Thiago Pereira quer recordes, mas não cria "obsessão" no Pan
Porta-bandeira do Brasil na Cerimônia de Abertura, nadador pode quebrar até três marcas nos Jogos Pan-Americanos de Toronto
Thiago Pereira já tem três Jogos Pan-Americanos nas costas, porém Toronto 2015 tem tudo para ser o mais marcante em sua carreira. Primeiro, por ter sido escolhido o porta-bandeira da delegação brasileira na Cerimônia de Abertura. Segundo, por estar bem próximo de virar o maior medalhista da história dos Jogos Pan-Americanos. Para tentar cumprir esse desafio, o nadador chegou nesta quinta-feira à cidade canadense e, de cara, já participou de uma cerimônia protocolar da entrega da bandeira brasileira. "Nem deu tempo de conhecer a Vila. Tomei café e o Ricardo (Moura, chefe de delegação) já me apressou para vir aqui".
Anestesiado ainda com a notícia que vai ser o porta-bandeira do Brasil, o nadador escutou em sua chegada a Toronto uma enxurrada de perguntas sobre os recordes a serem quebrados. Serão oito provas no total e três marcas a serem batidas. A primeira, mais fácil, é superar Gustavo Borges com 19 medalhas conquistadas e virar o maior medalhista brasileiro no Pan.
Para isso, basta Thiago Pereira subir duas vezes ao pódio. A segunda (nível médio) é ultrapassar o ex-ginasta cubano Erick López Rios como maior medalhista da história do Pan. Para isso, Thiago tem que levar cinco medalhas do Canadá. Porém, o mais difícil ainda está por vir. Pereira também pode passar Ríos no número de ouros. O brasileiro tem 12, contra 18 do cubano. O brasileiro precisaria superar suas marcas no Rio e em Guadalajara, quando subiu 6 vezes no lugar mais alto do pódio.
Questionado se a missão de superar o número de ouros do cubano é a mais difícil, Thiago Pereira mostrou que não está muito preocupado com o feito, tanto que nem lembrava quantos ouros precisava conseguir para superá-lo. "Pode ser que sim. Mas meu grande objetivo no Pan-Americano, como em todas as outras competições, é pensar o dia após dia. Foi assim que conquistei todas as minhas medalhas no Rio em 2007, em Guadalajara em 2011. Então, fui sempre dia após dia, prova após prova, nunca tentando abraçar tudo de uma vez só. Os recordes são emocionantes, meu sonho hoje é de quem sabe estar realizando. Seria maravilhoso para a minha carreira. Mas sei da dificuldade que vai ser. São várias provas".
“Foquei mais no que eu podia fazer, nos meus treinos, na minha preparação. Agora, vai ser o resultado de tudo que eu fiz. Espero estar alcançando seja ouro, quantidade de medalhas... O mais importante é estar conquistando medalhas para o Brasil”, completou Thiago Pereira. Com o semblante tranquilo, mesmo com a pressão destes recordes nas costas, o atleta disse que não tem mais nada que possa mudar até o início das competições.
"É ter calma, ser bastante inteligente dentro das provas. Se der para dosar em algumas provas da manhã e soltar mais na tarde,nas finais. Mas estou bem tranquilo, bem confiante. E a questão do recorde, acho que temos de deixar rolar. É construir dentro da competição, crescer a cada dia, manter a Seleção unida. Não sou só eu que faço parte. Tentar fazer mais uma vez a natação ser o esporte que mais trouxe medalhas para o Brasil em Jogos Pan-Americanos., é buscar tempos... Não estou na verdade pensando nos recordes e medalhas. Lógico que vem na minha cabeça, mas estou pensando prova a prova".
Um obstáculo que pode complicar Thiago para alcançar esses recordes é o fato da competição de natação no Pan ter sido encurtada. O motivo é a proximidade dos Jogos com o Mundial de Desportos Aquáticos, que acontece em Kazan, na Rússia, ainda no mês de julho. “Dificulta um pouco, porque acumula um pouco mais as provas. Mas no Rio também tivemos semifinal, foi mais difícil. Em Guadalajara, tivemos altitude. Então, foi outro fator. Agora, não tem nada. Diminuiu os dias mas pelo meu cronograma não está tão tenso. A minha prova, os 200 m medley é só no último dia, só tem essa prova. Os 400 m medley pega com uma outra prova, mas é a primeira. Até o dia dos 400 m medlley vai ser uma pedreira, porque tem o 100 m borboleta. Então, o que eu digo de pensar prova a prova, se eu chegar nesse dia nos 400 m medley pensando nos 100 m borboleta, as coisas não vão andar da maneira que a gente gostaria. Vou para os 400 m medley e depois para os 100 m borbo. É pensar passo a passo”.
Sobre o fato de ser porta-bandeira, Thiago Pereira deu risada ao ser questionado se essa seria sua nona prova em Toronto. De acordo com o atleta, veio a cabeça o primeiro Pan que disputou em Santo Domingo 2003, quando recebeu a ligação do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman.
"Ainda nem sei como vai ser. Vão me explicar mais tarde como vai ser. Não sei se eu levaria como uma prova, mas levaria como um reconhecimento. Estou muito feliz, não tem maior honra para um atleta do que carregar a bandeira de seu país em uma competição de tremenda importância que é o Pan. Fiquei muito emocionado na hora que eu recebi o convite. Foi uma baita emoção. E a gente começa a ver flash do passado, como a carreira começou. Tive a oportunidade de nadar um Pan no Brasil, estou tendo oportunidade de nadar uma Olimpíada em casa, agora carregar a bandeira em Jogos Pan-Americanos. Estou muito feliz com tudo o que aconteceu na minha carreira. Tem muita coisa para acontecer ainda, mas é uma felicidade imensa. Motivo de orgulho para mim”