Olimpíadas 2024: refugiada afegã é desclassificada do breaking por exibir mensagem política
Manizha Talash exibiu frase 'libertem as mulheres afegãs' durante apresentação; COI coíbe manifestações desse tipo
A afegã Manizha Talash foi desclassificada da primeira competição de breaking nas Olimpíadas por usar uma roupa com a inscrição "Libertem as mulheres afegãs" durante sua apresentação na sexta-feira, em Paris-2024. Mensagens políticas e religiosas são proibidas nas competições ou no pódio dos Jogos. Rayssa Leal também chegou a ser notificada pelo COI por motivo semelhante.
"B-girl Talash foi desqualificada por exibir um slogan político em seu traje durante a batalha pré-qualificatória", declarou neste sábado, em comunicado, a Federação Internacional de Dança Esportiva, órgão regulador do breaking nos Jogos de Paris-2024.
A afegã, que integra a equipe de refugiados na Olimpíada, não teria avançado mesmo sem a punição, já que foi derrotada pela holandesa India Sardjoe, conhecida como B-girl India. A japonesa Ami derrotou a lituana Nicka na decisão e levou a medalha de ouro. A chinesa B-girl 671 ficou com o bronze.
Manizha Talash deixou o Afeganistão, que está sob domínio do Talibã, para se refugiar na Espanha em 2021. "Estou aqui porque quero realizar meu sonho, não porque esteja com medo", disse a jovem de 21 anos à agência de notícias Associated Press antes da Olimpíada. Ela foi incluída na disputa do breaking em Paris-2024 pela cota de universalidade, após a B-girl do Afeganistão perder a inscrição, e por sua luta contra o governo do Talibã em seu país.
O breaking faz sua estreia no programa olímpico em território francês. As provas acontecem no parque urbano de La Concorde, no centro de Paris, mesmo palco do BMX estilo livre, skate e basquete 3x3. Não há brasileiros na disputa.
A competição feminina aconteceu na sexta-feira, enquanto a masculina, com 16 B-boys, ocorre neste sábado, a partir das 11h (horário de Brasília). O norte-americano Victor Montalvo, o francês Dany Dann e o canadense Phil Wizard são os principais nomes na disputa pelo ouro.
O breaking surgiu da cultura hip-hop, oriunda de bairros desfavorecidos da Nova York dos anos 1970. Nas batalhas, os competidores realizam movimentos acrobáticos no solo ou no ar para conquistar os votos de cinco jurados, que decidirão o vencedor por maioria. Eles são acompanhados pela música de um DJ e pela apresentação de um MC (mestre de cerimônias).