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Jogos Pan-Americanos

Aos 17, prodígio quer se divertir e prevê vestibular pós-Rio

Fenômeno do tiro com arco mundial, adolescente brasileiro tenta conviver com pressão por medalha no Rio: "quero só me divertir e atirar"

14 jul 2015 - 15h38
(atualizado às 15h44)
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Fenômeno do tiro com arco, Marcus Vinicius D’Almeida rejeita a pressão que o forçam a carregar em seus ombros. O brasileiro de 17 anos, considerado o segundo melhor do mundo da modalidade em que enfrenta até atletas experientes nascidos na década de 50, é uma das grandes esperanças olímpicas de medalha no Rio de Janeiro em 2016, mas nem liga: quer se divertir e não admite a cobrança criada por um bom resultado.

Marcus era o mais novo da prova do tiro com arco que começou nesta terça-feira nos Jogos Pan-Americanos de 2015. Mesmo assim, tinha o respeito até dos “tiozões” pelos excelentes resultados em seu currículo – foi o mais jovem da história a se qualificar para uma Copa do Mundo da modalidade, na qual terminou em segundo. O resultado na estreia foi bom: sofreu com as condições de tempo, com variação de vento, luminosidade e chuva, mas avançou para as oitavas em quarto lugar para enfrentar o guatemalteco Diego Casto na próxiam quinta.

Marcus Vinicius D'Almeida, 17 anos, estreou nesta terça-feira no tiro com arco no Pan de Toronto
Marcus Vinicius D'Almeida, 17 anos, estreou nesta terça-feira no tiro com arco no Pan de Toronto
Foto: Jorge Rorizi/Exemplus/COB / Divulgação

Ao deixar a prova e atender jornalistas, ficam nítidos os efeitos de sua idade: a fala é tímida e ainda há as tradicionais espinhas da adolescência em seu rosto. Mas o que um garoto que poderia estar jogando videogame faz com toda essa pressão? Rejeita: com fala madura e consciente para a sua idade, sabe que não pode ultrapassar seu limite.

“Quero me divertir e atirar. Você não pode levar tudo muito a sério na vida, se levar tudo a sério você acaba errando. Levo mais no tranquilo, no relax, vou fazer meu melhor. Eu estou aqui porque ganhei a vaga, não é por acaso. Eu vou fazer o que eu posso fazer, nada além de mim”, explicou.

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Com a voz ainda calma e consistente, o jovem pelo menos admitiu: sim, te pressionam em todos os cantos na busca por uma medalha na Olimpíada. O brasileiro, contudo, tem argumentos consistentes para rebater uma possível desilusão nos Jogos em casa.

“Acontece essa pressão, não vou mentir, em todos os cantos vão te cobrar. Mas isso vai do que tem dentro da minha cabeça, nela eu não tenho pressão. Se eu estiver entre os três melhores brasileiros, vou para a Olimpíada, porque são três vagas. E daí em diante vou fazer o meu melhor, ninguém vai poder me cobrar. Ué, cobra na seletiva, por que ninguém cobra na seletiva? Não tem que haver essa pressão tão grande”, rebateu.

Marcus Vinicius D'Almeida, 17 anos, é uma das promessas do esporte brasileiro
Marcus Vinicius D'Almeida, 17 anos, é uma das promessas do esporte brasileiro
Foto: Jarge Rorizi/Exemplus/COB / Divulgação

A pressão por medalha é tirada com estratégias de um adolescente. Entre seus hobbies, está o surfe – “de fim de semana, só quando a namorada deixa” -, mas também joga videogame – nunca o jogo de arco e flecha do Wii. No Pan, afirma que consegue curtir a Vila. Em meio a tudo isso, como é normal para um garoto de sua idade, pensa no vestibular, cujo curso a mente ainda não decidiu. Faculdade? Só depois da Olimpíada.

“Quero prestar vestibular, mas não sei o que. Mas vou prestar pós-Olimpíada. Acho que pós-Olimpíada consigo conciliar. Antes, é fora de cogitação”, contou Marcus Vinicius, que causa inveja entre os amigos do curso a semi-distância. “Eles falam: ‘queria viajar que nem você’. Mas não sabem toda a pressão que a gente vive, quem está fora não sabe o quanto é duro treinar”, opinou o adolescente de 17 anos.

Maduro e consciente do seu talento, o “fenômeno do tiro com arco” se vê no “caminho certo” por uma medalha em 2016. A pressão por isso é natural e tem que ser lidada. Pela voz calma e postura madura, o jovem de 17 anos tem o jeito de quem pode espantar tremeliques de nervoso no braço durante a sua “diversão” no Pan e Olimpíada. 

Fonte: Terra
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