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Quem é Raquel Kochhann, porta-bandeira do Brasil que venceu câncer antes dos Jogos Olímpicos

Atleta de rugby de sete participa de sua terceira Olimpíada e se diz honrada em representar o País

23 jul 2024 - 08h04
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Aos 31 anos, a brasileira Raquel Kochhann não teve um ciclo olímpico fácil. Na tarde desta sexta-feira, dia 26 de julho, a jogadora de rugby de sete representa o Brasil como porta-bandeira do País na Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Ela, no entanto, teve de enfrentar grandes desafios para desfilar ao lado de Isaquias Queiroz, o outro porta-bandeira.

Kochhann está em sua terceira Olimpíada e, além das proezas esportivas, recebeu a honra de representar o Brasil como uma forma de reconhecer a árdua jornada que enfrentou para chegar na França: Raquel é a primeira atleta brasileira a disputar os Jogos Olímpicos após se recuperar de um câncer.

Natural de Saudades, em Santa Catarina, ela sonhava em ser jogadora de futebol desde pequena e chegou a atuar pelo Juventude. Em 2010, foi pré-convocada para a seleção brasileira sub-17, mas acabou sendo cortada após uma lesão. Aos 19 anos, conheceu o rugby e optou por seguir caminho na modalidade.

Em pouco tempo, se tornou uma das líderes da seleção brasileira de rugby e participou dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro-2016, quando a modalidade estreou no torneio, e em Tóquio-2020.

Pouco antes da edição japonesa, entretanto, a jogadora notou um estranho caroço no peito. Ela chegou a se consultar com os médicos do Time Brasil durante a competição, mas nada de anormal foi detectado. Um ano depois, no entanto, o caroço havia dobrado de tamanho e células cancerígenas foram detectadas no local. Ela estava com câncer de mama.

Esse já era o segundo baque para ela. Kochhann recebeu a notícia pouco após ter rompido o ligamento cruzado anterior do joelho direito na última etapa do Circuito Mundial, em Toulouse, na França.

Ao todo, foram dois anos de recuperação fora dos gramados. Em conjunto com a quimio e radioterapia, a jogadora também realizava exercícios adaptados para se manter em forma e permanecia junto ao grupo da seleção brasileira para fortalecer o aspecto mental e o vínculo emocional do time.

"Nunca vi nada parecido na minha vida. A Raquel mostrou uma força incrível neste período, vinha treinar todos os dias mesmo durante o tratamento. E, quando não estava treinando, ajudava a equipe da forma que podia: filmando as atividades, levando água para as companheiras ou motivando a equipe. É um exemplo para todos nós", afirma o treinador da seleção feminina, Will Broderick.

No final de 2023, voltou a competir profissional pelo Charrua Rugby Clube, do Rio Grande do Sul, no Campeonato Brasileiro. E então, em janeiro de 2024, recebeu a notícia que tanto esperava: voltou a ser convocada pela seleção brasileira. Em conjunto com a equipe, fez uma forte campanha no cenário mundial e assegurou a vaga brasileira em Paris 2024.

"Essa sensação de levar a bandeira para o mundo inteiro ver em uma Cerimônia de Abertura é algo que não consigo explicar em palavras. Trabalhamos muito no Brasil para que o rugby cresça e ganhe seu espaço. Sabemos que a realidade do nosso esporte não é ter uma medalha de ouro por enquanto, apesar de termos esse sonho. Mas sempre vi que quem carrega essa bandeira tem uma história incrível e representa uma grande conquista", afirmou Raquel.

O rugby brasileiro está no Grupo C e abre a jornada de competições no Stade de France com duas partidas no dia 28 de julho, às 12h contra a França e às 15h contra os Estados Unidos. No dia 29, às 10h, o time pega o Japão.

Estadão
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