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'Vou ficar feliz se outro atleta superar minha marca', diz Scheidt, recordista de medalhas em Olimpíadas

Ex-iatista acumula cinco conquistas em Jogos Olímpicos e reconhece: 'Mais cedo ou mais tarde, será quebrado'

3 ago 2024 - 05h00
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Robert Scheidt mostra a medalha de ouro conquistada em Londres-2012
Robert Scheidt mostra a medalha de ouro conquistada em Londres-2012
Foto: Nilton Fukuda/Estadão Conteúdo

Os ex-iatistas Robert Scheidt e Torben Grael são os maiores medalhistas olímpicos da história do Brasil, com cinco conquistas cada um. Grael tem dois ouros, em Atlanta-1996 e Atenas-2004, uma prata, em Los Angeles-1984, e dois bronzes, em Seul-1988 e Sydney-2000; já Robert Scheidt soma dois ouros, em Atlanta-1996 e Atenas-2004, duas pratas, em Sydney-2000 e Pequim-2008, e um bronze, em Londres-2012.

  • A cobertura dos Jogos de Paris no Terra é um oferecimento de Vale.

Nos Jogos Olímpicos de Paris, ambos correm o sério risco de perder o recorde para Rebeca Andrade, que até agora tem quatro medalhas. Em Tóquio-2021, conquistou ouro no salto e prata no individual geral. Na capital francesa, foi bronze ajudando a conquistar a primeira medalha do Brasil, na final em equipes, e, na quinta, 1º, ficou com a prata no individual geral. 

Ainda em Paris-2024, a ginasta tem mais três finais para disputar: no salto, que ocorre neste sábado, 3, às 11h20 (de Brasília); na trave, na segunda-feira, 5, às 7h38, e solo, no mesmo dia, às 9h23.

Rebeca Andrade se torna brasileira com mais medalhas em Jogos Olímpicos
Rebeca Andrade se torna brasileira com mais medalhas em Jogos Olímpicos
Foto: Ricardo Bufolin/CBG

Em conversa com o Terra, Robert Scheidt diz que o caminho está livre para Rebeca ser recordista. “Mais cedo ou mais tarde, o recorde será quebrado. Vou ficar feliz se outro atleta superar minha marca”, destaca.

O ex-iatista, que recentemente lançou o livro Robert Scheidt - O Amigo do Vento, sabe da importância de bater recordes. “As vitórias e medalhas me dão orgulho, claro. É a realização de um trabalho feito com dedicação”.

Scheidt também opina sobre as chances de medalhas na vela em Paris. “Acredito que o Brasil tem boas chances, mas Olimpíada é uma competição de tiro curto e depende de muitos fatores”.

Robert Scheidt nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2021
Robert Scheidt nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2021
Foto: Reprodução/Instagram @robert.scheidt

Veja a entrevista completa:

Terra: Como se sente recordista de medalhas olímpicas?

Robert Scheidt: As medalhas, os recordes, são importantes. São marcas que ficam em uma carreira dedicada ao esporte. Mas aprendi desde cedo a fazer do processo a parte mais importante. Isso significa valorizar todo o trabalho de preparação até chegar ao pódio. E isso ajuda a atravessar os longos e desgastantes períodos de treinamento e também alongar a carreira.

Terra: O que mudou em sua vida?

Scheidt: Sou um cara simples, bem brasileiro. E como a maioria sou tipo bermuda e chinelos. Assim, as vitórias e medalhas me dão orgulho, claro. É a realização de um trabalho feito com dedicação. Mas, como pessoa, não me mudou em nada. Continuo aplicando os ensinamentos que aprendi com meus pais: ser humilde, honesto, respeitar todas as pessoas e trabalhar muito por meus sonhos e objetivos.

Terra:  Quando começou a sua carreira, esperava chegar tão longe?

Scheidt: Na verdade, não. Até conquistar meu primeiro título mundial, na categoria júnior, aos 18 anos, eu não acreditava tanto no meu potencial. E trabalhei muito ao longo dos anos para ir o mais longe possível. Sinceramente, não esperava tanto. A vela, o esporte, me deram muito e sou grato.

Terra:  Este ano, a Rebeca pode igualar ou até passar seu recorde. O que pensa a respeito?

Scheidt: A questão do recorde é um número. Não nego que gosto do título de maior medalhista do Brasil, mas não é isso que me motivou no olimpismo. Mais cedo ou mais tarde, o recorde será quebrado. Vou ficar feliz se outro atleta superar minha marca, mas isso não apaga o que eu fiz na minha carreira.

Rebeca Andrade exibe a medalha de prata conquistada em Paris
Rebeca Andrade exibe a medalha de prata conquistada em Paris
Foto: Luiza Moraes/COB

Terra: Qual é a expectativa do Brasil no iatismo em Paris?

Scheidt: Acredito que o Brasil tem boas chances, mas Olimpíada é uma competição de tiro curto e depende de muitos fatores. Não só do clima, mas como o atleta está física e mentalmente naquela semana. Certo que estarei na torcida por todos os velejadores. Aliás, por todos os atletas brasileiros.

Terra: O clima olímpico é realmente diferente de outras competições?

Scheidt: Não apenas porque é a maior competição do planeta, mas pela pressão por resultados. São quatro anos acordando todo dia focado nesse objetivo. Os Jogos Olímpicos são especiais. No Brasil, particularmente, desperta atenção especial das pessoas e isso é muito bom, ao mesmo tempo que aumenta a responsabilidade dos atletas.

Terra: Como é conviver com outros astros de outros esportes?

Scheidt: Considero normal. Com a convivência, fica claro que todos somos muito parecidos enquanto pessoas, independentemente do país e do sucesso na carreira. Tive a oportunidade de conhecer grandes nomes do esporte, inclusive o Pelé, um grande ídolo e que sempre demonstrou grande humildade. 

O corredor Joaquim Cruz conquistou a medalha de prata em Seul-1988
O corredor Joaquim Cruz conquistou a medalha de prata em Seul-1988
Foto: Sérgio Berezovsky/Estadão Conteúdo

Terra: Quem era seu ídolo?

Scheidt: Meu sonho de me tornar atleta olímpico nasceu após ver o Joaquim Cruz ganhar a medalha de ouro nos Jogos de Los Angeles, em 1984. Eu vi pela TV, e foi aí que tudo despertou. Na minha opinião, o Joaquim é o maior herói olímpico do Brasil. 

Terra:  Você pegou autógrafo? Tirou fotos?

Scheidt: Tive oportunidade de estar com ele em algumas ocasiões, inclusive nos Jogos de Atlanta, que foram minha estreia olímpica e a despedida dele na competição. Foi um momento muito especial.

Fonte: Redação Terra
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