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Luiz Altamir, aposta da natação brasileira para Tóquio, recomeça preparação

Nadador retoma rotina de treinos no Rio e é esperança de medalha, principalmente no revezamento 4 x 200 livre

17 ago 2020 - 05h11
(atualizado às 10h05)
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O destino de Luiz Altamir Melo começou a ser traçado com um mês de vida. Foi quando entrou na piscina da pequena academia de sua família em Boa Vista (RR), na companhia de sua mãe, sua primeira professora de natação. Foi amor ao primeiro mergulho. De lá para cá, ele já morou em Fortaleza, São Paulo e Rio de Janeiro. Mas a paixão pela água não mudou. Hoje, o atleta de 24 anos é destaque das provas de 200 metros e esperança brasileira de medalha na Olimpíada de Tóquio, principalmente com o revezamento 4x200m livre.

Piscinas e mergulhos, no entanto, se tornaram raros para o nadador nos últimos meses. Respeitando a quarentena, Altamir passou quase dois meses sem dar braçadas na água. Ele até tentou o mar, mas não teve sucesso. O motivo? "Tenho pavor de mar. Não curto. Não gosto de nadar sozinho no meio do mar", admitiu o atleta, bem-humorado, ao Estadão.

O jeito foi buscar ajuda da família. De carro, ele, o pai e até o cachorro pegaram a estrada no Rio rumo a Fortaleza, em março. Acostumado a nadar nas principais piscinas do mundo, Altamir fez treinos leves na modesta piscina de 12 metros da casa de sua avó. "Amarrei um elástico na cintura e nadava. Passei mais de um mês fazendo isso."

Longe do treinador, ele tinha a companhia da namorada, a nadadora Giovanna Diamante, também da seleção brasileira. Juntos, improvisaram treinos físicos e buscaram o equilíbrio físico também através da meditação e da ioga. "Mantive o hábito da meditação todos os dias, mas desisti da ioga. Sou muito agitado. Atividade física, para mim, tem que ser mais agitada."

Mas ele aponta descobertas com a prática. "Tanto eu quanto ela acabamos ganhando um autoconhecimento muito grande na quarentena. Entendemos melhor como o treino faz falta para o corpo..."

Na retomada dos treinos tradicionais, no mês passado, Altamir voltou ao Flamengo. Foi o primeiro de dois retornos. No início do ano, ele voltou ao clube que considera sua segunda casa, encerrando sua passagem de três anos pelo Pinheiros, em São Paulo. "O que buscava era a mudança no ambiente, é um lugar que me sinto em casa, com todas as pessoas envolvidas na minha preparação."

A mudança foi arriscada por ser no início de um ano olímpico. Mas não foi por acaso. O nadador quer melhorar em cada detalhe para confirmar sua vaga olímpica nos 200m e 400m livre e nos 200m borboleta. A seletiva brasileira deve acontecer em abril de 2021. A presença de Altamir é quase certa na seleção, principalmente para o revezamento 4x200m livre.

No ano passado, ele ajudou o time brasileiro a conquistar a vaga em Tóquio. Ao lado de Breno Correia, João de Lucca e Fernando Scheffer, Altamir ainda contribuiu para anotar o novo recorde sul-americano da prova, com 7min07s12. O Brasil também tem vaga assegurada no 4x100m livre e no 4x100m medley, ambos no masculino, mas as equipes só serão definidas após a seletiva.

Para brigar por pódio, Altamir acredita que o time brasileiro vai precisar baixar ao menos cinco segundos no 4x200m, o que vai exigir ao menos um segundo de cada integrante do revezamento. "É um passo de cada vez. Hoje, falando com os tempos que a gente tem, não conseguimos levar o ouro. Mas, com a evolução que todos estão tendo, acho que temos muita chance de brigar pelo ouro. Não duvido disso", diz o nadador, que estreou em Olimpíadas no Rio-2016, competindo no 400m livre e no 4x200 livre.

Para continuar sonhando com o topo do pódio, o atleta vem intensificando o treino ao mesmo tempo em que se adapta à nova rotina. "Estamos voltando aos poucos. Antes da pandemia fazíamos até dez treinos por semana. Só agora aumentamos para oito."

Simpático e de sorriso fácil, Altamir tem 1,74m de altura. É, portanto, quase um "baixinho" para os padrões atuais da natação. Mas ele diz compensar a estatura com mais agilidade dentro da piscina. "Na saída do bloco, isso faz a diferença. E, com o tempo, vou melhorando na técnica e nos fundamentos, o que tira essa diferença para os maiores. Mas não me preocupo. Minha mãe sempre me dizia: 'lembre que você sempre ganhava dos caras de 1,98m'".

Estadão
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