Gritos, orientações e nervosismo: Flávio Canto sofre junto com Rafaela Silva em derrota nos Jogos de Paris
Medalhista olímpico de Atenas-2004 foi mentor da judoca da Cidade de Deus
Qual é o orgulho de ver uma ‘cria’ em uma Olimpíada? Flávio Canto já assistiu Rafaela Silva conquistar até medalha de ouro nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016, mas sofreu como se fosse a primeira vez na disputa desta segunda-feira, 29, na capital francesa.
A cobertura dos Jogos de Paris no Terra é um oferecimento de Vale.
Ela foi revelada pelo Reação, projeto social criado por Flávio Canto, na Cidade de Deus, comunidade carente do Rio de Janeiro. Sempre teve o ex-judoca como uma espécie de mentor.
Antes de Rafa entrar no tatame pelas quartas de final, Flavio já não conseguia esconder ansiedade. Ao Terra, ele falou que estava confiante em uma medalha, mas classificava a luta contra a sul-coreana Huh Mi-mi como a mais difícil. A reportagem lembrou da entrevista ao especial Elas no Pódio, quando revelou que sabia que o ouro viria no Rio por causa do olhar da judoca de Cidade de Deus.
“Ela está com aquele olhar de novo, de quem está querendo muito”, analisou em conversa com a reportagem.
Durante todo o embate com sul-coreana, Flávio quase não conseguia ficar sentado. Ele ia narrando tudo o que a carioca deveria fazer para chegar a uma nova final olímpica. Em alguns momentos, se levantou e tentou gritar na tentativa de ser ouvido pela pupila.
Quando a luta foi para o Golden Score, o medalhista de bronze de Atenas-2004 ficou ainda mais inquieto. “Ela está te enrolando, Rafaela. Tem que entrar, tem que entrar”, dizia na tentativa de impedir uma nova punição, que causaria a eliminação.
Após a sul-coreana ser apontada como a vencedora, Flavio respirou fundo, passou a mão na cabeça e tentou disfarçar os olhos marejados antes de entrar ao vivo na CazeTV. Ele está trabalhando como comentarista do canal streaming.
Na disputa pelo bronze, soltou até um palavrão para aliviar a tensão antes do embate. Durante a derrota a japonesa, ele foi novamente um técnico a distância: gritou, pediu punição para adversária e deu muitas instruções.
“Vamos, guerreira”, “vai para cima”… e muito sofrimento. Ao final, Flávio Canto não conseguiu esconder a tristeza. Foi abordado por algumas pessoas, mas, de maneira muito respeitosa, pediu uns minutos. Parecia queria sumir e ter um tempo para digerir a derrota de sua pupila.