Com 480 mortes, ponte de Toronto já foi "ímã de suicidas"
Hoje iluminada para os Jogos Pan-Americanos, ponte Prince Edward, em Toronto, tenta se afastar de passado com estatísticas negativas
Milhares de pessoas a atravessam todos os dias. Seja por uma de suas cinco faixas, pela ciclovia ou pela linha de metrô que a corta por dentro. São muitos motivos que poderiam fazer o Prince Edward Viaduct famoso mundialmente, mas foi uma estatística alarmante que o colocou em destaque. Desde sua inauguração, em 1918, ao menos 480 pessoas escolheram a estrutura metálica que transpõe duas rodovias e o rio Don para tirarem suas próprias vidas. Ao longo do tempo, a ponte carregou consigo o apelido de “ímã de suicidas”, tendo um dos maiores índices de suicídios na América do Norte, ficando atrás apenas da famosa Golden Gate, em São Francisco, nos Estados Unidos.
Foi nos anos 90 em que a situação despertou a atenção da comunidade. Em 1997, a média de suicídio atingiu seu pico: um caso a cada vinte e dois dias. O conselho da cidade aprovou a construção de uma barreira na ponte já no ano seguinte, mas o projeto empacou pela falta de verba na época. Somente em 2003 o projeto foi executado. Neste intervalo de tempo, há uma estimativa de que entre 48 e 60 pessoas tiraram suas vidas no local.
A estrutura escolhida foi chamada de Luminous Veil, com um custo final de 5,5 milhões de dólares canadenses, criada pelo arquiteto Derek Remington e engenheiros da empresa Halcrow Yolles. Ao todo, são 9 mil cabos, cada um separado por uma distância pouco maior de 12 cm e com 5 m de altura. Essa espécie de grade foi testada na Universidade Toronto. Posteriormente, estes testes se comprovaram: o número de mortes no local despencou para zero.
Pouco metros adiante, um viaduto tão alto quanto o Bloor Viaducte segue como continuação da avenida. No entanto, não há nenhum tipo de protelação nele. O que haveria de tão cativante em seus 494m para se tornar tão atrativo para o suicidas?
Esta foi uma preocupação das autoridades após a instalação da Luminous Veil, temendo que o palco dos suicídios apenas mudasse de lugar. Em 2010, uma nova pesquisa constatou que a média de suicídios em outros lugares da cidade permanecia em sua média habitual, sendo que apenas na ponte este número havia caído para zero.
Uma nova imagem
Com números tão alarmantes, mudar a imagem da ponte pode ser quase impossível. De seu passado sombrio, restam as placas em seus acessos que oferecem um serviço de ajuda psicológica para tentar convencer o suicida em potência a mudar de ideia.
Nos Jogos Pan-Americanos de 2015, um novo fundo foi destacado para que a ponte recebesse uma iluminação especial, um projeto engavetado há anos.
Na última semana, a ponte finalmente se acendeu para os moradores de Toronto, que têm comparecido diariamente ao local após as 22h, horário que ela se ilumina, para tirar fotos e aproveitar a nova atração.