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Jogos Pan-Americanos

Pan: Toronto teme hotéis vazios, protesto e elefante branco

Pessimismo geral toma conta de cidade-sede dos Jogos; preocupação com falta de interesse, protesto de taxistas e novas construções

4 jul 2015 - 11h59
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Os jornais de Toronto pouco divulgam os Jogos Pan-Americanos de 2015. Quando há alguma notícia, normalmente a história é negativa: pessimista, a cidade teme um fracasso gigante na disputa que terá a cerimônia de abertura na próxima sexta-feira e que se estende até o dia 26 de julho. Ronda o município sombras de greves, hotéis vazios, além da previsão de elefantes brancos para depois das competições.

Tanto é difícil achar informações sobre os Jogos nas publicações canadenses que as principais reportagens sobre o Pan na última sexta estavam fora das páginas de esportes. Economia e o caderno de cidades são os locais em que normalmente aparecem histórias sobre a competição.

Taxistas podem fazer protesto durante Jogos de Toronto
Taxistas podem fazer protesto durante Jogos de Toronto
Foto: Eduardo Palacio / Terra

O medo de greve já começa a causar efeitos. Nesta sexta-feira, em ação que não teve ligação direta com o Pan, dezenas de funcionários que abastecem avião no principal aeroporto da cidade fingiram doença em uma greve planejada. A atitude causou o cancelamento de diversos voos durante toda a manhã.  

A principal ameaça de paralisação, contudo, vem dos taxistas. Em protesto contra o aplicativo Uber, que também causa polêmica no país, os motoristas planejam parar ruas durante o Pan. Em matéria de capa do jornal Toronto Sun, a polícia local diz que já sabe da intenção de intencionalmente diminuir a velocidade do trânsito nas faixas especiais dos Jogos e que está preparada para tomar medidas. O presidente de uma companhia local afirmou que “qualquer coisa é possível”.

Outra preocupação de Toronto é com o fracasso dos Jogos, que sofre para empolgar até mesmo os moradores da cidade. Além da preocupação com metade dos ingressos disponíveis ainda encalhados, há o temor de que o número de turistas previsto pela organização não se confirme. Diversos hotéis da região metropolitana de Toronto se preocupam com a quantidade de quartos ainda disponíveis – o número até agora é menor do que o do último verão.

Antes de Pan, canadenses aproveitam feriado em Toronto:

Em entrevista ao Financial Post local, empresários do ramo hoteleiro mostram muita preocupação com a situação abaixo do último mês de julho. Um dos problemas é que a organização dos Jogos envia duas mensagens diferentes: uma pede para que os cidadãos fiquem longe de Toronto e trabalhem de casa durante o período dos Jogos, e outra pede para que as pessoas vão assistir ao Pan em... Toronto. O hotel em que a equipe do Terra está hospedada ainda tem vagas para julho, mas afirmou à reportagem que elas estão acabando.

O medo de poucos turistas é conectado com um temor de enorme prejuízo com o Pan. Os organizadores confiavam em 250 mil estrangeiros na cidade, mas o número não deve ser alcançado – agora, o discurso é sobre a divulgação da cidade em mercados-chave como México e Brasil.

Cidade de Toronto mostra pessimismo com Jogos Pan-Americanos
Cidade de Toronto mostra pessimismo com Jogos Pan-Americanos
Foto: Eduardo Palacio / Terra

 As estruturas criadas para os Jogos com custos milionários como novo estádio de futebol em Hamilton (146 milhões de dólares canadenses – R$ 400 mi), o centro de natação (250 milhões de dólares canadenses – R$ 670 mi), o ginásio de badminton, tênis de mesa e pólo aquático (86 milhões de dólares canadenses – R$ 200 mi) e velódromo (56 milhões de dólares canadenses (R$ 130 mi) devem virar, para piorar a situação, elefantes brancos após a disputa.

O mesmo jornal ressalta uma raiva crescente de cidadãos contra o Pan por causa da faixas exclusivas de avenidas para a competição, que servirá para atletas, jornalistas, ônibus, taxis e carros com mais de três ocupantes. “Eu uso carro aqui, pago taxas e não tenho esse direito, por que outra pessoa pode ter?”, reclamou ao Terra Terry O’Brien. “Esse Pan vai deixar a cidade um caos, quero ficar longe daqui”, completou Lucas Henrique, brasileiro que mora há 10 anos na cidade. 

Fonte: Terra
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