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Crise de ansiedade pode causar sérios problemas aos atletas

Preparo mental deve ser aliado aos treinos para garantir um bom desempenho físico

28 jul 2021 - 11h07
(atualizado às 11h22)
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Crise de ansiedade pode causar sérios problemas aos atletas
Crise de ansiedade pode causar sérios problemas aos atletas
Foto: Shutterstock / Sport Life

Estar sobre os 'flashes' dos celulares e ouvir seu nome cantado pela torcida, são o objeto dos sonhos de qualquer atleta que busca o estrelato. Para quem já é da elite do esporte, é algo até corriqueiramente comum, pois já foi conquistado depois de muito suor e dedicação.  No entanto, para chegar a este status na carreira, é necessário muito treinamento, seja físico ou mental. Afinal, lidar com altas pressões emocionais é uma das chaves para o sucesso da carreira de um esportista.

Quem explica é o treinador mental de atletas de alta performance, Lincoln Nunes. "Geralmente, as preocupações externas são consequência do nervosismo e da pressão que sentimos. Essa pressão afeta áreas cognitivas do cérebro, como o córtex pré-frontal, associado à memória de curto prazo. A partir dessas preocupações, surgem pensamentos ligados à baixa autoestima, capacidade e noção de merecimento. Essas ideias negativas esgotam a capacidade da memória de curto prazo. Então, é nesse momento em que travamos, falhamos, bloqueamos e até passamos mal".

Recentemente, a jovem tenista Emma Raducanu, de apenas 18 anos de idade, desistiu de seguir no torneio de Wimbledon após não conseguir lidar com a pressão emocional. Lincoln lembra que ela chegou a passar mal durante a partida que disputava em função da ansiedade com a competição. "Em disputas intensas como a do torneio de Wimbledon é quase um crime o atleta ir à competição sem o mínimo de preparo comportamental e mental", observa.

Lincoln acrescenta ainda que o atleta pode ser o melhor do mundo na sua modalidade, mas é primordial que além do seu desempenho físico haja o devido preparo comportamental e mental. "Sem isso, a performance pode cair bruscamente na hora H, porque os pensamentos relacionados à pressão imediatamente aparecem".

"Quando isso acontece, ninguém consegue manter o foco no que realmente é importante. Se você não confia no seu potencial, como vai dar o seu máximo? Enfim, é importante lembrar que os atletas reconhecidos como extraordinários, têm mentes igualmente extraordinárias. Muitos treinam até se esgotar ou lesionar, porém não enxergam que a chavinha que te leva aos títulos é o cérebro bem preparado", conclui o treinador.

Simone Biles

A importância da saúde mental, principalmente aos atletas dos Jogos Olímpicos, voltou a ser uma discussão em alta após a norte-americana Simone Biles, uma das maiores ginastas de todos os tempos, desistir de mais uma prova nos Jogos de Tóquio para cuidar de sua saúde mental.

Simone Biles durante Jogos Olímpicos de Tóquio 2020
REUTERS/Dylan Martines
Simone Biles durante Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 REUTERS/Dylan Martines
Foto: Reuters

Após ter abandonado a final por equipes no decorrer da disputa, a atleta de 24 anos não vai participar da decisão do individual geral, prova na qual era favorita absoluta e que tem entre as candidatas a brasileira Rebeca Andrade.

"Após uma nova avaliação médica, Simone Biles se retirou da final do individual geral nos Jogos Olímpicos de Tóquio para poder se concentrar em sua saúde mental. Simone continuará sendo avaliada diariamente para determinar se vai participar ou não das finais individuais da semana que vem", diz um comunicado da seleção de ginástica artística dos Estados Unidos.

Biles será substituída na final do individual geral pela compatriota Jade Carey. "Apoiamos a decisão de Simone com todo o coração e aplaudimos sua coragem em priorizar seu bem-estar. Sua coragem mostra, mais uma vez, por que ela é um modelo para tantos", acrescenta o comunicado.

Na última terça-feira, 27, Biles admitiu que abandonou a final por equipes devido a preocupações com sua saúde mental. "É como lutar contra todos aqueles demônios e vir aqui. Tenho de colocar meu orgulho de lado", disse a atleta, acrescentando que "não confia tanto" em si como costumava acontecer.

Talento precoce da ginástica artística, Biles conquistou seu primeiro título mundial em 2013, quando tinha apenas 16 anos, e logo passou a dominar a modalidade. Com duas Olimpíadas no currículo, a norte-americana totaliza seis medalhas até o momento, sendo quatro ouros e um bronze no Rio de Janeiro e uma prata em Tóquio.

* Com informações da Ansa

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