Lutadora se atrapalha, mas defende continência: "orgulho"
Aline Silva, da luta olímpica, faz gesto na hora errada, lembra passado tenso e pede compreensão dos brasileiros
A polêmica da continência no pódio dos Jogos Pan-Americanos de Toronto ganhou mais um capítulo na última sexta-feira, no complexo esportivo de Mississauga, no Canadá. Aline Silva, da luta olímpica, repetiu, mesmo que de forma atrapalhada, o gesto ao receber a medalha de bronze. Na explicação, lembrou o passado de sofrimento com os militares no País, mas se mostrou orgulhosa de participar do movimento e pediu compreensão.
“Sou muito orgulhosa de estar na Marinha. Acho que o Brasil demorou muito para ter uma equipe militar e é uma coisa que só vem para somar. Queria que as pessoas entendessem o que isso significa para os atletas. É um apoio muito grande. Hoje, se meu clube me mandar embora, tenho para onde correr, tenho estrutura no Cefan (Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes), recebo um salário... Tudo bem que o Brasil sofreu muito com os militares, mas está na hora de olhar para frente”, disse Aline após descer do pódio.
Apesar de prestar continência de uma maneira atrapalhada – só fez o movimento com a mão na hora que recebeu a medalha, ao invés de ficar enquanto subia a bandeira brasileira no pódio -, Aline contou que realizou um sonho de menina ao entrar para Marinha.
“Costumo falar que foi um sonho meu resgatado. Quando tinha 17 anos eu pensava em estudar para fazer prova para entrar para aeronáutica. Só que a rotina de treinos e viagens não me deixou estudar o suficiente. Não consegui. Aí você pensa: ‘estou ficando velha, o sonho passou’. Com 27, vi que a Marinha estava abrindo edital. Era minha chance de entrar. Quando entrei fizemos todo aquele curso de introdução, de aprender a rotina militar, e é demais, é um sonho. Para mim, (prestar continência) é reconhecer que conquistei mais um dos meus sonhos através disso”, contou.
Aline foi além. "Unir o esporte com o militarismo é um bom caminho. A sociedade e os jovens precisam disso, poder olhar para policiais com respeito e mudar um pouco essa política no Brasil. Vamos ser um pouco mais otimistas. Eu sou muito realizada", finalizou.
Atualmente, 610 militares fazem parte do programa esportivo ligado às Forças Armadas, sendo 222 da Marinha, 200 do Exército e 188 da Força Aérea Brasileira. Desses, 123 disputam o Pan em Toronto, ou seja, mais de um sexto da delegação nacional é militar.
Ranking Geral | País | Ouro | Prata | Bronze | TOTAL |
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1 | Canadá | 45 | 38 | 27 | 110 |
2 | Estados Unidos | 39 | 34 | 40 | 113 |
3 | Brasil | 22 | 19 | 32 | 73 |
4 | Cuba | 19 | 17 | 20 | 56 |
5 | Colômbia | 19 | 7 | 19 | 45 |
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