Confira 10 curiosidades sobre o Brasil na história dos Jogos Olímpicos
Desde brigas a falta de dinheiro, o retrospecto do País na Olimpíada é repleto de situações surpreendentes
O Brasil é um país tradicional em edições de Olimpíada. Em Tóquio, a delegação brasileira, que terá 302 atletas, chega a 19 aparições, reunindo diversos momentos memoráveis e medalhas conquistadas. No total, são 129 condecorações, sendo 30 de ouro, 36 de prata e 63 de bronze. No entanto, nem só de vitórias vive uma nação. Por isso, resolvemos trazer dez histórias inusitadas envolvendo brasileiros durante esses mais de 100 anos de Jogos Olimpícos. Veja abaixo:
Brasileiros foram barrados de participar da Olimpíada de 1932
Realizada em Los Angeles, nos Estados Unidos, a edição reuniu 82 atletas do Brasil, enviados no navio Itaquicê. A embarcação estava cheia de café, pois esse era o principal produto de exportação brasileiro. Em um momento pós-Grande Depressão, a ideia do governo, quebrado economicamente, era cobrir parte das despesas nos Jogos fazendo os esportistas venderem as desvalorizadas sacas de café no porto. Outro detalhe dessa história é que, para não pagar as taxas no Canal do Panamá, dois canhões foram colocados no navio com a intenção de disfarçá-lo como militar.
Chegando na terra do Tio Sam, os representantes brasileiros não tinham dinheiro suficiente para pagar a taxa de desembarque de US$ 1 para todos. Assim, 50 deles foram impedidos de disputar a Olimpíada. Com isso, apenas os atletas que tinham mais chances de medalhar estiveram presentes nas competições. Destaque para a nadadora Maria Lenk, a primeira esportista mulher brasileira e inventora do nado borboleta.
O maratonista dos 10.000m, Adalberto Cardoso, não deixou esse obstáculo o impedir de participar nos Jogos e protagonizou uma história impressionante. O atleta era um dos que não tinham dinheiro para descer nos Estados Unidos, então ele fugiu do barco e, por meio de caronas e corridas, chegou a São Francisco, cidade a 600km de Los Angeles e local do estádio olímpico onde aconteceria sua prova. Adalberto alcançou o estádio apenas dez minutos antes do início da disputa. Mesmo assim, foi capaz de ultrapassar a linha de chegada, apesar de ter caído três vezes no caminho e ter sido o último colocado. O público aplaudiu o brasileiro, que teve sua história divulgada pelo locutor durante a corrida. Reza a lenda que foi lá que o maratonista ganhou o apelido de 'Iron Man', ou Homem de Ferro.
O sumiço da vara de Fabiana Murer
Durante a Olimpíada de 2008, em Pequim, na China, a bicampeã mundial do salto com vara, Fabiana Murer, perdeu uma de suas varas de competição. Após passar pela fase de qualificação, a brasileira chegou na final e fez seu primeiro salto. Porém, quando foi trocar de vara, que possui flexibilidades diferentes, ela não estava lá. Primeiro, Fabiana pediu para procurarem o instrumento no depósito do estádio, mas ninguém foi capaz de achá-lo. Depois, fez uma busca na pista, entre as varas das competidoras. Também não encontrou. Foi somente no final da competição, depois de ter sido eliminada, que a atleta descobriu que a organização dos Jogos retirou as varas do tubo onde costumam ficar e as colocaram em um carrinho revestido por casulos. Seu instrumento de trabalho tinha então sido misturado com o das adversárias e levado de volta à Vila Olímpica. Que azar!
O primeiro brasileiro nos Jogos não atuou pelo Brasil
Nascido em Paris, o atleta dos 60 e 200 metros rasos, Adolphe Christiano Klingelhoeffer, não é reconhecido pelo Comitê Olímpico Brasileiro. Apesar de ter nacionalidade brasileira, Klingelhoffer sofreu com o fato de não haver comitês olímpicos nacionais na época da edição de 1900, e por isso, precisou correr nas duas categorias e nos 110 metros com barreiras pela delegação da França. Apenas 20 anos mais tarde, na Olimpíada de Antuérpia, na Bélgica, a primeira participação oficial do Brasil foi registrada.
Árbitro queridinho
Nos Jogos do Rio-2016, a torcida brasileira deu provas de por que é a melhor do mundo. No confronto de boxe entre o cazaque Adilbek Niyazymbetov e o britânico Joshua Buatsi, o protagonista foi... o árbitro Jones Kennedy Silva do Rosário. Paraense, o juiz virou o centro das atenções e ouviu gritos em coro dos fãs que esperavam a luta de Robson Conceição, ouro da competição. Por todo Riocentro, a torcida começou a gritar "Juiz! Juiz! Juiz!". Mais tarde, "Rosário é melhor que o Neymar" foi entoado. Antes da fama em 2016, o árbitro havia se tornado o primeiro brasileiro a ser escolhido para oficiar nos Jogos, quando fez parte da edição de Londres, em 2012.
Mascote dançarino
Ainda falando da Olimpíada realizada em solo brasileiro, o mascote Vinicius, batizado em homenagem ao cantor da Bossa Nova, Vinicius de Moraes, roubou a cena com sua dança. Simbolizando a energia e alegria de viver do brasileiro, o personagem contagiou os torcedores com suas coreografias de funk nos intervalos das competições. Também imitou o andar de Gisele Bündchen na passarela durante a cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos. Quer mais ou tá bom?
Intruso na pista
Quem não se lembra do Padre Irlandês que atrapalhou o maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima na prova dos Jogos de Atenas 2004? O brasileiro liderava a maratona com aproximadamente 35 segundos de vantagem até que um invasor, mais tarde identificado como um padre, entrou no meio da pista e derrubou Vanderlei. Com ajuda do público, o atleta voltou à prova, entretanto acabou perdendo o ouro e ficando com o bronze. Apesar disso, o maratonista entrou para a história da Olimpíada. Não só pelo episódio incomum, mas também pela perseverança e espírito olímpico que teve para alcançar a linha de chegada.
Injustiça contra 'João do Pulo'
João Carlos de Oliveira, mais conhecido como 'João do Pulo', foi um atleta brasileiro do salto triplo. Nascido em Pindamonhangaba, cidade no estado de São Paulo, obteve o recorde mundial da modalidade nos Jogos Pan-americanos da Cidade do México, em 1975, ao alcançar a marca de 17,89 m de distância. Levou duas medalhas de bronze em Jogos Olímpicos, mas sofreu uma injustiça em Moscou-1980. Os fiscais de linhas tomaram decisões extremamente polêmicas (para dizer o mínimo) e invalidaram vários saltos de João, favorecendo o soviético e prata da casa, Viktor Saneyev, que ficou com o ouro.
Brasil x Cuba na polícia
Regla Torres e Mireya Luis são nomes que talvez tragam alguma lembrança ao torcedor brasileiro. A seleção feminina de vôlei nutria uma forte rivalidade com as adversárias cubanas. Em 1996, na Olimpíada de Atlanta, a rixa entre as duas equipes chegou ao ponto mais alto, quando o Brasil perdeu por 3 sets a 2. Após o jogo, faltou muito pouco para as jogadoras se agredirem em quadra. O confronto ficou marcado por brigas, xingamentos e até cuspes do time cubano, que usou o jogo sujo como estratégia, pressionadas pelo líder do país, Fidel Castro. A confusão não parou por aí e se estendeu aos vestiários. Apesar das partes não terem chegado às vias de fato, a delegação brasileira decidiu prestar queixa na polícia por agressão.
Jornalismo levando o Brasil até a Olimpíada (literalmente)
Nos Jogos de 1924, em Paris, o Comitê Internacional convidou o Brasil para participar das competições na cidade-luz. O presidente na época, Arthur Bernardes, liberou 350 mil contos de réis para a delegação poder viajar. Porém, a boa e velha política existente na CBD, Confederação Brasileira de Desportos, causou o cancelamento do investimento. Por conta disso, o jornalista Américo Netto, do Estado de S. Paulo, criou uma campanha de arrecadação de fundos para financiar o deslocamento dos atletas olímpicos. Só dez brasileiros conseguiram embarcarar de navio para a capital francesa, mas o que vale é a iniciativa.
Jogo sangrento
Em Los Angeles, nos Jogos de 1932, a seleção masculina de polo aquático teve a Alemanha como adversária na segunda rodada do torneio. Depois de perderem por 7 a 3 para os alemães, os atletas brasileiros decidiram descontar a raiva no árbitro Bela Komjadi. Isso porque o húngaro marcou incríveis 40 faltas a favor dos alemães, contra somente quatro para o Brasil. Dez policiais foram convocados para tirar o juiz dali, mas a ajuda não foi suficiente para evitar que Komjadi levasse dois socos, um deles de Luiz Henrique da Silva, o goleiro da equipe e mentor da revolta. Apenas os cassetetes da polícia foram capazes de parar os atletas brasileiros.