Marcus D'Almeida é eleito o melhor atleta do mundo em tiro com arco
Líder do ranking mundial, brasileiro também conquistou o vice-campeonato do Finals do Circuito Mundial Indoor, em Las Vegas, neste domingo; atleta está confirmado em Paris-2024
Marcus D'Almeida foi eleito neste domingo, pela World Archerty (Federação Internacional de Tiro com Arco), como o melhor arqueiro do mundo em 2023, no mesmo dia que conquistou o vice-campeonato do Finals do Circuito Mundial Indoor, em Las Vegas. Ele já havia sido considerado pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) como o melhor do Brasil na modalidade.
"Foi um prêmio importante, vai trazer muita visibilidade para a modalidade. O Brasil é o País do futebol, mas também é o de muitas modalidades. O País precisa diversificar os investimentos. Essa é a primeira vez que conquistamos esse prêmio e é muito fruto do investimento. O Brasil é gigantesco, esse título não é só meu. Tem muitas pessoas se matando pelo esporte. Tudo isso está sendo muito especial para mim", afirmou.
O brasileiro tem 26 anos e é líder do ranking mundial. No ano passado, ele levou a medalha de ouro da etapa do México da Copa do Mundo e foi bronze no Mundial de Berlim. Além disso, conquistou duas medalhas para o Brasil nos jogos Pan-Americanos de Santiago, no Chile.
Antigo 'Neymar Arqueiro'
Quando foi campeão mundial júnior, Marcus D'Almeida era chamado de "Neymar arqueiro" pelos oponentes asiáticos. O apelido não sobreviveu muito porque o "atleta revelação", "atleta em ascensão", expressões que ouvia no alto-falante das competições, virou número 1 do mundo em sua categoria, o arco recurvo.
Sempre foi respeitado, ele diz, mas hoje é valorizado mundialmente, fato comprovado em ações aparentemente pequenas, de bastidor. "Hoje, os caras de fora querem treinar com a gente. Na Copa do Mundo, a gente treina com algumas equipes e as potências nos chamam", exemplificou em entrevista ao Estadão. "Nunca fui desrespeitado, mas hoje existe um know how".
Antes de chegar ao topo, contudo, o carioca de 26 anos passou por uma frustração na Olimpíada de Tóquio, a segunda de sua carreira. No Japão, esperava ir mais longe depois dos bons resultados que ele já havia obtido. D'Almeida terminou na nona colocação geral. A marca representou o melhor resultado da história do tiro com arco do País em Jogos Olímpicos, mas não lhe agradou.
"Aquela derrota doeu, pesou muito", admite. "Eu sentia que do jeito que perdi, poderia ter ganhado. Então, foi isso que doeu muito". O revés, para o italiano Mauro Nespoli, ele usou como combustível para evoluir até alcançar a liderança do ranking mundial.
A evolução maior foi no aspecto mental. "Psicologicamente, fui me tornando mais frio", entende. "Fui tendo mais ciência do que estou fazendo. Nem sempre tenho que estar perfeito na competição. Eu posso ganhar não estando perfeito, pela quantidade que treino. Então, é isso que fui entendendo".
Como atletas brasileiros de destaque em outras modalidades com pouco apelo e popularidade no País, o arqueiro trabalha para desenvolver o seu esporte. Embora o cenário seja longe do ideal, ele vê avanços, sobretudo pelo interesse e surgimento de jovens talentosos no tiro com arco. "Eu falo pra molecada que está vindo: 'cara, eu comecei aqui, eu treinei aqui no Brasil, eu fiz algumas coisas fora, mas fiz quase tudo em casa'. É o simples que faz a diferença. Fazer seu trabalho contínuo que te faz chegar lá", aconselhou.
De olho em Paris-2024
Marcus D'Almeida é um dos principais nomes do Brasil nos Jogos Olímpicos Paris-2024. Ele vai em busca da inédita medalha olímpica. Na carreira, conquistou quatro medalhas em Jogos Pan-Americanos, tem seis em Campeonatos Pan-Americanos, três em Campeonatos Sul-Americanos, duas em Mundiais e duas em Copas do Mundo.