Futebol de cegos tem cautela em novo ciclo: "renovação já é feita"
Paris - Pela primeira vez a seleção brasileira não conquistou uma medalha no futebol de cegos. No entanto, o diagnóstico de jogadores e comissão técnica é de que o trabalho é positivo. Para o treinador Fábio Vasconcelos, a transição para a chegada de novos jogadores já está sendo feita, mas os atletas mais experientes ainda têm lenha para queimar.
"A gente já está no processo de renovação. Nessa seleção,a gente tem quatro jogadores que vieram da seleção de base: Paraná, Maicon, Jonatan e o Jadiel. Mas esses jogadores mais experientes, como o Ricardo, o Nonato, o Cássio e o Jefinho, são muito importantes nessa transição. Com certeza, eles devem continuar nessa seleção por mais do ciclo", projetou o comandante da seleção de futebol de cegos desde 2013.
Fábio, que foi goleiro do Brasil entre 2003 e 2012, disse que o grupo sentiu o baque por não ter disputado a final, mas valorizou ter conquistado uma vaga no pódio. "A gente sabia que um dia ia perder, não tinha como. Fomos para seis Paralimpíadas e ganhamos cinco. Agora é um bronze. A gente é uma equipe multicampeã e sabe que tem outros países também evoluindo e respeitamos o resultado", enalteceu.
Autor do gol que garantiu o bronze na disputa contra a Colômbia, Jefinho corroborou com o discurso do treinador. Ele valorizou a medalha conquistada neste sábado (7) e elogiou o processo de renovação do elenco. "Novos jogadores vem chegando, é um trabalho excelente feito pela confederação, com seleção sub-15, sub-23, e vem dando o resultado", opinou.
O atleta de 34 anos é tetracampeão paralímpico e tricampeão mundial. Ele acredita que ainda pode contribuir no ciclo de Los Angeles-2028. "Eu me sinto apto ainda a ajudar por mais um ciclo. Quem sabe que passar essa experiência para quem chega, passar essa mentalidade vencedora também, porque chegar num grupo já vencedor é importante para que também construam essa mentalidade. É isso que eu pretendo fazer, esse será o meu último ciclo e espero que eu possa ser útil à seleção brasileira", projetou.
O capitão Ricardinho, de 35 anos, também acredita que pode ser importante para a equipe. "Segundo os dados da ciência esportiva, o nosso fisiologista tem trazido, a gente está muito bem fisicamente. A gente ouve algumas coisas, que somos ex-atletas. Quem vê os jogos está vendo que a gente está correndo muito, que a gente está com força porque a gente se cuida muito e o treinamento da seleção brasileira é muito bom. A gente sabe que ainda pode contribuir", defendeu.
Já Maicon, novato em Paralimpíadas, destacou que os colegas com mais bagagem são essenciais e passam segurança para os mais jovens. "Eles são base para os mais novos, vêm sempre incentivando para seguir o trabalho com dedicação, com foco. Os experientes estão sempre ao nosso lado para nos orientar no que fazer no dia a dia, de treinamento, de postura como atleta, então, são de grande importância", afirmou o camisa 4 da seleção de futebol de cegos.