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Por que Cuba perdeu relevância no cenário esportivo mundial?

Vigésima nação que mais vezes subiu ao pódio olímpico está distante do período glorioso; esporte é utilizado como propaganda política do regime ditatorial

23 jul 2024 - 09h40
(atualizado às 19h57)
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A delegação de Cuba desembarcou em Paris com 63 atletas, menor número de representantes em 60 anos nos Jogos Olímpicos. Um dos sete cubanos a conquistar a medalha de ouro em Tóquio, o canoísta Fernando Dayan Jorge vai competir na capital francesa pela equipe olímpica de refugiados, evidenciando um problema que ajuda a explicar a perda de relevância da nação caribenha no cenário esportivo mundial.

Com 235 medalhas, Cuba é a vigésima nação que mais vezes subiu ao pódio na história olímpica. A ascensão esportiva da ilha caribenha se deu principalmente entre o final da década de 1970 e meados dos anos 1990. Neste período, os cubanos se tornaram referência no boxe, além de alcançar destaque em esportes tradicionais, como vôlei, atletismo, beisebol e judô.

Durante décadas, o esporte foi utilizado como propaganda política. O ex-presidente Fidel Castro (1926-2016) chegou ao poder liderando uma revolução comunista no início dos anos 1960, implantando uma ditadura. O comandante rapidamente percebeu que poderia fazer do esporte uma de suas principais bandeiras. Dois anos após a revolução, criou o Instituto Nacional de Esporte, Educação Física e Recreação. O alto desempenho esportivo foi uma forma de promover o regime, o que acontece em todo o bloco comunista.

Entre as ações do instituto estão a construção de instalações esportivas, organização de competições, criação de escolas voltadas ao aprimoramento técnico de crianças e adolescentes, além da regulamentação da licença esportiva, por meio da qual os atletas podiam se ausentar do trabalho para participar de treinos e competições sem perda salarial.

"Durante a sua estadia no exterior, por ocasião de competições internacionais como os Jogos Olímpicos e Pan-Americanos, os atletas cubanos recebem ofertas de agenciadores a serviço de clubes e empresas de grande magnitude que investem e lucram no setor esportivo", explica Beschizza Valentin. Além da oportunidade de ganhar um bom dinheiro, vários atletas cubanos têm optado pela deserção motivados pelo desejo de viver em outras partes do mundo e conhecer de perto outras culturas.

Caso parecido ao de Andy Cruz aconteceu com Fernando Dayan Jorge, de 25 anos. O cubano foi oficializado como integrante do time de refugiados dos Jogos de Paris em 2 de maio. Desde então, o atleta intensificou a preparação para defender o ouro olímpico na canoagem de velocidade em Paris.

Menos de um ano após a disputa em Tóquio, ele aproveitou um período de treinamento na Cidade do México em março de 2022 para fugir para os EUA. Durante o trajeto até a Flórida, ele chegou a salvar a vida de uma mulher ao atravessar o Rio Grande, na fronteira entre os dois países. Jorge conta uma bolsa de US$ 1.500 (R$ 8.200 aproximadamente) do Comitê Olímpico Internacional e sonha em disputar as Olimpíadas de Los Angeles, em 2028, pelo time norte-americano.

Estadão
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