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Gabriel Medina leva bronze no surfe dos Jogos Olímpicos de Paris.  Foto: REUTERS/Carlos Barria

Medina fica com o bronze após ser traído pela falta de onda no ‘quintal de casa’

Após cair na semifinal, brasileiro teve boas sequências e virou o placar contra o peruano Alonso Correa para garantir mais uma medalha

Imagem: REUTERS/Carlos Barria
  • Fábio Shimab
  • Gabriel Gatto Gabriel Gatto
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5 ago 2024 - 20h31
(atualizado às 23h14)

Gabriel Medina garantiu mais uma medalha ao Time Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris! Após cair na semifinal para o australiano Jack Robinson, o brasileiro 'voou' nas ondas de Teahupo'o, no Taiti, e superou o peruano Alonso Correa na disputa pelo terceiro lugar do torneio olímpico. 

A cobertura dos Jogos de Paris no Terra é um oferecimento de Vale.

O brasileiro viveu uma segunda-feira, 5, de altos e baixos no Oceano Pacífico, a 15.716 km da capital francesa e cidade-sede da Olímpiada. Após cair na semi, Medina disputou o bronze contra Correa e, diferentemente da rodada anterior, aproveitou boa sequência de ondas. 

O peruano saiu na frente, após boa sequência inicial de ondas e tubos, e chegou a marcar 12.43 no total, com parciais de 6.83 e 5.60. Medina, então com 7.50 e 0.87, precisava de boas ondas para subir no placar. 

Dando aulas de remadas, não demorou para que o brasileiro conquistasse a prioridade das ondas, emendasse uma ótima sequência de manobras e tubos, disparando sua nota total com duas notas 7.77, totalizando 15.54 e praticamente garantindo o bronze. 

Daí, foi uma questão de tempo para Medina celebrar sua primeira medalha olímpica. Correa não teve tempo de ampliar suas notas e permaneceu com 12.43. Na modalidade, é a segunda vez que o surfe do Brasil sobe ao pódio em Jogos Olímpicos. Ítalo Ferreira foi medalha de ouro em Tóquio-2021.

Revanche contra algoz e duelo entre brasileiros

Medina se classificou de maneira direta ao mata-mata do torneio de surfe olímpico. As disputas aconteceram em Teahupo'o, no Taiti, que integra a Polinésia Francesa, território francês ultramarino. O brasileiro já era familiarizado com as ondas locais, onde disputou seis finais e venceu duas etapas do Circuito Mundial, em 2014 e 2018.  

Nas oitavas dos Jogos de Paris, Medina teve a oportunidade de revanche contra o japonês Kanoa Igarashi, que o eliminou na semifinal dos Jogos de Tóquio. 

Na ocasião, o resultado da disputa entre Medina e Igarashi foi bastante contestado pelo brasileiro, que reclamou de nota dada ao japonês em uma manobra semelhante feita por ele, mas que foi pior avaliada pelos jurados. Como se não bastasse, Igarashi ainda 'tirou onda' dos brasileiros em suas redes sociais.

Medina nas oitavas de final do surfe olímpico
Medina nas oitavas de final do surfe olímpico
Foto: Reprodução/Redes Sociais/Jerome Brouillet

O bom tempo e as condições do mar em Teahupo'o favoreceram o surfista do Brasil que, além de emendar boas sequências, tirou a maior nota por manobra individual na história do surfe olímpico: 9.90.

O confronto contra Igarashi também ficou marcado por uma foto icônica protagonizada por Medina, clicada enquanto 'flutuava' sobre as ondas do Taiti com a prancha ao seu lado. 

Nas quartas de final, Gabriel Medina teve que passar pelo compatriota João Chianca, o Chumbinho. E o duelo foi bem equilibrado, já que ambos são especialistas em tubos e encararam um mar com ondas pequenas e irregulares. 

Medina se deu melhor, já que soube aproveitar as ondas desde o início da bateria, tirando um 8.10, e deixando o amigo sob pressão. No fim, com mais um 6.67, Medina somou 14.77 contra 9.33 (4.83 + 4.50) de Chumbinho e avançou à semi. 

Gabriel Medina leva bronze no surfe dos Jogos Olímpicos de Paris.
Gabriel Medina leva bronze no surfe dos Jogos Olímpicos de Paris.
Foto: REUTERS/Carlos Barria

Queda na semi e redenção

Medina foi para a disputa pela terceira colocação após cair na semifinal, também nesta segunda-feira, ao sofrer com a falta de ondas na bateria, sendo derrotado pelo australiano Jack Robinson. 

Especialista em Teahupo’o, Medina foi 'traído' pela praia, que apresentou pouquíssimas ondas durante a bateria do brasileiro e passou quase 20 minutos sobre a prancha, sem arriscar. 

Ele conseguiu surfar apenas uma vez, tirando um 6.33. Robinson aproveitou a melhor onda do dia, que apareceu como um presente de Poseidon, para fazer um 12.33 no somatório e avançar à decisão pelo ouro. 

Já na luta pelo bronze, com o mar mais agitado e favorecendo a técnica do brasileiro, Medina saiu atrás, mas buscou o resultado com duas notas 7.77, totalizando 15.54 na conquista da medalha. 

Gabriel Medina na disputa pelo bronze nos Jogos Olímpicos de Paris
Gabriel Medina na disputa pelo bronze nos Jogos Olímpicos de Paris
Foto: William Lucas/COB

Braçadas na infância

Aos 30 anos, o surfista de São Sebastião, litoral de São Paulo, é tricampeão mundial e conquista um prêmio inédito em sua carreira. É a primeira medalha em Jogos Olímpicos conquistada por Medina, que bateu na trave durante os Jogos de Tóquio, também na luta pelo bronze. 

Nascido em 22 de dezembro de 1993 e de ascendência chilena, Medina cultiva, desde a infância, uma paixão pelas ondas, impulsionada pelo seu padrasto, Charles Rodrigues, o Charlão, que foi triatleta. 

Ele pegou as primeiras ondas aos 9 anos. Dois anos depois, com 11, venceu seu primeiro campeonato nacional em Búzios (RJ). Daí, conquistou títulos brasileiros amadores. Competiu no sub-14 do Volcom Internacional, na Califórnia, e se tornou vice-campeão mundial no Equador pelo sub-16.  

Medina se tornou profissional aos 15 anos, em julho de 2009, quando conquistou um patrocínio e, poucos dias depois, venceu seu primeiro Circuito Mundial. Desde então, passou a protagonizar disputas com os maiores nomes do mundo do surfe. 

Antes mesmo dos 18 anos, Medina passou a colecionar recordes e marcas históricas entre o surfe brasileiro. Se tornou o primeiro surfista do Brasil a vencer a etapa australiana de Backside e o brasileiro que por mais tempo liderou o ranking mundial na história. Integrou o World Tour, a elite do surfe do mundo, com apenas 17 anos. 

Em 2011, venceu duas etapas do ASP World Tour, na França e Estados Unidos, em que ganhou repercussão por completar um backflip. Seu primeiro mundial veio em 2014, quando conquistou o WCT. Viria a se tornar bicampeão em 2018, e o terceiro título veio em 2021, após a má fase nos Jogos de Tóquio. 

Gabriel Medina vence a medalha de bronze no torneio de surfe dos Jogos de Paris
Gabriel Medina vence a medalha de bronze no torneio de surfe dos Jogos de Paris
Foto: Carlos Barria/Reuters

Polêmicas dentro e fora do mar

Além das praias e pranchas, Medina se viu envolto em polêmicas ao longo da carreira. Em 2019, teve problemas com o também brasileiro Caio Ibelli na disputa da etapa de Pipe Masters por interferir em uma tentativa do compatriota de pegar uma onda enquanto eles batalhavam na mesma bateria por uma vaga na final. Medina foi acusado, à época, de "jogo sujo" pelo colega.

Entre os familiares, o surfista se viu em meio a confusões por seu casamento com a modelo e ex-BBB Yasmin Brunet. Medina se afastou da família por conta do relacionamento, que envolveu questões como religião e a alimentação do atleta (que passara a ser vegetariano), o que fez a mulher do surfista se tornar mal vista pela família.

Medina chegou aos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, como favorito. Mas, novamente, se viu imerso em uma discussão por causa do seu relacionamento. Por causa das restrições impostas pela pandemia de covid-19, os surfistas só poderiam ser acompanhados no evento por um técnico com experiência comprovada. Medina tentou emplacar Yasmin na função, mas houve veto do COB.

"Tive um desgaste desnecessário. Pedi a ajuda do COB, eles não puderam me ajudar. Hoje mesmo eu vi uma notícia de que teve uma atleta que levou o marido, né? De última hora. E eu sinto que isso foi muito pessoal, que foi uma ajuda que eu pedi lá atrás", escreveu Medina à época em suas redes sociais.

Yasmin também trocou farpas com a skatista Letícia Bufoni, de quem o surfista era grande amigo. "Falta de respeito", escreveu a modelo após Letícia compartilhar um meme que brincava com o veto à ida de Yasmin aos Jogos.

Em 2022, Medina sofreu com uma lesão e tomou a decisão de tirar um período sabático, ficando ausente das primeiras cinco provas do ano. "Montanha russa de emoções dentro e fora da águas", afirmou. O principal motivo para essa "montanha russa" foi o término do relacionamento com Yasmin, em janeiro.

Com o fim do relacionamento, Medina se reaproximou da família, especialmente da irmã, Sophia. O padrasto o acompanhou em eventos de 2024, mas não mais como seu treinador. 

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Fonte: Redação Terra
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