Dramas pessoais e êxito profissional marcam Nuzman
O último grande evento do qual Carlos Arthur Nuzman participou no Brasil antes da Olimpíada de Atenas aconteceu no Rio de Janeiro. Durante o revezamento da tocha olímpica, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) carregou a chama que viajou durante todo o mundo. Foi a prova de que Nuzman superou, aos 62 anos, um dos maiores traumas de sua vida.
Quando tinha dez anos, ele presenciou um acidente que causou a morte de sua mãe, Esther. Ela tinha acabado de acender o aquecedor em sua casa, mas atirou o fósforo, ainda em brasa, no vidro com álcool. O fogo atingiu as roupas de Esther, que morreu seis dias depois, aos 32 anos, no hospital.
A cena atormentou o garoto, neto de imigrantes russos, durante boa parte de sua vida. Mas isso não foi capaz de impedir sua trajetória até se transformar em um dos maiores expoentes do movimento simbolizado pelo fogo olímpico.
De criança retraída e traumatizada, Nuzman se tornou um atleta capaz de liderar as equipes por onde passou. Chegou a praticar tênis, futebol e natação, mas se firmou no vôlei. Esteve na Seleção Brasileira de 1962 a 1968.
Depois de deixar as quadras em 1972, tentou ser treinador, mas desistiu da idéia, depois de ficar com vontade de bater em um atleta de sua equipe com baixo rendimento. Partiu, então, para a vida como dirigente.
Três anos após sua aposentadoria como atleta, foi eleito presidente da Confederação Brasileiro de Vôlei (CBV), que comandou durante 20 anos. Nuzman, então, revolucionou a modalidade no Brasil, transformando-a em um negócio que pretendia fazer tão lucrativo quanto o ramo da construção civil, de onde tirava sua renda.
Além de promover competições entre equipes juvenis e infantis, para que novos atletas fossem formados, Nuzman foi precursor no Brasil em associar marcas de empresas aos uniformes dos clubes, como forma de patrocínio.
Os resultados dessa profissionalização surgiram em 1984, quando Montanaro, Renan e Bernardinho (formados pelo projeto fomentado pela CBV) chegaram à prata olímpica na Olimpíada de Los Angeles.
Em 1996, logo depois de assumir a presidência do COB, Nuzman viveu um novo drama pessoal. Sua mulher, Patrícia, morreu depois de cair de um prédio, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Dois anos após a tragédia, casou-se com sua atual mulher, a jornalista Marcia Peltier.