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Jogos de Paris

O desafio dos gringos que estarão com o Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris-2024

Equipes de Hipismo e do Rúgbi têm britânicos e suíço buscando com os atletas as tão sonhadas medalhas de Paris 2024

23 jun 2024 - 09h46
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Com os Jogos Olímpicos de Paris 2024 próximos, as confederações brasileiras de esportes olímpicos correm para garantir as últimas vagas e para treinar o máximo seus atletas para serem competitivos no maior evento esportivo do mundo.

Em modalidades tradicionais do Brasil, a expectativa e o celeiro de atletas e treinadores mantêm as comitivas exclusivamente brasileiras. Mas em outras, nas quais o desenvolvimento e o destaque são menos expressivos, treinadores e conselheiros de outros países são presentes para treinar os atletas brasileiros.

Entre esses casos, estão os treinadores da delegação brasileira de rúgbi de sete feminino, do concurso completo de equitação (hipismo), ambos britânicos, e de salto (hipismo), suíço. Para esses técnicos, o esforço de treinar uma outra seleção recompensa pelo desafio e reconhecimento nacional. Mas o que cada um pensa sobre a modalidade e sobre as equipes brasileiras?

Rúgbi de sete

O rúgbi de sete é uma das formas de jogar o tradicional esporte do Reino Unido e de suas ex-colônias, em que as equipes são de sete jogadores de cada lado, ao invés dos tradicionais 15, e os jogos são curtos, disputados em 14 minutos, causando mais tentativas e intensidades. A pontuação segue as mesmas regras, com cinco pontos por try, três por pênalti e dois por conversão. A equipe olímpica brasileira, treinada pelo inglês Will Broderick, já vai além da satisfação pela participação e busca conquistar objetivos, relata o treinador.

Broderick chegou ao Brasil em 2014, por meio de um programa da liga de rúgbi inglesa, a Premiership, com objetivo de desenvolver o esporte em países ainda sem tradição na modalidade, para atuar como jogador do Sorocaba Lechuza, partindo para o Band Saracens, de São Paulo, indo de jogador para preparador físico, para técnico do time paulistano. Em 2020, assumiu como treinador da seleção brasileira de rúgbi seven feminino, e admira a evolução do esporte no país. "O que noto, em termos de evolução, são a mentalidade e o orgulho das brasileiras de vestirem essa camisa", conta Broderick., que complementa sobre mudança de mentalidade da equipe: "Fizemos isso várias vezes em 2024 e, quando não ganhamos as partidas, pressionamos estas seleções até o limite".

Perguntado sobre a comparação do rúgbi no Reino Unido e no Brasil, o treinador diz que o esporte é praticado lá como o futebol é jogado no Brasil. "O Reino Unido tem uma cultura de rúgbi, você vê campos em todos os lugares, assim como os campos de futebol no Brasil. O rúgbi é praticado nas escolas por lá, há uma tradição gigante. Os clubes têm uma parte social muito forte, envolvem as famílias, e as pessoas acabam se identificando com o esporte", conta Broderick.

Em relação aos treinamentos, para se manter na elite do Circuito Mundial da modalidade, é preciso muito trabalho. "Nós treinamos diariamente no Núcleo de Alto Rendimento (NAR), em São Paulo, muitas vezes em dois períodos. Só temos o domingo de folga. E estamos na primeira divisão do Circuito Mundial de rugby sevens feminino, que conta com as 12 melhores seleções do mundo", conta. Em relação a experiências com outras seleções, além dos jogos e copas, poucas jogadoras do atual plantel, como Bianca Silva que já jogou no Japão, tiveram experiência jogando em outro país.

Sobre a preparação para Paris 2024, questões anteriores, como a interrupção dos treinos para Tóquio 2020 devido à pandemia estão em pauta, mas a busca pelas medalhas vai ser ainda mais intensa para Broderick e sua equipe. "Agora é diferente, pudemos desenvolver um trabalho de longo prazo, sem grandes interrupções. Tivemos algumas vitórias bem marcantes em 2024, todas pelo Circuito Mundial. Duas contra a Irlanda, que é uma seleção tradicional, nas etapas de Vancouver (Canadá) e Los Angeles (EUA). Ganhamos de Fiji, outra equipe muito forte, também em Los Angeles", afirma o treinador, que não revelou a estratégia para os Jogos Olímpicos.

Hipismo

Concurso completo de equitação

No concurso completo de equitação, é a categoria que aborda múltiplas áreas do esporte montado, com circuitos que exigem a habilidade em múltiplas técnicas dos cavaleiros e de seus cavalos, como um triatlo a cavalo. Entre as categorias dentro da modalidade estão provas de adestramento e salto. A categoria é a única em que a competição é unificada entre homens e mulheres, não havendo distinção entre gêneros.

Para treinar essa equipe, o desafio é do britânico William Fox-Pitt, um dos mais vencedores da categoria e três vezes medalhista olímpico, com medalhas de prata em Atenas 2004 e Londres-2012 e medalha de bronze em Pequim-2008.

Salto
Philippe Guerdat, suíço técnico da Brasileira de Hipismo, na Hípica Paulistana, em 2019.
Philippe Guerdat, suíço técnico da Brasileira de Hipismo, na Hípica Paulistana, em 2019.
Foto: Jf Diorio/ESTADÃO / Estadão

O salto é a categoria dos circuitos clássicos, onde o cavaleiro e o animal pulam por barras e outros obstáculos em uma quantidade de tempo, tentando superar o tempo sem encostar em nada do circuito e receber punições. O Brasil possuí três medalhas na categoria, com dois bronzes por equipe, em Atlanta-1996 e Sydney-2000, e um ouro individual, de Rodrigo Pessoa, em Atenas-2004.

Quem treina a equipe brasileira é o suíço Phillippe Guerdat, que já participou de dois Jogos Olímpicos, em 1984 e 1988, e já é técnico da equipe brasileira desde 2019. Ele conta que a diferença de quando ele era um cavaleiro e de ser um técnico tem a ver com a questão de seguir os comandos já estabelecidos e agora, como técnico, estar do outro lado tem uma visão a parte de comandar a equipe.

Em relação ao time do Brasil e da Suíça, Guerdat relata a questão financeira, mas vai além. "Ao jogar pela própria equipe nacional você sempre tenta elevar a tua bandeira no topo do pódio, enquanto ao treinar outra seleção você tenta ganhar do seu próprio país, você não se importa com ele, apenas com sua própria evolução", explica. Sobre a conexão com os treinados, mesmo com a diferença entre nacionalidades ele comenta que é "é muito boa, apesar das diferenças e da seleção dos melhores".

As expectativas para os Jogos Olímpicos de Paris para a Guerdat são positivas, mas não necessariamente de vitórias, por depender de "sorte" e de bons cavalos, mas que a sua equipe se esforçará para o melhor possível e ver o que podem alcançar na competição.

Estadão
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