Squash e beisebol podem tirar luta greco-romana dos Jogos de 2020; saiba
Além de decidir a sede dos Jogos de 2020, a reunião do Comitê Executivo do Comitê Olímpico Internacional (COI) realizada neste final de semana em Buenos Aires vai dar fim a uma das maiores polêmicas recentes no mundo esportivo: a exclusão da luta greco-romana do programa do evento. Os membros da entidade votarão pela permanência da modalidade ou sua substituição – os candidatos são squash e o combo beisebol/softbol; entenda.
A decisão a ser tomada valerá a partir dos Jogos de 2020 – as cidades que concorrem a sede são Istambul (Turquia), Madri (Espanha) e Tóquio (Japão). Não é incomum que o COI reveja as modalidades inclusas no programa olímpico, e foi em um desses procedimentos que, em fevereiro, foi anunciado a exclusão da luta greco-romana. Entre os critérios para a decisão aparecem venda de ingressos na última edição do evento, participação global e cotas de televisão.
A escolha, no entanto, chocou a comunidade olímpica, já que a luta greco-romana é uma das modalidades mais tradicionais, que remete à Grécia Antiga – berço do evento – e presente desde os primeiros Jogos da Era Moderna, em Atenas 1896. Ex-campeões, atletas e personalidades esportivas protestaram publicamente e petições foram feitas para a manutenção do esporte. Neste final de semana, os membros do COI terão de enfrentar a pressão internacional ao fazer sua escolha. Há alguns fatores que podem influenciar a mudança.
Um deles é a tendência do COI de priorizar esportes que tenham número de mulheres competidoras próximo ao de homens. Nos Jogos de Londres 2012, os homens disputaram medalhas em 30 eventos a mais do que mulheres (10% do número total de eventos) e superaram o sexo oposto em número por 1233. Em 11 entre as 26 modalidades da Olimpíada, as mulheres tiveram menos vagas do que os homens. Esse aspecto gera protestos de grupos feministas por todo o mundo, e há promessa do COI para reduzir as diferenças. Em boa parte, ele é causado pela luta greco-romana, modalidade dominada pelos homens.
Aí está o trunfo do beisebol (para os homens) e o softbol (para as mulheres), modalidades amplamente difundidas por todo o planeta, com grande potencial comercial e interesse do público – principalmente em grandes potências como os Estados Unidos. O que complica essa modalidade é o elevado número de atletas, outro problema que o COI tenta amenizar. Em Londres 2012, por exemplo, competiram 10.903 pessoas. Não é fácil – nem barato – para as cidades-sede hospedarem tantas pessoas.
O número de participantes é um aspecto que faria os membros do COI optarem pelo squash. Enquanto a luta greco-romana tem vários atletas em diversas categorias divididas por peso e o beisebol/softbal é um esporte coletivo, o squash usa apenas duas pessoas (ou quatro, se a disputa for por duplas), divididas apenas entre masculino e feminino. Sem contar o fato de ser um esporte muito praticado no mundo todo, o que daria base para sua eleição para o programa da Olimpíada de 2020.
São esses os aspectos que devem ser levados em conta neste final de semana pelos membros do Comitê Executivo do COI. Excluir a luta greco-romana é uma decisão polêmica, mas que ao final das contas pode se mostrar benéfica para uma realidade menos sexista e mais barata. A luta nunca deixou de fazer parte do programa olímpico, enquanto o squash luta para aparecer pela primeira vez. O beisebol esteve presente em cinco edições (de 1992 a 2008), embora tenha sido disputado como exibição em outras oito. O softbol soma quatro aparições (de 1996 a 2008).