Ao L!, Diretor do Joinville explica planejamento e defende modelo clube-empresa no futebol brasileiro
Advogado afirma que o caminho é a profissionalização da gestão esportiva, e diz que o atual modelo associativo não é mais atrativo para grupos e fundos de investimento
O Joinville conviveu com momentos intensos e bem opostos nas últimas dez temporadas. Em 2015, o clube catarinense disputou a Série A do Brasileirão, com uma ascensão impressionante, da quarta à primeira divisão. Contudo, o time não conseguiu permanecer na elite do futebol brasileiro e acumulou rebaixamentos consecutivos, retornando à Série D. Em entrevista ao LANCE!, o diretor do clube Leonardo Roesler analisou o momento do clube e defendeu a profissionalização do futebol.
- Não existe outro caminho a ser seguido senão a profissionalização nesse momento. Temos vivenciado um momento muito difícil no clube por conta do passado, o futebol é o coração pulsante do clube é aonde precisamos gastar todas as nossas energias, para isso desenvolvemos um projeto esportivo com objetivos muito claros em relação aquilo que podemos conquistar - disse, e emendou.
- Ele é o norte do nosso planejamento e de todas as ações que estamos tomando em todos os níveis organizacionais no departamento de futebol. Foi um estudo realizado a nível nacional e internacional com previsões de movimentação de mercado, investimentos processos até mesmo adentrando na parte técnica de modelo de jogo, definição de profissionais e atletas a serem contratados de acordo com as competições alvo. Esse entendemos é o caminho a ser trilhado para que o Joinville possa retornar ao protagonismo do futebol brasileiro - completou.
Ao ser questionado sobre ao estabelecimento da lei clube-empresa, o profissional acredita ser a solução, visto que o modelo associativo não tem sido mais atrativo para a busca de novos investimentos e patrocínios. Um dos exemplos é o Red Bull Bragantino, elogiado por Leonardo, que está no G4 do Brasileirão e faz ótima campanha na Copa Sul-Americana com pouco tempo de parceria.
- Esse é um assunto que deveria estar em debate permanente, vejo como o futuro dos clubes, uma transformação que já está acontecendo no cenário global em que os clubes brasileiros precisam estar inseridos. O atual movimento dos grandes grupos econômicos é da compra de clubes em vários países como o grupo City - ressaltou e em seguida completou.
- Quem não tiver a mínima estrutura seja ela física ou financeira irá ficar para trás. Temos um exemplo consolidado do Brasil através do Red Bull Bragantino. Essa com certeza é a solução através da profissionalização e da busca de investidores, ocorre que o modelo associativo não é atrativo para estes grupos e fundos de investimento, com a alteração legislativa o sentimento de mudança e principalmente a necessidade deve fazer com que aos poucos os clubes tratem essa alteração como prioridade - disse.
O Joinville segue na segunda colocação do Grupo 8 da Série D do Brasileirão com dezesseis pontos em oito jogos. Invicto, o time almeja encostar no líder FC Cascavel e garantir a vaga na próxima fase. O time volta a campo diante do Caxias, no Estádio Centenário, domingo, às 15h. O diretor analisou o trabalho e elogiou o futebol catarinense.
- Vivemos um bom momento, um início muito satisfatório em uma competição muito difícil e complexa e isso se deve ao trabalho da comissão técnica e do grupo de atletas que temos hoje, porém sempre estamos atentos ao mercado, precisamos ser ativos e buscar aumentar a performance da equipe a todo momento, precisamos reforçar e vamos atrás de um centroavante, um segundo atacante e um lateral esquerdo para composição do grupo - comentou, e acrescentou.
- O Campeonato Catarinense sem dúvida nenhuma é a segunda competição mais forte dentre os estaduais, fica atrás do campeonato paulista, todo ano aqui temos alguma equipe considerada menor despontando entre os favoritos. Porém no cenário nacional ainda não conseguimos reativar o sucesso que se teve em 2015 Na minha opinião esse enfraquecimento veio junto com a perda de força política da federação catarinense de futebol, ela precisa olhar mais para os clubes entender o cenário e fornecer estrutura que gere competitividade frente as equipes de outros estados, vemos isso nas federações paulista e gaúcha por exemplo. É necessário unir os clubes em prol do desenvolvimento de todos - frisou.
Por fim, Leonardo disse ser a favor da volta do público aos estádios respeitando todos os protocolos e citou os prejuízos nos clubes durante a pandemia. Ele afirmou que o futebol é um esporte seguro, que todos são semanalmente submetidos a testes. Com isso, o diretor reforçou que tem vontade de ajudar na transformação do futebol brasileiro.
- Sou a favor, obviamente, respeitado todos os protocolos, hoje temos exemplos de grandes competições como a Euro e a Euro U21, que demonstraram ser possíveis a realização de eventos com público. Ademais o prejuízo aos clubes é incalculável, uma perda direta no programa de sócios torcedor que reflete diretamente no planejamento financeiro e consequentemente faz reduzir os investimentos - opinou, e completou.
- Eu me preparei para a posição que hoje ocupo, fiz vários cursos aqui e no exterior tanto na parte de gestão quanto na parte técnica, não queria assumir algo sem ter o mínimo conhecimento, pois defendo demais a profissionalização no futebol. Tenho o desejo sim de auxiliar na transformação do futebol no Brasil, vejo potencial, sem dúvida é um longo caminho, porém com muito respeito a todos e principalmente ao jogo iremos conseguir aos poucos melhorar - finalizou.