'Estão loucos por isso', diz Juninho, sobre o desejo mexicano pela Libertadores
O Tigres é um convidado indigesto para os sul-americanos na edição 2015 da Copa Libertadores. O time dos brasileiros Rafael Sóbis e Juninho carimbou vaga na final após bater o Internacional e tornou-se o terceiro clube mexicano a chegar em uma decisão de Libertadores. E eles querem mais. A caminhada pelo título começa nesta quarta-feira, na primeira partida da final, às 22h, contra o River Plate (ARG), no lotado Estádio Universitávio, conhecido como 'El Volcán', em Nuevo León (MEX).
– É o título mais importante não só do Tigres, mas do futebol mexicano. Três times chegaram à final, nenhum conseguiu ganhar. Vamos ter a possbilidade agora. Saio na rua e os torcedores pedem a Libertadores. Eu olho na internet e os caras estão loucos por essa taça. A gente está representando todo futebol mexicano na final. É um campeonato difícil de disputar pelas distâncias, vão valorizar essa Copa – afirma o zagueiro e capitão Juninho, ao LANCE!.
O elenco do Tigres fechou-se no objetivo de conquistar a Libertadores principalmente pela importância que os sul-americanos dão à competição. No elenco, além dos brasileiros, há os argentinos Nahuel Guzmán e Guido Pizarro, o uruguaio Arévalo Ríos e o equatoriano Joffre Guerrón.
– Nós falamos muito com os mexicanos, agora eles dão conta do que estamos vivendo, quão grande é a chance de ser campeão. Os mexicanos tinham muita vontade, desde que cheguei, de se medirem contra uma equipe brasileira, vontade de se medir contra os melhores da América do Sul – diz o zagueiro, que atua no clube desde 2010.
Se o Tigres se conscientizou do que é o torneio na base da conversa, o mesmo não aconteceu em 2001, quando o Cruz Azul se tornou o primeiro mexicano a disputar uma final da Libertadores. Os mexicanos foram jogar a semifinal da competição contra o Rosário Central e tiveram uma recepção nada amistosa.
– Derrubaram uma árvore na estrada e apedrejaram o nosso ônibus inteiro. O corredor até o vestiário tinha 50 metros. A polícia fez um paredão, porque jogavam pedra, ovo. Foi uma pressão danada. Os mexicanos ficaram impressionados e começaram a entender a dimensão daquilo – lembra o brasileiro Julio César Pinheiro, o meia-esquerda do Cruz Azul naquele ano, ao LANCE!.
Apesar de ter sido vilão em 2001, por ter perdido o pênalti decisivo na final contra o Boca Juniors, Pinheiro lembra com carinho a atmosfera que envolveu o México em torno da decisão.
– O país parou. Na final, ninguém trabalhou durante o dia esperando o jogo. Foram 100 mil pessoas no Azteca. Na volta, milhares de pessoas lotaram o aeroporto. Até voltamos em um carro de bombeiro. Espero que os brasileiros do Tigres escrevam outra história - finalizou.
BATE-BOLA - Juninho, zagueiro e capitão do Tigres
Se o Tigres ganhar o torneio, não vai pro Mundial, já que é convidado. Isso desestimula a equipe?
Isso vem de muito tempo, são as regras que tiram a gente. Como somos convidados. Pra mim, pessoalmente, é frustante não poder jogar o Mundial. Gostaria muito de jogar um Mundial. Já que está convidando seria o ideal, ser formos campeões, ganharmos a vaga no Mundial. O regulamento deveria ser igual pra todos. O importante, agora, é ganhar a Libertadores.
Vocês temem ser prejudicados dentro de campo para não deixarem um mexicano ser campeão?
Isso é uma coisa que temos conversado muito, não que vá passar algo, não podemos dar chance para que algo aconteça, temos que fazer dentro de campo. Não acredito que vá acontecer. Não podemos dar chance, que nem árbitro nem ninguém nos tire esse título. Acredito que não sejam maldosos desse jeito.
Como você analisa o River Plate?
É uma equipe muito competitiva. Principalmente fora de casa, a equipe é muito intensa. Será um jogo dificil, complicado. Temos grandes possibilidades de ganhar aqui e selar lá. A gente tem trabalhado normalmente em função do que é o River. Empatamos na fase de grupos com eles, é uma equipe que a gente conhece bem, cresceu muito na final. Estamos tranquilos, acostumados com esse tipo de decisão.
É diferente jogar contra um time argentino na final?
Por a gente ser brasileiro, dá um gostinho a mais por ser uma equipe grande da Argentina, mais uma possibilidade de nos medir contra uma equipe forte. Ser campeão da Libertadores é outra história, não acontece toda hora, vai ser o mais importante da minha carreira.
Você, por ser o capitão, já se imaginou levantando a taça?
É o sonho de qualquer um, muito especial tudo, alegria aqui de eliminar o Inter, uma grande equipe. Eu me imagino levantando a taça, tenho sonhado com isso, não só pra mim, como todos os companheiros. 32 anos de idade, seria muito importante esse título, seria espetacular. Nada que é fácil vale a pena, vamos lutar muito por isso.