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Caio Brasil posa com a bandeira do Brasil  Foto: Alexandre Loureiro/COB

Caio Bonfim conquista a prata inédita na marcha atlética em Paris-2024

Brasileiro completou a prova em 1h19min09 em sua quarta participação em Olimpíadas

Imagem: Alexandre Loureiro/COB
  • Aline Küller, de Paris (França) Aline Küller, de Paris (França)
  • Raul Godoy Raul Godoy
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1 ago 2024 - 04h23
(atualizado em 10/8/2024 às 14h38)

O atletismo chegou nos Jogos Olímpicos de Paris com medalha para o Brasil. Caio Bonfim confirmou a esperança do País e conquistou a inédita prata nos 20 km da marcha atlética na manhã desta quinta-feira, 1º, em sua quarta participação em Olimpíadas. 

Bomfim comemora 2º lugar na marcha atlética em Paris
Bomfim comemora 2º lugar na marcha atlética em Paris
Foto: Alexandre Loureiro/COB

* A cobertura dos Jogos de Paris no Terra é um oferecimento de Vale.

No percurso de 20 voltas de 1 km, no Trocadéro, passando pelos pés da Torre Eiffel, o brasileiro começou com a estratégia de tentar saltar à frente do pelotão. No entanto, ele acabou visado pelos juízes e logo de cara recebeu um alerta para uma possível punição. Na modalidade, três penalidades geram dois minutos de suspensão.

O novo medalhista de prata completou o percurso em 1h19min09. O equatoriano Brian Daniel Pintado levou o ouro com 1h18min55. Alvaro Martin, da Espanha, completou o pódio com 1h19min11. 

Com isso, Bonfim diminuiu o ritmo e perdeu algumas posições, mas se manteve no pelotão da frente durante toda a disputa. Em alguns momentos, até assumiu a liderança novamente.

Além de Bonfim, o Brasil teve outros dois representantes na disputa. Matheus Correa, de Santa Catarina, chegou em 39º, enquanto Max Batista Gonçalves dos Santos ficou em 28º.

Caio Bonfim no pelotão da frente da marcha atlética
Caio Bonfim no pelotão da frente da marcha atlética
Foto: Gonzalo Fuentes

Auge da carreira

Aos 33 anos, Bonfim vive um dos melhores momentos de sua carreira na marcha atlética. A vaga em Paris-2024 veio logo na primeira competição do ano, com o bronze no Grande Prêmio Chinês de Taicang. Na ocasião, ele completou os 20 km em 1h17min44, recorde pessoal e brasileiro da modalidade.

Seus desempenhos recentes o alçaram ao terceiro lugar do ranking mundial. Na lista, ele fica atrás apenas do espanhol Alvaro Martin, segundo colocado, e de Perseus Karlström, da Suécia, que lidera a classificação mundial. 

Em campanhas recentes, Bonfim também tem destaque com os bronzes no Ibero-Americano de 2024 e no Sul-Americano de 2023. Ele também venceu o Troféu Brasil em 2023 e 2024, estes na categoria de 35 km.

Outras tentativas em Jogos Olímpicos

Caio Bonfim comemora prata
Caio Bonfim comemora prata
Foto: REUTERS/Amanda Perobelli

Essa é a quarta participação olímpica de Bonfim. Em 2012, o brasileiro estreou no evento aos 21 anos e completou o percurso de 20 km na 37ª colocação. O melhor desempenho até então veio em 2016. No Rio de Janeiro, ele ficou muito perto do pódio e passou pela linha de chegada na quarta colocação, apenas cinco segundos atrás do bronze.

Em território brasileiro, o atleta também disputou o percurso de 50km e fechou a prova com bom desempenho, na nona colocação. Após ficar no quase na capital fluminense, o competidor do Distrito Federal foi ao Japão, mas não teve desempenho tão satisfatório quanto quatro anos antes. Em Tóquio-2020, completou a disputa no 13º lugar. 

De pernas tortas ao preconceito: prata de Caio Bonfim coroa família que viveu para marcha atlética

Caio Bonfim
Caio Bonfim
Foto: Gonzalo Fuentes / Reuters

A medalha de prata de Caio Bonfim coroa um trabalho de décadas da família dentro da marcha atlética, além de ser a resposta para o preconceito que a modalidade enfrenta no Brasil.

Conquista de Bomfim foi histórica para a marcha atlética brasileira
Conquista de Bomfim foi histórica para a marcha atlética brasileira

A sua mãe, Gianetti Bonfim --treinadora da equipe brasileira em Paris--, foi oito vezes campeã brasileira, e era treinada justamente por João Sena, pai de Caio. Com isso, ele cresceu com a marcha dentro de casa. Nunca achou a modalidade estranha ou teve preconceito por "rebolar". Porém, sempre teve que lidar com as brincadeiras de mau gosto dos amigos da mesma idade ou por desconhecidos durante os treinos em Sobradinho, no interior do Distrito Federal.

"Não estamos brincando de rebolar, somos potência, medalhistas olímpicos. Nós somos medalhistas olímpicos. Obrigado ao Brasil e a todos que apoiaram. Nessa prova nós não estamos brincando de rebolar. Nós somos uma potência. Nós somos medalhistas olímpicos", afirmou ele, que chegou até cogitar seguir carreira no futebol.  

"Eu fui muito xingado no primeiro dia que marchei com meu pai. Não é me fazendo de vítima. Eu só comecei com 16 anos, porque era muito difícil ser marchados. Eu decidi ser xingado e não ter problema com isso. Difícil não foi a prova de hoje, foi vencer o preconceito", completou ele, que felizmente desistiu dos gramados para seguir os passos dos pais. 

O bullying parecia pouco para quem mostrou vontade de viver ainda muito pequeno. Aos 7 meses, Caio foi diagnosticado por teve meningite bacteriana e ficou 15 dias internados. Na sequência, as pernas começaram a entorar. Além disso, ele teve que contornar a falta de cálcio, já que era intolerante à lactose, o que prejudicou o desenvolvimento dos seus ossos.

Aí veio outro obstáculo: meses depois, suas perninhas começaram a entortar. O atleta tinha intolerância à lactose e, por isso, não podia ingerir derivados de leite. Sem a quantidade necessária de cálcio no organismo, o desenvolvimento dos seus ossos acabou prejudicado. Caio passou por uma cirurgia e conseguiu evitar a perda dos movimentos na perna.

A prata de Caio foi a coroação de uma trajetória de superação e de amor da família pela marcha atlética. "Essa medalha que faltava para coroar nosso trabalho de anos e décadas. Felicidade é a palavra máxima", declarou Gianetti após a vitória do filho. 

Fonte: Redação Terra
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