Empresário confirma compra de votos para Rio sediar Olimpíada
'Rei Arthur' admite que usou a empresa offshore para transferir US$ 2 milhões para a conta do senegalês Papa Diack, dias antes da votação
O empresário Arthur Cesar de Menezes Soares Filho, conhecido como "Rei Arthur", confirmou em acordo de colaboração premiada ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) que houve compra de votos para a eleição do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos em 2016. A informação é do jornal O Globo.
Preso na última sexta-feira em Miami (EUA), ao tentar renovar seu passaporte e solto no mesmo dia, após apresentar todos os documentos necessários, o empresário prestou o depoimento como forma de evitar a deportação para o Brasil. Ele estava foragido desde 2017 e constava na lista de procurados da Interpol. O Ministério Público do Brasil quer sua extradição desde 2017.
Um dos principais prestadores de serviços terceirizados na gestão do ex-governador Sérgio Cabral, Arthur admitiu que usou a empresa offshore Matlock Capital Group para transferir US$ 2 milhões para a conta do senegalês Papa Diack, filho de Lamine Diack, então presidente da Associação Internacional das Federações de Atletismo (Iaaf), de uma conta nos Estados Unidos. Em julho deste ano, o ex-governador Sérgio Cabral já havia confirmado o esquema.
O depósito teria sido feito no dia 29 de setembro de 2009, em Dakar, no Senegal, três dias antes da escolha da capital fluminense como sede dos Jogos.
O ex-governador disse em seu depoimento que pediu a Arthur que combinasse o pagamento com Leonardo Gryner, braço-direito do então presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman. Segundo Cabral, a verba seria descontada do "crédito" que tinha com o empresário, ou seja, de parte das propinas que o ex-governador receberia do "Rei Arthur".
Segundo o MP-RJ, Arthur pagou US$ 10,4 milhões em propina para Cabral por meio do doleiro Renato Chebar, na conta do EVG Bank, entre março de 2012 e novembro de 2013.
Os contratos de Arthur, dono do grupo Facility, com o governo fluminense chegaram a R$ 3 bilhões na gestão de Cabral. A empresa participava de licitações fraudadas e depois repassava valores dos contratos a autoridades do Legislativo e do Executivo fluminense.