Joanna Maranhão sobre reza de deputados: “viraria as costas”
Joanna Maranhão controla questionamentos políticos, mas continua com opiniões fortes e criticou ação de deputados na Câmara
Joanna Maranhão está mudada. Mais calma, a sempre questionadora nadadora, que chegou a se aposentar por seis meses das piscinas, decidiu inverter prioridades e passou a focar mais no esporte, deixando um pouco seu lado político de lado. Mesmo assim, continua a dar opiniões fortes sobre assuntos polêmicos. Inclusive um que marcou a política nacional nas últimas semanas e que foi bastante comentado em redes sociais.
Em Brasília, a Câmara dos Deputados presenciou há duas semanas uma cena bastante contestável: políticos da chamada “bancada religiosa” fizeram um protesto e oraram um Pai Nosso em crítica ao uso de símbolos religiosos na Parada Gay realizada na Avenida Paulista, em São Paulo. Joanna Maranhão disse que viraria as costas para a ação, caso fosse deputada, apesar de saber que seria falta de educação.
“Eu viraria as costas, e isso é feio. Minha mãe me ensinou a não virar as costas para ninguém.(...) É perigoso mexer religião com politica. Eu sou religiosa, mas na parte política o estado é laico. Isso não pode mudar”, criticou a atleta, em evento no clube paulistano Pinheiros.
A nadadora revelou, há sete anos, um assédio sexual sofrido de um treinador enquanto criança e conseguiu influenciar ativamente até a alteração do Código Penal Brasileiro com a "Lei Joanna Maranhão", que estabelece que o prazo de prescrição de crimes de abuso sexual passe a ser contado a partir da data em que e vítima completar 18 anos. Por consequência, tirou um pouco o foca da natação à época, envolvendo-se em questões fora da esfera esportiva.
O afastamento de Joanna Maranhão das polêmicas ajudou na retomada nas piscinas. De desempenhos discretos e frustrações antes da aposentadoria, agora é novamente uma das melhores nadadoras do País e representará o Brasil no Pan de Toronto. Tudo isso aos 28 anos, idade com a qual até se espanta.
“Sempre treinei muito bem, mas estou treinando melhor, meu técnico fala que tenho uma recuperação absurda, nem parece que tenho 28 anos. E realmente eu não me sinto com 28 anos. Isso reflete na água, em quão rápido estou nadando ainda”, afirmou a garota, que atribuiu a melhora ao momento afastado da política. “Desde o momento em que resolvi voltar, voltei bem mais calma, bem mais ciente do meu momento de ser só atleta e não questionadora. Estou curtindo muito essa parte de fazer o que eu amo”, contou.
Joanna, no entanto, avalia seguir para a política em 2016 após a – provável – aposentadoria, apesar de lamentar não ter a paciência necessária. “Eu só inverti um pouco as prioridades. Este é o momento de ser atleta, o momento de ser politica e questionadora não é agora. Penso em ser política, mas tenho medo que o sistema vai acabar me expelindo porque eu não faço parte dele. Eu vejo o Jean Wyllys e não sei como ele consegue, acho que não tenho essa paciência”, relatou.
Antes da aposentadoria, o foco dividido entre a política e a natação acabou com o rendimento de Joanna, que se sentia “impotente” por não poder mudar tudo o que imaginava. O inverso ocorre agora: aos 28 anos, disputará um novo Pan-Americano com o prazer de ter ajudado a bater, no início de 2015, o recorde sul-americano da prova 4x200 m. Até onde a questionadora Joanna pode chegar na natação antes de, talvez, enveredar para a política?