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Olimpíadas 2024: campeã Bia Souza quer mais mulheres no judô

Modalidade conquistou quatro medalhas em Paris-2024 na melhor campanha da história dos Jogos Olímpicos

8 ago 2024 - 16h08
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A campeã olímpica Bia Souza, primeira judoca vencedora na categoria acima de 78kg, e Larissa Pimenta, bronze até 52 kg, esperam que as conquistas nas Olimpíadas motivem mais mulheres a praticar o judô. O judô brasileiro conquistou quatro medalhas em Paris na melhor campanha da história das Olimpíadas. Além das duas atletas, o Brasil foi ao pódio com William Lima, dono da medalha de prata na categoria até 66kg e ainda conquistou o bronze por equipes mistas.

"O judô ainda tem muito tabu entre as mulheres. Espero que esse resultado que conquistamos abra muito mais portas para crianças e meninas e assim a gente triplique esse número de medalhas para as outras edições", diz Larissa Pimenta.

Bia celebrou a conquista e a representatividade feminina no esporte. "É incrível poder trazer essa medalha sendo mulher. Eu e Larissa podemos estar abrindo portas para que outras venham aí. A evolução está cada vez maior", diz a campeã olímpica.

"Onde éramos minoria, agora somos maioria. Fico feliz de ver o empoderamento. Poder fazer parte desse grande número de medalhas, mostrando a força que a mulher tem. Estamos no passo certo para ser maioria em muitas coisas".

As duas atletas, ao lado de Willian Lima, concederam entrevista nesta quarta-feira, 7, no Esporte Clube Pinheiros. As duas atletas foram as primeiras mulheres medalhistas olímpicas da história da instituição.

O evento contou com a presença de centenas de crianças que ovacionaram os nomes dos atletas, principalmente de Bia Souza.

Os próximos passos da equipe ainda estão indefinidos. O Esporte Clube Pinheiros ainda não definiu o período que ela terá de férias. O calendário de competições também aberto.

"Ainda tem muito mais pela frente. Temos hoje a melhor equipe do mundo, até por isso conseguimos conquistar medalhas, não só individuais, mas também a de equipe. Essas conquistas só trouxeram mais força ainda para nós judocas. Nosso foco é trazer medalha e escrever não só história no judô, mas nossa própria história. Agora é buscar a vaga de novo. Vamos um passo de cada vez".

Preparação mental

Bia afirmou que a preparação para a Olimpíada foi a mais forte de sua carreira. "Acho essencial fazer preparação mental, tanto para o atleta de alto rendimento quanto para uma pessoa comum. Virei um ser humano melhor com a terapia, em relação ao judô e a outras situações".

Já Willian Lima destacou a importância da psicologia para o sucesso nas competições. Para o atleta, o que o fez "fluir melhor para competir" foi a consciência de que não se pode deixar a ansiedade e nervosismo tomar conta durante os momentos de competição. "Sonhamos em estar no mundial, nas Olimpíadas. A gente vai perder para a nossa própria cabeça?", indagou.

Momentos históricos e reconhecimento

Os atletas brasileiros compartilharam momentos marcantes de suas trajetórias em Paris. Lima, ao conquistar a medalha de prata, destacou um momento especial. "Além de ganhar a medalha, o melhor momento foi ter colocado ela no pescoço do meu filho que tem apenas nove meses". Ele ainda disse que a ficha de que era medalhista olímpico só caiu quando passou da semifinal. Nesse momento, segundo ele, um filme de todo o sofrimento que enfrentou passou por sua mente, como se um peso tivesse sido tirado de seus ombros.

Ele ainda revelou os desafios enfrentados pela equipe, mencionando que ele próprio estava com o cotovelo lesionado, Bia com os dois ombros com problema e Larissa se recuperando de uma cirurgia. Apesar disso, o time se uniu e conseguiu conquistar ainda a medalha de bronze no judô misto de equipes. "Sabia que poderíamos sair com a medalha. A conquista por equipe é o sonho de muitos, e isso nos motivou ainda mais a lutar e dar o nosso melhor".

Para Bia, a luta contra a coreana foi a mais especial, mas a vitória sobre a francesa também comprovou que estudo minucioso dos detalhes valeram a pena. "Tive muita ajuda ao longo dessa jornada, e mesmo diante dos obstáculos, persisti e acreditei nesse sonho. Essa conquista foi resultado de muito esforço e dedicação de toda a equipe." Ela ainda confessou que não tinha a dimensão da conquista até sentir o amor e o reconhecimento do público que foi demonstrado na chegada dos atletas ao Aeroporto de Guarulhos.

Para exemplificar o apoio recebido pelos judocas, Pimenta contou que um de seus "rituais" ao chegar de viagem não pôde ser concluído devido ao público que as esperava no local. "Normalmente, pego um açaí e um pão de queijo quando chego ao terminal. Já fiz esse caminho umas vinte vezes nos últimos tempos. Hoje, não consegui (risos). Mas o carinho e a recepção de vocês recompensaram tudo", disse em tom de brincadeira.

Estadão
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