Será? Novato brilha no Pan e segredo pode estar na bicicleta
Ala-pivô da Seleção de basquete não para de se exercitar nem quando está no banco de reservas
Eleito melhor jogador da temporada no basquete espanhol, em votação popular, e tido como uma das grandes promessas da Seleção Brasileira masculina, o ala-pivô Augusto Lima vem mostrando nos Jogos Pan-Americanos de 2015 que quer cavar um espaço em definitivo do grupo de Rubén Magnano. Com uma média de oito rebotes por jogo e sempre figurando entre os maiores pontuadores do time na competição em Toronto, ele tem tudo para ser o ponto de desequilíbrio na final, que acontece neste sábado, às 17h30 (horário de Brasília), contra os donos da casa, o Canadá.
Chama atenção no jogo de Augusto Lima é que mesmo quando sai para descansar no banco de reservas, o jogador volta "pilhado" para quadra. O segredo para isso pode vir de um item não tão comum para quem não está acostumado a ver os jogos de basquete e que tem despertado a curiosidade de torcedores e imprensa nas partidas da Seleção no Pan.
Enquanto todos ficam sentados no banco de reservas dando apoio, descansando ou assistindo o jogo, Augusto Lima fica ao lado das cadeiras, em cima de uma bicicleta ergométrica pedalando. O jogador não para um minuto de rodar as pernas no aparelho quando está fora da quadra. O próprio ala-pivô explica o motivo.
"É para não ficar frio, estou sempre mexendo muito, não posso ficar frio no jogo. É meio que um ritual. Ali não tem peso nela, é só para não perder o aquecimento. Na Espanha também uso bastante. Qualquer lugar é permitido, ninguém se opõe. Todo mundo está focado no jogo, ninguém se preocupa com a bicicleta", afirma, aos risos.
O ritual de Augusto fez com que os membros da organização tivessem que se mexer também, já que a bicicleta não foi trazida pela delegação brasileira. "Nem sei da onde ela surgiu, mas tem me ajudado". Questionado sobre o assunto, o técnico Rubén Magnano brincou. "São novidades, tenho que aceitá-las. Se vai ajudá-lo, utilizamos. Mas para mim que sou velho é estranho", disse, rindo.
O exercício de Augusto Lima causa mais surpresa se lembrarmos a maratona que o Brasil tem feito nesta competição. O time chega à final após jogar quatro dias seguidos, muitas vezes sem descanso de 24 horas, como aconteceu, por exemplo, entre o jogo contra os Estados Unidos (em que deixou a quadra por volta das 23h) e o da semifinal contra a República Dominicana (que aconteceu às 13h30 do dia seguinte).
"Chega em um momento que você não sabe o que é superação pura e dura e você tem que jogar de qualquer jeito. Nos 36 minutos ali parecia que nao passava nunca o tempo. O máximo de repouso, descanso, a gente faz quando não está na quadra". Mesmo ainda sem Magnano anunciar o time que disputará o Pré-Olímpico, o ala-pivô deve ser figura carimbada no torneio, o que o começaria a colocar em uma vitrine para estar na Olimpíada do Rio, em 2016.
"Eu acho que a gente está fazendo um excelente papel neste campeonato. Quem vai decidir é o Magnano. A gente não pode decidir isso. Se tiver que decidir por cada um todo mundo está pronto para servir a Seleção. Isso é papel dele. Se ele me convocar vai ser muito bem-vindo, se não, vou continuar trabalhando para conseguir uma vaga nas próximas seleções".
Do Pan, Augusto Lima tem acompanhado de perto o sucesso de um amigo seu: o armador Raulzinho. O jogador, que faria parte do grupo que está em Toronto e jogou com Augusto na Espanha, teve que deixar a equipe a pedido do seu novo time, o Utah Jazz, que o quis para pré-temporada da NBA. "Eu falo com ele (Raulzinho) quase todos os dias, a experiência está sendo otima. É o sonho dele, acho que ele está sendo muito feliz, para todos nós que gostamos dele pela pessoa que ele é, gostamos muito dele e temos que fazer o melhor possível. Brasil está muito orgulhoso de ter um brasileiro lá".
O ala-pivô também já tentou a sorte no draft da NBA em 2013, mas não deu certo. "Meu sonho é ir a NBA, tenho que continuar trabalhando, continuar focado, ainda não chegou o momento, mas se chegar eu vou estar de braços abertos e agarrar a oportunidade da melhor maneira possível".