'Sinto dor todo dia', diz jogadora de vôlei em preparação para Olimpíada
Bicampeã olímpica, Thaisa busca mais uma medalha em Paris após ausência em Tóquio por causa de lesão
Thaisa chega a Paris para disputar a sua quarta edição olímpica, após ficar de fora dos Jogos de Tóquio-2020 por lesão. Aos 37 anos, a bicampeã olímpica revela sentir dor todos os dias e lidar com as sequelas de suas lesões, mas garante que o amor pelo esporte e a sede de mais uma medalha são suas motivações para passar por cima disso.
"A minha ambição é buscar mais uma medalha olímpica, com certeza o ouro. O que me trouxe de volta é o amor a esse esporte que mudou a minha vida, mudou a vida da minha família e me mudou como pessoa. É o amor pelo esporte que me move na Seleção Brasileira e também no clube. É uma rotina muito cansativa, mas vale cada segundo. Quando chega um fim de carreira, no meu caso de Seleção, é que a gente consegue entender a importância e a grandeza que tem tudo isso aqui", afirmou a central durante treino aberto no Gymnase Des Docks.
Além dos adversários, a atleta terá que vencer outra barreira: a dor. Segundo ela, ela nem precisa estar em quadra para sentir dor, algo que já é uma constante em sua vida.
"Eu sinto dor todo dia, independentemente do momento. Eu já acordo sentindo dor, mas é o que eu falo. São escolhas. Eu escolhi passar por isso, eu já sabia que isso iria acontecer. Então eu preciso estar pronta. Fico na fisioterapia, me preparo na academia. Quando você está focada mentalmente, até as dores você consegue superar", explicou ela.
Para lidar com isso, ela toma alguns cuidados especiais em sua rotina, como utilizar uma proteção especial no joelho esquerdo para treinar e jogar.
Thaisa tem 37 anos e começa sua caminhada para a terceira medalha na próxima segunda-feira, 29, quando o Brasil enfrenta a seleção do Quênia. Ela relembra sua trajetória no esporte e se emociona ao comentar o início da carreira.
"Quando eu era novinha, parecia tudo muito normal. Com o tempo, eu entendo o quanto eu vou sentir falta quando tudo isso acabar. Então, eu acho que percebi que, muitas vezes, eu deixei passar no automático e não vivi com tanto emoção e com tanto sentimento quanto eu tô vivendo agora. É o amor por tudo isso, pelo meu país, pelo meu esporte”, acrescentou a jogadora.
Ela ainda comentou o que diria para a sua versão de 21 anos, que estreou nos Jogos de Pequim 2008 com medalha de ouro.
''Eu falaria para a Thaísa de 21 anos para ela aproveitar e viver realmente isso. Estar nos Jogos Olímpicos não é normal, é o que todos atletas do mundo buscam e nem todos conseguem. Eu ia muito no automático, lógico que eu estava feliz, mas não tinha noção da grandeza. E eu falaria para ela se cuidar, se focar, cuidar da parte física, cuidar do seu mental, porque você vai precisar lá na frente, hoje, principalmente. Eu fico um pouco emocionada quando eu penso nessas coisas. Estou um pouco sentimental ultimamente. Eu não gosto de chorar não, mas me emociona, porque vai ser a última com a Seleção", finalizou ela, com os olhos marejados.