‘É desagradável estar sempre com pessoas tentando algo além do profissional’, desabafa Tamara Klink
Velejadora participou do programa 'Paris é Delas' e relatou assédio e machismo em expedições
Tamara Klink participou da estreia do programa Paris é Delas, do Terra, nesta segunda-feira, 22, por meio de um comovente depoimento sobre machismo e assédio durante suas expedições solitárias pelos oceanos.
Paris É Delas é o programa oficial do Terra com os principais acontecimentos dos Jogos de Paris, oferecido por Vale. Assista aqui no Terra.
Em vídeo enviado ao programa, a velejadora desabafou sobre as dificuldades enfrentadas desde a preparação da expedição. Segundo ela, o assédio começa já na procura por funcionários e apoio.
“É difícil ser frequentemente infantilizada pelos prestadores de serviço. O tempo todo assediada por potenciais parceiros técnicos, que usam o afeto de chantagem. Ser chantageada por funcionários: ‘Tamara, só salário não é suficiente. É muito difícil trabalhar e ficar te olhando o dia inteiro. Eu só vou trabalhar com você se trans*r comigo. É uma derrota trabalhar para uma menina de 25 anos’”, contou.
Hoje com 27 anos, Tamara lamentou a falta de confiança das pessoas em seus projetos: “É muito desagradavel estar o tempo todo com pessoas na tentativa de ter algo além do profissional. Dificilmente a gente é levada a sério”.
Para a velejadora, o trabalho é mais complicado para qualquer mulher que tente se aventurar sozinha: “A gente se dá conta que tem muita energia gasta em fazer coisas que outras pessoas não tiveram que fazer, simplesmente por terem nascido em outro gênero”.
Conforme contou, esse machismo também é visto no tratamento dado por pessoas próximas: “A gente passa por isso, é exposta a outras situações, que é o desencorajamento sistemático, o discurso protetor, inclusive de pessoas queridas: ‘Não vai, você não vai conseguir. Você não tem força suficiente. O inverno vai exigir muito mais de você. Um caçador pode atravessar o mar congelado para ir te estuprar’. Qual chance eu tenho no mundo se nem no meio de gelo eu estou segura?”.