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Jogos Pan-Americanos

É Tropa de Elite? Brasileiras lidam com rigidez por medalhas

Brasileiras da ginástica rítmica abandonam família, têm vida controlada por técnica e conquistam três medalhas no Pan de Toronto

21 jul 2015 - 09h06
(atualizado às 12h11)
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Sabe as três medalhasduas de ouro e uma de prata – conquistadas pela ginástica rítmica por equipes nos Jogos Pan-Americanos de Toronto? Não vieram com facilidade. As garotas Dayane Amaral, Morgana Gmach, Emanuelle Lima, Jessica Maier, Beatriz Pomini e Ana Paula Ribeiro abdicam de muitos aspectos de sua vida para chegarem ao pódio. As atletas até brincam com frases do filme Tropa de Elite – a disciplina é realmente grande na Seleção.

Todas as meninas, com idades que variam entre 19 e 26 anos, moram juntas em Aracaju (SE), sede da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) e do centro de treinamento da categoria. No grupo todo, são nove garotas que abandonam família, namorado, casa e deixam estudo em segundo plano pelo sonho de representar o Brasil em um Pan. Há garotas de Santa Catarina, Espírito Santo e Paraná. Longe de casa, enfrentam a rigidez da treinadora Camila Ferezin. “Elas têm até uma frase do Tropa de Elite, ‘missão dada é missão cumprida’”, brincou Camila.

Medalha 100, ginasta lembra problemas de saúde e financeiro:

A treinadora regula completamente a vida das meninas. Vai sair para o banco tirar dinheiro? Tem que avisar em um grupo de WhatsApp. Ir para a balada? Nem pensar: 22h30 todas têm que estar dormindo. A alimentação é o principal foco: a porta da cozinha é trancada à noite para que nenhuma garota tente comer escondido. O olhar rígido de Ferezin vem logo acima – a treinadora mora no sexto andar, e as garotas se dividem em apartamentos no quarto e quinto.

“Faz mais de um mês que elas não saem. Porque eu falei que ia apertar na alimentação para emagrecerem. E como elas comem escondido, a gente apertou. 22h30 a capitã é responsável por trancar a porta da cozinha, para ninguém entrar e assaltar. Elas se pesam à noite. 22h30 têm que estar dormindo, não podem sair de dentro da fisioterapia. É muita disciplina”, explicou Camila.

É o segundo ouro do Brasil na ginástica rítmica
É o segundo ouro do Brasil na ginástica rítmica
Foto: Washington Alves/Exemplus/COB / Divulgação

A rigidez com a alimentação é justificável: a ginástica rítmica é um esporte que preza muito a forma magra das atletas em apresentações. Para o Pan de Toronto, as atletas chegaram a perder até 7 kg antes de se apresentarem. Faziam todas as refeições, mas bem pequenas. Com a missão cumprida e o Mundial pela frente, terão quatro dias longe do olhar da treinadora, que promete monitorar de longe.

“Agora acaba a competição eu dou uma certa liberdade para se alimentarem normal. Antes da competição, elas estavam se alimentando bem pouco, tudo com acompanhamento da nutricionista. Agora dão uma relaxadinha de quatro dias que vão para a casa, a mamãe quer agradar a filha. Já chegou ao ponto de eu ligar e pedir: ‘por favor, essa ginasta tem problema de peso, a gente tem um Mundial, cuida da alimentação, não faça bolo, fritura, refrigerante’. É uma coisa chata, mas é um pré-requisito do nosso esporte”, contou a treinadora.

Ginasta: 100ª medalha do Brasil veio "com sangue nos olhos":

Não gostou da rigidez do esporte que conquistou dois ouros e uma prata no Pan de Toronto? Camila Ferezin não se importa: “têm várias disciplinas. Quem entra no grupo tem que concordar. Se não quer, sai”.

Valeu a pena?

Brasileiras exibem medalha
Brasileiras exibem medalha
Foto: Saulo Cruz/ Exemplus/ COB / Divulgação

O desempenho brasileiro na ginástica rítmica no Pan de Toronto foi considerado bom pela comissão técnica. No total, as brasileiras do conjunto levaram dois ouros e uma prata. Já no individual, Angélica Kvieczynski ficou com dois bronzes. O resultado, contudo, caiu em relação ao último Pan.

Em 2011, o Brasil conquistou sete medalhas no total. O conjunto da ginástica levou três ouros nos três aparelhos, enquanto Angélica conquistou uma prata e três bronzes. O Pan de 2007 foi também melhor para o País em equipes, com os mesmos três ouros de 2011, mas no individual houve apenas um bronze, de Ana Paula Scheffer no arco. 

Ranking Geral País Ouro Prata Bronze TOTAL
1 Estados Unidos 65 55 49 169
2 Canadá 55 51 42 148
3 Brasil 30 29 43 102
4 Colômbia 24 8 24 56
5 Cuba 23 18 28 69
Veja o quadro completo aqui
Fonte: Terra
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