Olimpíada: Judoca argelino teria se recusado a lutar contra atleta de Israel por questões políticas
Messaoud Dris foi oficialmente desclassificado após exceder a pesagem permitida, afirma Federação Internacional de Judô
No agitado primeiro fim de semana da Olimpíada de Paris, uma desclassificação no judô chamou a atenção. No domingo, 28, o argelino Messaoud Redouane Dris foi eliminado da competição na divisão dos -73kg após exceder a pesagem permitida. O que está sendo comentado, no entanto, é que o atleta teria desistido dos Jogos para não lutar contra o israelense Tohar Butbul. Os dois países têm sérios embates políticos.
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Se a intenção de Dris em abandonar a luta por conta da nacionalidade do oponente for confirmada, a Federação Internacional de Judô poderá punir o atleta. Isso porque a desclassificação intencional teria motivos políticos por trás, o que não é permitido.
Em nota oficial, o órgão citou problemas de pesagem e destacou que conflitos externos não devem ser trazidos ao contexto das competições. "Durante o controle de peso oficial dos Jogos Olímpicos de Paris, o Sr. Dris chegou para a sessão de controle de peso dez minutos antes do prazo final e foi encontrado 400 gramas acima do limite de peso permitido para competir", inicia comunicado.
O posicionamento segue, ressaltando o cuidado com temas políticos: "Acreditamos que o esporte deve permanecer um reino de integridade e justiça, livre das influências de conflitos internacionais. Infelizmente, os atletas frequentemente se tornam vítimas de disputas políticas mais amplas, que são contra os valores do esporte".
Segundo a nota, uma revisão e investigação completas da situação deverão ser feitas. "Se necessário, outras medidas serão tomadas", finaliza.
Israelense se posicionou sobre o caso
Quem se pronunciou sobre o assunto foi o oponente de Dris, o israelense Tohar. O judoca passou de fase após a desistência do argelino, mas acabou perdendo na luta seguinte para Hidayat Heydarov do Azerbaijão, o atual campeão mundial.
Após a eliminação dos Jogos de Paris, Tohar falou sobre a polêmica com Dris. "Eu o respeito. É realmente um bom atleta. Não o odeio. Gostaria de ter lutado. Não aconteceu. Às vezes a política atrapalha [o esporte]. Pode ser que ele quisesse lutar, mas seu governo não o permitiu. Acredito que os atletas argelinos e a maioria dos atletas muçulmanos não possam lutar contra os israelenses", disse.
Não é a primeira vez
Essa não é a primeira vez que outro judoca se nega a lutar contra Tohar. Nos Jogos de Tóquio, em 2020, o argelino Fethi Nourine desistiu da competição depois que o sorteio das chaves indicou um possível embate contra o israelense. O atleta e o treinador foram suspensos pela Federação Internacional de Judô após confirmarem motivações políticas.
Na mesma Olimpíada, o sudanês Mohamed Abdalrassol não compareceu às oitavas de final contra Tohar. Diferente do argelino, no entanto, a motivação do atleta do Sudão para a desistência não foi revelada.