Skatista medalhista olímpico em Tóquio diz que apoiará nova gestão da modalidade
A cinco meses das Olímpiadas de Paris 2024, o comando do esporte vive um impasse
A mudança na gestão do skate no Brasil gerou grande repercussão dentro da comunidade dos skatistas. A nomeação da Confederação Brasileira de Hóquei e Patins (CBHP) para comandar o esporte no país dividiu opiniões. Com isso, o Lance! conversou com o primeiro brasileiro medalhista olímpico no skate, Kelvin Hoefler, sobre o impasse.
Qual a importância de dar voz aos skatistas para as decisões em relação a gestão do esporte?
- Acredito que a voz do skatista sempre será a mais importante, porém o skatista tem que analisar pelo que eles estão lutando. O skatista tem que manobrar, ser rebelde sim, mas não se meter em política e sim em se unir e pedir uma estrutura melhor nos campeonatos, regras que não pode passar vela nos obstáculos, juízes que não estão fazendo um bom trabalho. Isso sim é o papel do skatista de ter voz e lutar pelos direitos de melhorias dentro do esporte. Acredito que o COB tem capacidade de tomar boas decisões políticas e já está acostumado com gestões de esportes - afirmou, Kelvin.
Segundo o medalhista de prata, mesmo que fora do quadro olímpico, é importante fomentar outras modalidades do skate. O atleta ainda ressaltou que apoia a nova gestão, assim como fez com a CBSk.
- O skate não se resume apenas aos skatistas olímpicos não, tem que focar muito nas categorias de base mirim, iniciantes e amadores. Sem contar que existem outras modalidades esquecidas como o downhill, para-skate, slalom e o vert. Por exemplo, no street masculino eu vejo muitos skatistas jovens do Japão participando e isso seria interessante se o Brasil começasse a dar oportunidade para as futuras gerações de skatistas olímpicos para nos representar no futuro. E tem mais uma coisa, assim como eu já apoiei a gestão antiga eu também apoio a Skate Brasil e se eles não fizerem um bom trabalho e apenas não vou fazer parte - disse, Hoefler.
Como você vê essa mudança de gestão do skate no Brasil? Ela é mais positiva ou negativa para o esporte?
- Acredito que a mudança na gestão não irá impactar em nada na minha rotina como atleta. Eu sempre andei de skate, independente da confederação que administrava, quem me apoiava eram os meus pais - respondeu, o skatista.
Diversos atletas prestaram apoio a CBSk nas redes sociais, você acredita que isso pode interferir na participação deles nas Olímpiadas?
- Acredito que todos eles estão no direito deles se expressarem em um país onde a democracia existe e a participação de cada atleta ou não vai depender única e exclusivamente da decisão de cada um - completou.
O Lance! também conversou com o experiente skatista Rodil Rubens. O Ferrugem, como também é conhecido, também opinou sobre a repercussão da mudança de gestão do skate no Brasil, entre os atletas.
- Isso é natural da cultura do skateboard. Defendemos tudo que construímos e conquistamos nas últimas décadas em termos de relevância e influência social. Por outro lado, a gestão da CBSk não estava atingindo todos os níveis e categorias do skateboard brasileiro. Precisamos ter resiliência e entender que uma mudança é uma oportunidade de preencher essas lacunas - disse, Ferrugem.
A nomeação da CBHP como gestora do esporte no Brasil desagradou inúmeros skatistas. Nomes como Rayssa Leal, Pedro Barros e Pâmela Rosa se posicionaram contra a mudança e prestaram apoio à CBSk. O presidente da Confederação Brasileira de Skate, Eduardo Musa, emitiu um comunicado e chamou a decisão de "árbitraria". Por outro lado, o presidente da CBHP, Moacyr Junior, reforçou o compromisso com a gestão do skate, principalmente por se tratar de ano olímpico.