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Sucessor de Arthur Elias no Corintihians, Lucas Piccinato aposta que ‘jogo será decidido em duelos individuais’

Seleção brasileira de futebol feminino enfrenta os EUA neste sábado, às 12h, valendo a medalha de ouro inédita

10 ago 2024 - 05h00
(atualizado às 10h26)
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A seleção brasileira jogará pelo ouro olímpico no sábado, 10, contra os Estados Unidos
A seleção brasileira jogará pelo ouro olímpico no sábado, 10, contra os Estados Unidos
Foto: REUTERS/Luisa Gonzalez

A Seleção Brasileira feminina de futebol disputa a medalha de ouro com os Estados Unidos nos Jogos Olímpicos de Paris neste sábado, 10, a partir das 12h (de Brasília), no Estádio Parque dos Príncipes, na capital francesa. E o técnico Lucas Piccinato, de 33 anos, entende muito bem do assunto, já que assumiu o comando do Corinthians em dezembro do ano passado com a missão de substituir Arthur Elias, que, após conquistar vários títulos no futebol feminino do clube, assumiu o comando da Seleção.

  • A cobertura dos Jogos de Paris no Terra é um oferecimento de Vale.

O treinador corintiano espera que a ‘zica’ saia de vez da camisa verde e amarela. “Espero que, dessa vez, o Brasil possa tirar esse trauma que se tem nos confrontos com os Estados Unidos e sair campeão, que é um time que merece muito", disse em entrevista exclusiva ao Terra.

Lucas Piccinato destaca que as jogadoras brasileiras estão preparadas para a pressão. “E eu tenho certeza que o Brasil vai fazer um grande jogo, que a gente vai sair com um belo resultado e que o Brasil merece muito por todos esses anos de luta e trabalho realizado”.

O técnico de futebol feminino acredita que a partida vai ser decidida em um talento individual. “Vai ser um jogo decidido muito em duelos individuais”.

Lucas Piccinato substituiu Arthur Elias quando deixou o Corinthians e assumiu a seleção brasileira feminina
Lucas Piccinato substituiu Arthur Elias quando deixou o Corinthians e assumiu a seleção brasileira feminina
Foto: Rodrigo Gazzanel/Agência Corinthians

Veja a entrevista completa a seguir.

Terra: O que podemos esperar da Seleção na final dos Jogos?

Lucas Piccinato: Podemos esperar uma grande partida, uma final de Jogos Olímpicos e o tradicional Estados Unidos e Brasil, que já fizeram grandes jogos. Vai ser mais um grande espetáculo. Espero que dessa vez o Brasil possa tirar esse trauma que tem e sair campeão, que é um time que merece muito.

Terra: A pressão pelo primeiro título olímpico atrapalha?

Lucas Piccinato: É natural que uma final de Jogos Olímpicos gere uma pressão muito grande, mas esse grupo de atletas e de comissão técnica que está lá é muito acostumado a viver situações como essa. Se preparou muito: técnico, tático, físico e mentalmente para viver essa situação. E eu tenho a certeza de que o Brasil vai fazer um grande jogo, que vamos sair com um belo resultado. O Brasil merece muito por todos esses anos de luta e trabalho realizado.

Jogadoras da seleção comemoram classificação à final dos Jogos de Paris
Jogadoras da seleção comemoram classificação à final dos Jogos de Paris
Foto: REUTERS/Andrew Boyers

Terra: Acredita em um jogo aberto ou mais fechado por se tratar de uma final?

Lucas Piccinato: Vai ser um jogo decidido muito em duelos individuais. Os encaixes da seleção brasileira nas últimas duas partidas de mata-mata deram muito certo, tirando bastante o conforto dos adversários nas suas saídas de bola. É assim que o Brasil gerou tanto o gol contra a França quanto as muitas oportunidades contra a Espanha. O Brasil deva repetir essa mesma fórmula. Os Estados Unidos são um time que gostam muito de um jogo de transição. O jogo vai ser decidido em duelos, como foi o jogo da final da Copa Ouro no começo da temporada. Só espero que dessa vez a gente possa sair com um resultado favorável.

Terra: O Brasil evoluiu durante a competição?

Lucas Piccinato: O Brasil cresceu na competição como era esperado. Caiu num grupo muito complicado, que talvez não tinha nenhuma equipe que que fosse tachada como a pior do grupo. Mesmo a Nigéria complicou o jogo contra todo mundo. Sabíamos que o Brasil precisava passar dessa primeira fase para poder mudar a chavinha do campeonato, como mudou a fórmula de mata-mata é uma fórmula que privilegia quem mentalmente está bem naquele momento. O Brasil foi muito feliz nas duas partidas que fez no mata-mata.  Fez uma postura muito forte e eu tenho certeza que que vai seguir essa toada para a final, para para conseguir essa tão desejada medalha de ouro.

Terra: A Marta ficou de fora de 2 jogos. É a favor que ela seja titular?

Lucas Piccinato: A Marta é a maior jogadora da história do futebol feminino e poder ter o luxo de contar com uma atleta desse porte que somente a seleção brasileira tem. Infelizmente, a ela ficou de fora das duas últimas partidas por conta de uma expulsão, mas está com uma carga de jogo muito boa, no sentido de que está descansada para poder fazer um grande jogo, seja iniciando ou vindo do banco de reservas. Ela tem uma importância muito grande e eu tenho certeza que vai ajudar muito a seleção brasileira a ser campeã olímpica.

Marta em partida pela seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de Paris
Marta em partida pela seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de Paris
Foto: REUTERS Benoit Tessier

Terra: Essa deve ser a despedida da Marta com a camisa do Brasil. Como analisa?

Lucas Piccinato: Com certeza deve ser o último momento olímpico e fechar esse ciclo com uma medalha e a tão sonhada de ouro, depois de duas pratas, vai ser uma coroação merecida para a 'Rainha do Futebol'. É uma atleta muito bem dotada fisicamente e que sempre se cuidou muito. É natural que ela siga jogando no nível alto tanto pela seleção quanto pelo seu clube nos Estados Unidos, onde nesse momento inclusive é o líder da competição e ela sendo uma atleta muito importante.Se ela seguir como referência dentro do seu clube, vai seguir ativa pela seleção, porque é uma atleta que representa muito para a modalidade. E ela vai tomar a decisão de quando parar, no momento dela, talvez quando não consiga ajudar. Mas sempre quando está em campo, assim como foi nos Jogos Olímpicos até aqui, nos dois jogos quando esteve em campo sempre ajudou muito.

Terra: Quais os pontos positivos e negativos dos EUA?

Lucas Piccinato: É uma equipe extremamente vertical, não gosta tanto da bola como a Espanha e busca o gol a todo momento.  É um time muito bem preparado fisicamente e conta com muitos títulos e uma camisa muito pesada dentro do futebol feminino. Sempre entra nas competições como o time a ser batido e dessa vez não vai ser diferente. Talvez chegue com um salto um pouco mais alto. São dez anos que o Brasil não vence a seleção americana e naturalmente cria se um pouco de relaxamento. A linha defensiva tem um pouco de dificuldade quando é agredida de forma vertical. E o Brasil tem feito isso muito bem, uma pressão muito forte e tenho certeza que mais uma vez a gente vai fazer um grande jogo nesse sentido.

Terra:  Quem é o principal destaque americana?

Lucas Piccinato:  Está nessa nova renovação. Algumas atletas de menos de 25 anos surgiram no cenário nacional. E Trinity Rodman, filha do Dennis Rodman, tem feito uma grande Olimpíada. Sua linha defensiva presa pela experiência.

Terra:  Como analisa o trabalho do Arthur Elias à frente da Seleção?

Lucas Piccinato:  É um trabalho novo, mas que já vem demonstrando toda a força e capacidade que esse grande treinador tem. Sempre teve no futebol feminino nacional e agora no modo internacional também. Tem feito o trabalho de renovação, mudança, e valoriza o futebol brasileiro. O  Brasil chega muito pronto por todo esse trabalho mental que é feito pela comissão e pelo Arthur para surpreender o mundo. Ele disse que o Brasil brigaria por por título e ele já cumpriu o prometido. Temos que concretizar essa campanha com chave de ouro, porque é um grande momento para o futebol feminino brasileiro.

Técnico Arthur Elias em jogo do Brasil contra Espanha
 6/8/2024   REUTERS/Andrew Boyers
Técnico Arthur Elias em jogo do Brasil contra Espanha 6/8/2024 REUTERS/Andrew Boyers
Foto: Reuters

Terra:  Como vê a evolução do futebol feminino no Brasil?

Lucas Piccinato: Demorou muito tempo para que se existisse uma profissionalização e que os clubes olhassem para a modalidade da maneira como tem sido agora. Desde 2019, que foi realizada a Copa do Mundo na França, que mudou um pouco o panorama. Vejo os clubes, atletas, treinadores se profissionalizando. A modalidade hoje já está em um outro patamar. Muita gente coloca como uma necessidade de a jogadora brasileira sair para o mercado do exterior para que o Brasil possa competir em alto nível e acho isso uma grande falácia. A atleta tem que sair se realmente for uma situação interessante para ela como profissional. Mas hoje, dentro do futebol feminino brasileiro, consegue se desenvolver e ter um campeonato competitivo, com duelos interessantíssimos e que pode se preparar muito bem para competir em nível internacional. Hoje são dez atletas do grupo de 22, que que jogam no futebol brasileiro e isso é muito gratificante, porque tem muito bons trabalhos sendo realizados no Brasil . A tendência é que se qualifique cada vez mais, se profissionalize.

Terra: Qual é o legado que o futebol vai ter se realmente o ouro vier?

Lucas Piccinato: Se o ouro vier, os clubes cada vez mais vão se profissionalizar, e olhar com carinho para a modalidade. E isso tende a fazer com que a competitividade e novas boas atletas surjam cada vez mais,como tem sido.

Fonte: Redação Terra
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