De novinha a experiente: musa do polo "cresce e aparece"
Mirella Coutinho esteve em Guadalajara em 2011 com apenas 16 anos. Agora, admite que está mais "madura" em seu segundo Pan
Quem viu Mirella Coutinho no Pan-Americano de Guadalajara em 2011 com 16 anos já consegue enxergar uma menina diferente em Toronto. Em quatro anos, a atleta do polo aquático feminino “cresceu e apareceu” em todos os sentidos: seja dentro das piscinas, com a titularidade e boas atuações, ou fora delas, com sua beleza e eloquência ao conversar com jornalistas.
A então novata já chamava a atenção no México. A aparência e o talento no esporte rapidamente levaram a estreante a aparecer em reportagens na TV e surgir na mídia. Mesmo assim, tinha nítidos traços da adolescência: a fala era tímida e em momentos um pouco envergonhada, com respostas curtas. Não é o observado agora. Com 20 anos, a própria atleta já tem a maturidade de enxergar diferenças em si mesma.
“Eu estou muito mais madura agora. Era muito novinha, tinha 16 anos no outro Pan. Agora estou conseguindo aproveitar de forma diferente, com maturidade. Uma coisa, sabe, dessa concentração, esse clima. Porque é uma miniolimpíada, a gente está se acostumando porque tem 2016 ano que vem e nosso objetivo é ser um time muito competitivo na Olimpíada”, contou.
A experiência que Mirella relata não fica só nas palavras. A jovem está longe de ser a mais velha do grupo – há companheiras já no quarto Pan -, mas já ajuda as novatas a equilibrarem a concentração com os prazeres da Vila Pan-Americana – o Terra visitou o local na última quarta e constatou: é fácil cair em tentação com o entretenimento disponível. Mas dá para curtir as maravilhas da Vila? É claro – com moderação, já que ela namora (desculpe, marmanjos).
“A gente tem tempo livre sempre que pode, pode dar uma volta, mas nunca extrapolar. A gente tem que ser responsável, saber quando tem que dormir, fazer recuperação. Dá para aproveitar tudo e fazer nosso trabalho. Como tem quatro calouras, a gente tem um grupo no whatsapp que falamos: ‘gente, 20h todo mundo na cama porque precisa dormir para estar descansada para amanhã jogar bem’. Então a gente ajuda elas, porque é tão legal tudo lá”, relatou a garota.
Em companhia com a maturidade na cabeça, Mirella Coutinho passou também por um crescimento nas piscinas. A garota é peça-chave do esquema brasileiro com boas atuações. Nesta quinta-feira, contra a Venezuela, abriu o caminho para a vitória do Brasil por 18 a 1 e ainda fez outro gol no duelo. E sabe quem ajudou nisso? Um treinador canadense, que mudou a Seleção.
Patrick Oaten assumiu a equipe em março do ano passado e ganhou o respeito das atletas rapidamente. A evolução das jogadoras é notável: Mirella exemplifica diferenças entre o modelo do técnico gringo e o trabalho feito por brasileiros com o “detalhismo” como principal ponto de crescimento.
“Ele é muito mais detalhista. Acho que é isso que a gente estava precisando. A gente era boa fisicamente, mas não entendia muito o jogo, não tinha muito o ritmo por não jogar muitas partidas por ano. Ele é muito inteligente, estuda todos os times. Para cada time, a gente entra com um plano de jogo diferente para o time que a gente vai jogar naquele dia. É muito diferente, muito específico, muito detalhista”, explicou Mirella.
Em suas palavras já com a experiência acumulada que conseguiu, a jovem ainda aponta outro benefício da atual Seleção: não há jogadoras individualistas. O discurso coeso falado logo após uma partida, sem cair nos jargões explorados pelos jogadores de futebol, mostra que o psicológico da garota é forte, mesmo aos 20 anos. Mirella Coutinho realmente “cresceu e apareceu”.