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Boxe

Símbolo de liberdade, ex-boxeador "Hurricane" Carter morre aos 76 anos

20 abr 2014 - 16h53
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O ex-boxeador Rubin "Hurricane" Carter, que passou quase 20 em uma prisão nos Estados Unidos por três assassinatos que não cometeu e cuja história inspirou uma famosa canção de Bob Dylan, morreu neste domingo em Toronto aos 76 anos.

Hurricane Carter, como era conhecido, morreu na cidade canadense após uma longa luta contra um câncer de próstata, informaram os meios de comunicação locais.

Carter, que tinha nascido em 1937 na cidade americana de Clifton, começou a praticar boxe após se alistar no Exército americano. Mas após sua dispensa, passou quatro anos na prisão por roubo.

Após sair da prisão, em 1961, retornou ao boxe para se transformar em profissional de peso médio. Então, parecia ter um promissor futuro após acumular mais de uma dúzia de vitórias, em sua maioria antes por nocaute, o que lhe rendeu o apelido de "Hurricane".

Mas em 1966, Carter foi detido junto com um amigo e acusado do assassinato de três pessoas em Nova Jersey.

Após um rápido julgamento, Carter foi condenado à prisão perpétua por um júri composto exclusivamente por brancos. Tanto Carter como seu amigo, John Artis, negaram o tempo todo seu envolvimento nos assassinatos, passaram sem problemas por um detector de mentiras e as testemunhas não os reconheceram como os autores.

Em 1974, Carter publicou a autobiografia "The Sixteenth Round", que atraiu a atenção de famosos como o cantor Bob Dylan e o ex-boxeador Muhammad Ali.

Dylan se reuniu com Carter na prisão e, após ficar convencido de que o ex-boxeador era inocente, organizou vários concertos benéficos para expor seu caso e em 1975 escreveu a canção "Hurricane" que se transformou em um dos maiores sucessos de seu tempo.

Após um segundo julgamento em 1976, Carter e Artis foram condenados de novo apesar da principal testemunha de acusação ser um conhecido delinquente que em duas ocasiões tinha mudado sua história.

Mas em 1979 uma adolescente negra que vivia no Canadá convenceu um grupo de canadenses, entre eles os advogados Leon Friedman e Myron Beldock, de iniciar uma campanha para conseguir sua libertação.

Seus esforços deram resultado. Em 1985, um juiz federal opinou que a Promotoria tinha atuado de má fé durante os dois julgamentos anteriores. Após deixar a prisão, Carter se mudou para Toronto para viver com a comuna de canadenses que tinham feito o possível por sua libertação.

Em 1999, o diretor canadense Norman Jewison dirigiu o longa-metragem "The Hurricane", protagonizado por Denzel Washington, sobre a história de Carter.

Posteriormente, Carter se transformou em um ativista a favor da libertação de presos que, como ele, tinham sido condenados por crimes que não tinham cometido.

Durante anos, o ex-boxeador foi diretor-executivo da Associação em Defesa dos Injustamente Condenados em Toronto e finalmente criou sua própria organização, Inocência Internacional.

Em 2011, ao mesmo tempo em que recebeu o diagnóstico de câncer terminal, Carter escreveu outra autobiografia: "Eye of the Hurricane: My Path from Darkness to Freedom".

EFE   
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