou o primeiro confronto direito entre Rebeca e Simone Biles, multicampeã dos EUA, em uma Olimpíada.
Na mesma rotação, Rebeca e Simone disputaram a primeira posição na classificação geral a cada exercício. A estadunidense saiu na frente, mas Rebeca assumiu a liderança nas barras assimétricas. Na trave, as duas voltaram a ficar a poucos décimos de diferença, com Simone na frente, e a disputa final foi levada ao último exercício, no solo.
Rebeca performou primeiro e cometeu um deslize ao pisar com um dos pés para fora do tablado. Na sequência, para encerrar o evento e garantir o ouro, Simone Biles cravou uma série perfeita e apenas confirmou seu retorno ao topo da ginástica artística olímpica.
No fim, o pódio terminou com Simone com o ouro, Rebeca com a prata e a também estadunidense Sunise Lee com o bronze. Campeã e vice voltam a se enfrentar nas finais da trave, solo e salto. Flávia Saraiva, por sua vez, terminou como a nona ginasta mais completa do mundo.
Despedidas dramáticas e classificações importantes
Uma triste baixa acometeu o Time Brasil ainda na manhã desta quinta-feira. Três vezes medalhista olímpica no judô, Mayra Aguiar se despediu dos Jogos de Paris com derrota na estreia diante da número 1 do ranking, a italiana Alice Bellandi.
A luta foi duríssima mas, no golden score, a brasileira foi atacada com um waza-ari que decretou a vitória da italiana e o fim do ciclo olímpico de Mayra, que se emocionou muito: "Treinei bastante, mas não deu. Foi melhor, judô é esporte. É triste, ruim. Derrota nunca é boa", lamentou.
Na categoria até 100kg, Dzhafar Kostoev, dos Emirados Árabes Unidos, levou a melhor sobre o brasileiro Leonardo Gonçalves. Os dois pontuaram no tempo normal e, no golden score, o judoca árabe aplicou um wazari em Leonardo, que encerrou a participação no torneio individual.
No handebol, a seleção feminina de handebol amargou a terceira derrota consecutiva em Paris, desta vez diante da Holanda, por 31 a 24. Agora, a equipe precisa vencer a Angola no sábado, 3, às 9h, para se manter viva na disputa pelo ouro.
No tênis de mesa, Hugo Calderano segue surpreendendo e classificou o Brasil, pela primera vez, a uma semifinal olímpica. O sexto colocado mundial venceu o sul-coreano Jang Woojin, por 4 sets e a 0, na melhor campanha de um brasileiro na história da modalidade olímpica.
No vôlei feminino, teve vitória com sabor de revanche. Eliminada na Liga das Nações, a seleção de Zé Roberto reencontrou seu algoz, o Japão, e conquistou uma importante -- e tranquila -- vitória por 3 sets a 0 na Olimpíada de Paris. A equipe volta à quadra no domingo, 4, quando encara a Polônia.
No hipismo, o Time Brasil foi eliminado de maneira dramática. Os brasileiros acabaram desclassificados da disputa de salto por equipes após a organização encontrar sangue no cavalo montado por Pedro Veniss, responsável pela primeira volta nas eliminatórias.
Na modalidade, o regulamento prevê que qualquer tipo de ferimento encontrado nos animais é passível de desclassificação. O trimedalhista Rodrigo Pessoa sequer chegou a entrar em ação e se despediu dos Jogos Olímpicos.
Dupla continua 100% e duelo entre brasileiros no surfe
A dupla brasileira Ana Patrícia e Duda venceu as italianas Valentina Gottardi e Marta Menegatti no vôlei de praia e segue na disputa pelo ouro nos Jogos de Paris. As brasileiras têm 100% de aproveitamento na fase de grupos, sem nenhum set perdido. No masculino, George e André perderam a segunda consecutiva, agora para o Miles Partain e Andrew Benesh, e disputarão a repescagem.
Pelo boxe, Carol Barbosa e Keno Marley sofreram a derrota em suas lutas e também se despediram da Olimpíada. Carol perdeu para a cazaque Nazym Kyzaibay e Keno para o uzbeque Lazizbek Mullojonov, ambos por decisão unânime. Mais cedo, Bárbara Santos caiu diante de Nien Chin Chen, de Taipei, e deu adeus ao torneio.
Geovana Meyer terminou a prova de tiro esportivo da carabina 50m na 22ª colocação e avançou. Pela canoagem Slalom, Pepê Gonçalves parou na semi do K1 e, após uma punição, terminou com o tempo de 127s09 e não alcançou o índice para a classificação.
O time de natação formado por Gabi Roncatto, Mafê Costa, Maria Paula Heitmann e Stephanie Balduccini avançou à final olímpica do revezamento 4x200 feminino e terminou a prova na sétima colocação. Na prova dos 50m livre masculino, Guilherme 'Caribé' não avançou à semifinal.
Pelo ciclismo BMX racing feminino, Paola Reis ficou pelo caminho na prova de velocidade. Ela terminou na 15ª colocação nas quartas e, na repescagem, sofreu uma queda e não conseguiu avançar.
O fim do dia do Time Brasil acabou com uma disputa brasileira na quarta de final do surfe. Em Teahupo'o, Gabriel Medina e João 'Chumbinho Chianca se enfrentaram na bateria 3 e, com um mar tranquilo no Taiti, não tiveram muitas oportunidades de desenvolver na prancha. No final, Medina venceu Chumbinho, com as parciais de 14.77 contra 9.33, e avançou.
No surfe feminino, Tati Weston-Webb garantiu o Brasil na semifinal do torneio na noite desta quinta. A brasileira venceu a espanhola Nadia Erostarbe por 8.10 a 6.42 na pontuação total e avançou. Já Luana Silva caiu em confronto com a costarriquenha Brisa Hennessy por 6.37 a 5.47 e se despede da Olimpíada.
6 coisas que Rebeca Andrade pode comprar com 150 euros em Paris
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