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Seleção masculina de futebol começa caminhada pelo bi em reencontro com a Alemanha

Sem astros como Neymar, Brasil encara a Alemanha, rival da final olímpica no Rio, em 2016, quando ficou com o ouro

21 jul 2021 - 05h11
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A dificuldade da CBF em conseguir a liberação de alguns dos principais jogadores da seleção olímpica tirou boa parte do favoritismo do Brasil na briga por uma medalha, mas a estreia da equipe nos Jogos de Tóquio nesta quinta-feira, às 8h30 (horário de Brasília), diante da forte Alemanha, servirá para se ter uma noção da força do remendado time de André Jardine.

Se a expectativa era que o Brasil defendesse o ouro olímpico no Japão com nomes como Neymar, Marquinhos, Weverton, Rodrygo, Vinicius Junior e Pedro, a realidade é que a seleção entrará em campo com Daniel Alves, Guilherme Arana, Gabriel Menino e Claudinho.

Daniel Alves, de 38 anos, é o ponto de referência. Caberá ao jogador do São Paulo ditar o ritmo no meio, fazendo a ligação entre a defesa e o ataque. Fora de campo, Daniel usa a experiência de quase 15 anos na seleção principal para transmitir tranquilidade aos jovens. "Ele é sem palavras. Eu não o conhecia pessoalmente, de conviver, só de jogar contra. Tenho o Daniel como exemplo, por tantos títulos, é o cara que mais ganhou no futebol, então tem de respeitar. Estou feliz de estar aqui com ele. É um cara que junta o time", disse o meia Claudinho, do Red Bull Bragantino.

A estreia do Brasil nos Jogos Olímpicos será em um local que traz boas lembranças ao torcedor brasileiro. Foi no Estádio Internacional de Yokohama que o Brasil conquistou o penta em 2002 após vitória por 2 a 0 sobre a Alemanha, com dois gols de Ronaldo Fenômeno. Dez anos depois, o Corinthians ganhou no mesmo estádio o Mundial de Clubes com um gol de Guerrero diante do Chelsea.

O caminho da seleção até o jogo desta quinta foi cheio de percalços. O caso do atacante Malcom, ex-Corinthians, ilustra bem a situação. Ele foi convocado na lista inicial de Jardine ainda no dia 17 de junho. O problema é que o Zenit St. Petersburgo não liberou o atleta e a comissão técnica, então, resolveu chamar Martinelli, do Arsenal. Tudo mudou após Douglas Augusto, lesionado, acabou cortado do grupo. Aí, a CBF voltou a pedir ao Zenit a convocação de Malcom e conseguiu que o atacante se juntasse à seleção somente na noite da última segunda-feira, mais de um mês depois da convocação inicial.

Outra dor de cabeça enfrentada pelo técnico do Brasil foi com o goleiro Brenno, que não pôde embarcar para o Japão com o restante da delegação no fim de semana. Ele testou positivo para covid-19 em exame realizado no dia 15, na Sérvia. O jogador chegou a ser submetido ao exame de contraprova, mas o laudo não saiu a tempo do embarque. O que chamou atenção do departamento médico da seleção é que o atleta havia sido diagnosticado com a doença recentemente, por isso acreditava-se ser um caso de falso positivo, o que se confirmou depois.

Brasil e Alemanha vão reeditar em Yokohama a final dos Jogos do Rio, quando a seleção conquistou o inédito ouro nos pênaltis. "Naquela final, reuni minha família, estava em casa, nervoso. Todos os jogadores queriam estar no campo, ajudar, mas eram muitos jogadores qualificados e, graças a Deus, conseguimos ser campeões. Fiquei feliz. Hoje estou podendo disputar uma Olimpíada, se Deus quiser quero chegar à final e levar esse ouro olímpico ao Brasil", disse Claudinho.

Os alemães contam com uma talentosa geração, agora comandada pelo técnico Stefan Kuntz, campeão da Eurocopa de 1996 como jogador. Depois da Olimpíada de 2017, a seleção sub-21 chegou a três finais do Campeonato Europeu e conquistou dois títulos: 2017 e 2021. No fim de semana, a seleção ganhou destaque após abandonar o amistoso contra Honduras depois de o zagueiro Torunarigha ter sido alvo de ofensa racista.

O Brasil está Grupo D, ainda com Costa do Marfim e Arábia Saudita. O torneio reúne 16 times. Os dois melhores de cada chave avançam.

GAROTOS DE OURO COM APETITE - ANÁLISE DE ROBSON MORELLI

Exceto por Daniel Alves, que dispensa apresentações, os garotos do técnico André Jardine brilham como ouro em seus respectivos times. São todos bons de bola. Nesses Jogos Olímpicos de Tóquio, eles buscam a segunda conquista olímpica. Devem jogar com apetite para entrar para a história. Não são consagrados. No máximo, cada um deles tem feitos importantes, mas nada comparado à um ouro. Esta pode ser a carta na manga de Jardine. Convencê-los de que é possível. O 'não', o treinador já recebeu dos clubes europeus e também de alguns do Brasil.

Nem Tite ajudou desta vez. Ele negociou para que os principais atletas estivessem com ele na Copa América e deixou seu colega da seleção olímpica com a raspa do tacho.

Parece claro, numa CBF sem comando porque seu presidente eleito está afastado por acusação de assédio moral e sexual contra uma funcionária, que o ouro nos Jogos já não tem mais tanta relevância depois da primeira conquista, no Rio, em 2016, quando Neymar bateu aquele pênalti no Maracanã contra a Alemanha, mesmo adversário da estreia no Japão.

Daí a necessidade de Jardine e Daniel Alves, o comandante em campo pela sua experiência, de agrupar o time e dizer a todos esses meninos da importância, sim, do que estão prestes a fazer em Tóquio.

Estadão
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