Disney do esporte? Veja como é por dentro a Vila dos Atletas
Área de moradia dos atletas conta com espaços suficientes para atletas descansarem e treinarem, mas tem, também, tentações
Se o seu sonho era ser um esportista e você desistiu dele por alguma razão, perdeu uma grande chance de curtir um ambiente incrível em uma Vila Pan-Americana. A equipe do Terra entrou na moradia para os Jogos de Toronto 2015 em visita guiada pela organização na tarde desta quarta-feira e pode afirmar: sim, há o suficiente para os atletas se prepararem para disputa. Mas há muitas “tentações” e entretenimento para os atletas aproveitarem o máximo da estadia.
Em entrevista recente ao Terra, Marcus Vinicius Freire, superintendente executivo do Comitê Olímpico do Brasil (COB), afirmou que trouxe alguns atletas para Toronto justamente para curtirem o ambiente da Vila e não acharem que ela é simplesmente uma “Disney do esporte”. Assim, chegariam no Rio 2016 já com a bagagem de ter vivenciado um ambiente multicultural esportivo e não se distrairiam com os prazeres do local. Realmente são muitos os prazeres, mas quem vai apenas para competir não tem problemas.
Logo na entrada do complexo que engloba uma área de 80 acres, já havia atletas se divertindo. Um grupo de colombianos animadamente faziam batuques. Rapidamente, o montante de atletas no local cresceu e esportistas de nacionalidades diferente dançavam ao som da música latina, em uma animada multiculturalidade. Pouco depois, as mesmas atletas passaram pelos jornalistas em direção aos dormitórios dançando pela rua e tocando música alta. Uma experiência de Vila mais intensa que essa, impossível.
A própria organização sabe que os atletas não estão no local apenas para treinar e ficarem concentrados 24 horas por dia nas disputas. É preciso, sim, relaxar para obterem o melhor desempenho. Na zona central da Vila, próximo à área residencial, há uma espécie de lounge, de tamanho diminuto. Durante o dia, quando os jornalistas entraram no local, é um espaço mais para relaxar: há cabana, ar-condicionado, sofás, puffs, drinks de graça, jogos de tabuleiro nas mesas...
À noite, no entanto, o ambiente fica mais intimista: no teto, há várias lâmpadas pequenas daquele estilo francês. Há ainda um palco, onde bandas podem fazer performances e animar os atletas. Enquanto a reportagem estava no local, por exemplo, três atletas da República Dominicana tocavam instrumentos diferentes, como piano, bateria e batuques de tambor.
Logo ao lado, há outro espaço para diversão: um enorme salão de jogos. Um atleta quer se divertir e relaxar da intensa atividade que teve no dia? Pode jogar videogame, sinuca e afins. A Vila de Toronto ainda é recheada de praças com fontes e áreas arborizadas. Em um local um pouco mais afastado da vila, há um ponto criado para se observar o horizonte da cidade e tirar fotos em uma fonte – ainda é um bom ponto para os esportistas terem um encontro, caso estejam em busca de um amor na Vila.
Toronto está pronta para dar o que o atleta precisa. Inclusive, todos eles ostentam o amor pelo seu país: circulam para cima e para baixo com roupas oficiais de cada nação. Nas janelas, há bandeira de quase todos os países – o Brasil, com um prédio só para si, é um dos poucos que não tem nada nas vidraças, apenas artefatos no solo. No local, o Terra flagrou a primeira visita de Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB, por Toronto.
Vontade de churrasco? Também é possível desfrutar de um ambiente do tipo, para os atletas que quiserem relaxar com um almoço mais casual. Mas o principal restaurante é bem tentador: pense em um Eataly, mas com comidas de diferentes tipos na América. A área suporta 2200 pessoas ao mesmo tempo. Quer alguns números que serão servidos na competição? Olhe:
- 90 mil bananas
- 50 mil bifes
- 10 mil litros de suco de laranja
- 150 mil ovos
- 25 mil hambúrgueres (ou 5x o tamanho da CN Tower, de 560 m, se colocados um no topo do outro)
A área residencial conta com prédios de caráter modernos, com fachada espelhada. São 1250 apartamentos, com 2685 quartos. todos com wifi para receberem mais de 10 mil pessoas entre Pan e Parapan. Toronto fez um limite que no máximo quatro atletas dividem o mesmo banheiro. Após os Jogos, haverá um legado do espaço: uma área será destinada para residência estudantil da faculdade mais próxima, outra será vendida por preços menores que envolvem um programa de ajuda do Governo e os prédios mais “chiques” serão entregues ao mercado imobiliário para venda.
O complexo conta inclusive com a academia YMCA, que é uma espécie de academia pública canadense. A estrutura no local é incrível para o atleta poder se preparar para os Jogos. No momento da visita dos jornalistas, a ginasta Jade Barbosa deixava o local após um treinamento específico. Há ainda uma policlínica, centro de consero de cadeiras de rodas para o Parapan e um centro fitness.
A visita da Vila mostrou que os atletas podem, sim, desfrutar o local como um ambiente de competições. Mas as muitas tentações do local também podem tirar o foco do Pan. O atleta quer treinar? Pode. O esportista quer se divertir no local? Também pode. Sorte de quem tem a oportunidade passar o mês por lá – apenas atletismo e tênis do Brasil não ficarão na Vila em nenhum momento (eles dormirão em York, conheça mais sobre o local aqui).