Dunga convocará e mandará na Seleção Olímpica até Rio 2016
Rogério Micale, que comandará a equipe na maioria dos jogos, será apenas ouvinte e reprodutor de vontades de Dunga
O técnico Rogério Micale não terá autonomia sobre a Seleção Olímpica, apesar de ser o responsável por comandar a equipe à beira do campo em partidas que coincidirem com datas Fifa do profissional. O treinador, contratado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no último mês de maio para a vaga de Alexandre Gallo, apenas cumprirá ordens de Dunga, que convocará os atletas que achar melhor. O comandante da Seleção principal também treinará o time Sub-23 na Olimpíada.
“Ele que vai convocar. A convocação é dele, a Olimpíada é do Dunga”, disse Micale, que já adiantou que passará um relatório completo para o treinador principal sobre o desempenho do time Sub-22 no Pan. “Vou passar um relatório completo de tudo que aconteceu, do desempenho de cada atleta. Ele tem um grupo, já deve ter a pré-lista. Abrimos o leque e, se acontecer algo com algum jogador, já vimos em uma competição importante como o Pan”, explicou, após a medalha de bronze.
De fato, as observações de Rogério Micale até já têm data para serem entregues: de 3 a 6 de agosto, em congresso da CBF para discutir o futebol. Com relação à Seleção Olímpica, o treinador das categorias de base diz só ser um “fornecedor de informações”. Tanto que chegará ao ponto de se adaptar às táticas de Dunga, que são bem diferentes dos seus pensamentos para o futebol.
“O Rogério tem uma característica que a princípio será adequada à do Dunga. Vamos conversar para alinhar a metodologia. Vou fazer um trabalho adequado ao que o Dunga quer do jogo. Ainda não posso antecipar porque não tive essa conversa. O Rogério tem a característica dele, queremos com conversa entre comissões criar um perfil do que o Dunga pensa para que possamos formar um trabalho que possa fornecer jogadores mais preparados para ele poder servir a equipe principal”, contou.
Enquanto Dunga tem um estilo de futebol de contra-ataque, Rogério Micale tenta promover uma transformação do estilo do futebol brasileiro. O técnico das categorias de base prega uma formação com linhas altas de zagueiros e mais próxima do que é jogado na Europa.
“A resistência é muito forte. Porque sempre foi feito de uma forma, mas essa forma não está dando mais retorno principalmente quando enfrentamos escolas internacionais. Quando enfrentamos uma Libertadores, um Mundial de Clubes. Temos visto que tem dificuldades. Nós precisamos reavaliar. Vamos fazer o futebol só para internamente ou construir algo que a gente realmente possa voltar a ter competitividade? Precisamos avançar. As pessoas que não querem mudanças é porque estão cauterizadas em conceitos que há muito tempo funcionaram, mas que hoje não são suficientes”, dissertou.
Se no Sub-23 Rogério Micale será uma marionete de Dunga, ao menos no Sub-20 poderá começar a implantar sua filosofia e selecionar jogadores, fatos que ainda não conseguiu fazer. Tanto no Mundial Sub-20 como no Pan de Toronto as convocações já haviam sido feitas por Alexandre Gallo.