‘Muitas vezes a mulher tem que adiar o sonho de ser mãe’, diz atleta olímpica sobre pressão no esporte
Maratonista Adriana Silva comentou sobre desafios da mulher atleta durante o programa ‘Paris É Delas’
“A mulher, como mulher no geral, e se tratando da mulher esportista, muitas vezes tem que adiar o sonho de ser mãe por conta da carreira. Porque, às vezes, é a oportunidade de um ciclo olímpico, é a oportunidade dela ir para os Jogos Olímpicos… Talvez não possa ter outra oportunidade”, desabafou a maratonista Adriana Silva, em entrevista ao programa Paris É Delas, nesta sexta-feira, 2.
Paris É Delas é o programa oficial do Terra com os principais acontecimentos dos Jogos de Paris, oferecido por Vale. Assista aqui no Terra.
Enquanto se discutia sobre tabus e dificuldades da mulher no esporte, Adriana comentou que, diferente do homem, é a mulher que precisa dar uma pausa em sua carreira para ser mãe.
“Eu conheço até algumas amigas que foram mães e que levaram o filho para a pista e alguém olhava [a criança]. A mulher tem que criar estratégias para poder dar conta de tudo isso e ainda se concentrar, e treinar, e ainda buscar uma vaga para os Jogos Olímpicos”, contou a atleta.
Caso da velocista que teme perder guarda da filha
No programa, foi resgatada a história da velocista Flávia Maria de Lima, de 31 anos, que teme que sua viagem a Paris, para disputar a Olimpíada, a faça perder mais um processo movido pelo ex-marido. A atleta representou o Brasil na primeira rodada dos 800m rasos do atletismo, nesta sexta-feira, e concorre à repescagem.
Há algum tempo a velocista utiliza seu perfil no Instagram para compartilhar a situação que tem vivido com o ex-marido. Recentemente, ela contou em seus Stories que é "aterrorizante saber que você é julgada por ter uma profissão muito bem-sucedida".
A atleta revelou ter medo de perder a guarda da filha. De acordo com Flávia, cada vez que ela deixa o Brasil para participar de uma competição, o seu ex-marido protocola um processo para retirar dela a guarda da filha de 6 anos.
"Essa profissão é privilegiada em alguns momentos, principalmente nesta fase que estou, em Jogos Olímpicos. Vocês, mulheres que estão passando pelo mesmo processo e sendo oprimidas pelo sistema machista, ergam suas cabeças e lutem", diz.
Em junho, a velocista compartilhou um depoimento no seu perfil do Instagram, no qual explica o drama judicial. "No começo do ano, meu ex começou a perseguir minha carreira judicialmente. Então, toda competição que estava participando, ele estava protocolando um processo na tentativa de tirar a guarda da minha filha. (...) Como se fosse um crime ter uma carreira, uma mulher ter profissão, e se fosse crime uma mãe ter que viajar para trabalhar".