Ginasta nega ser "amarelão" e sai desolado: meu mundo acabou
Carlos Ramirez Pala fica em último e desabafa contra críticas por desempenho abaixo do esperado
Sem a badalação da ginástica artística para os brasileiros, a ginástica de trampolim esperava dar um salto em termos de divulgação nesta edição dos Jogos Pan-Americanos. Porém, com apenas um quinto lugar com Camilla Gomes, no feminino, e último na final com Carlos Ramirez Pala, no masculino, o objetivo passou longe de ser cumprido. Saindo fora da cama elástica que impulsiona os atletas em sua apresentação, o brasileiro disparou após a prova por conta da falta de apoio que tem seu esporte.
"Uma das coisas que eu pensava antigamente: queria investir em alguma coisa. Vou investir em que, cara? Por que não investir em mim? Corri atrás, mas arranjar patrocínio é difícil, ninguém quer investir em uma modalidade que não conhece ainda. Tive que fazer site, página, tem que estar alimentando, o pessoal pede vídeo. Tudo isso para divulgar mais o esporte. É o que estou tentando fazer agora. É claro que uma boa participação aqui ajudaria em uma divulgação maior, mas infelizmente, como nosso esporte é ainda amador, sem muito investimento, prejudica nosso trabalho em relação às competições", disse.
"(É uma frustração) Enorme! Meu mundo acabou aqui. Você vem treinando, abrindo mão de muitas coisas. Tem lesão, pé todo ferrado, a coluna... Para você chegar na hora e ir tudo por água abaixo. Isso é frustrante. A falta de investimento e de preparo para isso prejudica muito nossa participação aqui. E é minha cara que está aqui. É fácil falar. Foi minha primeira competição, ninguém sabe o que aconteceu lá atrás. Joga o atleta lá e mata. Mas faz parte do esporte", completou Ramirez.
O brasileiro lembrou que teve apenas duas semanas de preparação no equipamente que competiu em Toronto 2015. Algo semelhante aconteceu com ele em 2011, em Guadalajara, quando viveu uma situação ainda mais traumática. Ele caiu do trampolim a uma altura de 4,5m e teve que ser retirado de maca do local de competição. Por sorte, não se machucou gravemente.
"Não pensei (na queda de Guadalajara). Não passou nada disso na minha cabeça, porque águas passadas não move moinhos. É aquilo que costumo dizer, antigamente não tínhamos o trampolim com tela canadense, é uma mistura. E eu não estava treinando nele. Chegou aqui com uma semana para se adaptar ao aparelho e aconteceu aquela fatalidade. Dessa eu me preparei um pouco mais, só que ainda não me achei nesse trampolim ainda. Tentei saltar um pouco mais baixo, para não passar dos movimentos, mas infelizmente foi entortando, um erro foi puxando o outro e eu não consegui trazer para o meio. Eu vou fazer o quê? Vou falar o quê? (rindo). Ainda não me dei bem em nenhum deles (Pan-Americanos), devido a esse aparelho".
Já escolado pelo que aconteceu em Guadalajara, Ramirez Pala está esperando por críticas pelo seu desempenho ruim na final. Mas rebate com força quem reclama dele sem saber tudo que passou neste ano. "Muita gente em casa está falando assim: 'pô, o cara chegou lá e amarelou, não saltou com qualidade...'. Gente, essa é a primeira competição internacional do ano para mim. Ainda não tivemos nenhuma competição a nível internacional ainda. Todas que tínhamos para fazer foram cortadas, não tem verba. Isso prejudica o trabalho, o treinamento e é claro que influenciou hoje. Isso contribui, alto rendimento é isso, pequenos detalhes fazem a diferença. Agora é bola para frente, voltar para o Brasil para trabalhar mais e tentar ir bem no Mundial agora".
Ranking Geral | País | Ouro | Prata | Bronze | TOTAL |
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1 | Estados Unidos | 59 | 53 | 48 | 160 |
2 | Canadá | 54 | 48 | 40 | 142 |
3 | Brasil | 30 | 28 | 41 | 99 |
4 | Colômbia | 24 | 8 | 22 | 54 |
5 | Cuba | 23 | 18 | 26 | 67 |
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